Missão de Iauareté: Amazónia profunda

A missão salesiana de Iauareté situa-se no município de São Gabriel da Cachoeira, no oeste profundo da Amazónia brasileira, nos limites com a Colômbia. É uma das missões mais distantes e difíceis de alcançar: para lá chegar são necessários três dias, um dos quais num barco a motor, subindo o Rio Negro, a seguir, continuando rumo à Colômbia, navega-se pelo Rio Uaupés.

É fácil de imaginar: Iauareté está longe de tudo. Longe de grandes centros habitados, de instituições e, infelizmente, longe também de muitos serviços essenciais, como hospitais e centros de saúde.

A missão é formada por um distrito missionário central, que compreende a Paróquia de São Miguel Arcanjo e mais onze capelas. Mas o trabalho dos Missionários Salesianos estende-se por uma área tão extensa como as regiões de Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e mais de metade do Algarve (42.108 km2), atravessada por dois rios principais, o Uaupés e o Papuri, ao longo dos quais há mais outras 40 comunidades indígenas, de 16 etnias diferentes.

Além do trabalho catequético e de evangelização, o âmbito em que os Salesianos mais se empenham é o trabalho com crianças, adolescentes e jovens. São de uma simplicidade extrema; e aceitam com um sorriso e um “anyu” (obrigado, na língua tucano) qualquer proposta que se lhes faça: um jogo, uma caminhada, um mergulho no rio, uma oração. Sobretudo com um sorriso, embora em suas casas de madeira, cobertas com zinco ou com palha, não tenham mais que as redes para dormir, uma fogueira para a panela, um armário onde guardam com cuidado a pouca roupa de que dispõem e… é só!

O futuro para eles é muito incerto: não há indústria, nem universidades nem empregos. A escola vai até aos 17 anos. Depois quem quer continuar a estudar tem de ir para São Gabriel ou Manaus, a capital do estado do Amazonas, respetivamente a 240 km e 1100 km de distância em linha reta.

Leia também  Pe. Arturo Lorini: Uma vida dedicada aos mais pequenos e pobres do mundo

Um grave problema nestas comunidades é o alcoolismo. Há uma lei que proíbe a entrada de qualquer tipo de álcool na área indígena. Infelizmente não é respeitada. Muito álcool entra clandestinamente ou é comprado na vizinha Colômbia. O alcoolismo carrega consigo muitíssimas tragédias familiares.

A todos os menores necessitados os Salesianos proporcionam um local para se divertirem, estudar,  atividades de grupo, aulas de guitarra, estudo do inglês, dactilografia, desportos… Sobretudo proporcionam a certeza de que a sua vida merece ser vivida.

Iauareté na Amazónia é um paraíso terrestre pela sua natureza, matas, rios, frutos, flores, animais, magnífica gente. Um paraíso que os Salesianos continuam a defender, especialmente dando esperança e futuro aos pequenos de etnia Tucano, Hupdes, Dessana, Tariana, Piratapuia, Kubeo e de muitas outras mais.

Em 1914, a Santa Sé confiou aos Salesianos a Prefeitura Apostólica do Rio Negro e os primeiros Salesianos chegaram à região no ano seguinte, estabelecendo a sede para a nova missão em São Gabriel da Cachoeira. Em seguida, espalharam-se por toda a região, abrindo escolas, oratórios, centros para a juventude, obras para os jovens em situação de risco, centros profissionais, paróquias e, mais recentemente, também a Faculdade Universitária Salesiana, sem que fosse deixada de lado a presença missionária entre os indígenas. Atualmente, os Salesianos da região trabalham nas arquidioceses de Manaus, Belém e Porto Velho e nas dioceses de São Gabriel da Cachoeira, Humaitá e Ji-Paraná. O trabalho com os indígenas é realizado nas missões de São Gabriel da Cachoeira e de Santa Isabel do Rio Negro, além de outras seis comunidades indígenas, onde têm escolas, oratórios e obras sociais dedicadas às crianças e jovens.


Publicado no Boletim Salesiano n.º 561 de Março/Abril de 2017

Texto adaptado de ANS e Boletim Salesiano do Brasil

Artigos Relacionados