A mais bela: E o nome da Virgem era Maria

“És a mais bela das criaturas”. 1
Podemos começar por evocar o mistério da Virgem Maria, a partir de um texto poético sobre o “eterno feminino”, no qual o autor atribui a Nossa Senhora o papel expressamente feminino de “atrair” pela beleza:
“Deus, eu O atraí a mim, muito antes de vós… Muito antes de o homem ter medido a extensão do meu poder, e, adivinhado o sentido do meu atrativo, o Senhor já me concebera completa na sua Sabedoria, e eu tinha conquistado o seu coração.
Pensais que, sem a minha pureza para O “seduzir”, teria jamais descido, incarnado, no meio da criação?
Só o amor é capaz de mover o ser…
Portanto, Deus, para poder sair de si, devia previamente estender diante dos seus passos um caminho de desejo, espalhar à sua frente um perfume de beleza.
Foi então que me fez surgir, vapor luminoso, por sobre o abismo – entre a Terra e Ele – para vir em mim habitar entre vós.
Compreenderás agora o segredo da vossa emoção quando me aproximo? (…)
Sou a Virgem Maria, mãe de todos os homens”. 2


A mais bela mãe

Para compreender o mistério da Anunciação, talvez devêssemos começar por aqui: a beleza “sedutora” de Maria.
E o anjo Gabriel disse a Maria: “Hás de conceber no teu seio e dar à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus”.
– “Como será isso?”
– “A Deus nada é impossível”.
– “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. (Lc 1, 31-38)
A Anunciação é um diálogo para vivermos durante toda a vida. Em todas as formas de Anunciação há uma novidade, uma luz, um convite: acolher, entregar-se, caminhar
Acolher: A palavra de Deus, o mistério da sua vontade. Crer significa dizer “Amen” a Deus, fundamentar em Deus a nossa existência. Aconteça o que acontecer. E podem acontecer tantas coisas… e Maria disse “sim”, “faça-se”, “eis a escrava do Senhor”. E o milagre aconteceu. E a Virgem foi mãe…
Entregar-se: À “alteridade” de Deus, numa atitude de pobreza interior, de esvaziamento radical, de obediência sem limites. É necessário aceitar a “falência total” dos nossos projetos pessoais, que na maior parte das vezes não passam de “fantasias” ao serviço do nosso narcisismo.
Caminhar: Até onde nos levar a fé…

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Junto à Cruz de Jesus estava sua mãe

O “sim” à vontade de Deus que a tornou mãe tem Ela de o levar até ao fim.
Nos momentos de sofrimento, quando a vida acontece na “obscuridade” da fé, é necessário regressar ao “sim primeiro”, ao tempo original em que as coisas aconteceram pela primeira vez.
– “Sim”, “faça-se”, “eis a escrava do Senhor”.
Dizer “sim” a Deus significa apostar tudo, e de uma só vez, face ao futuro, aconteça o que acontecer. O “sim” a Deus é total, incondicional. A Deus não se diz “sim” aos bocadinhos…
Junto à Cruz de Jesus, Maria compreende até onde a levou o mistério da Anunciação. É a hora do autodespojamento total. É a hora do “êxodo” total para Deus…
Junto à Cruz de Jesus estava sua mãe.
A “Mãe Coragem”…


A Virgem de Fátima

Foi há 100 anos: 1917, 13 de maio.
É este ano: 2017, 13 de maio, com o Papa Francisco, em Fátima, na Cova da Iria.
Portugal, peregrino,
reza,
canta,
agradece:
Obrigado, Maria!

1 Hino de Laudes do Ofício do Comum de Nossa Senhora
2 Teilhard de Chardin, O eterno feminino, em “Escritos do tempo da guerra”, Portugália Editora, Lisboa, 1969, p. 248.

Originalmente publicado no Boletim Salesiano n.º 562 de Maio/Junho de 2017

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