Editorial do Boletim Salesiano n.º 580 de Maio/Junho de 2020.
No final do Capítulo Geral 28, o Reitor-Mor ofereceu a cada salesiano do mundo uma versão mais pequena da cruz que recebemos na profissão perpétua, num formato mais cómodo de trazer ao peito, tendo na frente a imagem do Bom Pastor e no verso a frase autógrafa de D. Bosco “Faz-te amar!”. É um sinal da paixão apostólica que brota do coração do salesiano que “conhece e é amigo do Pastor”, como nos conta esta história:
Conta-se que numa noite, num grande castelo inglês, foi oferecido um importantíssimo jantar de gala. Esse jantar tinha convidados muito ilustres e, entre eles, um ator muito famoso que, no final do serão, ofereceu aos comensais a recitação de textos da poesia inglesa.
Quando concluiu a atuação programada deixou a possibilidade de os comensais lhe sugerirem algum outro texto. Do fundo do salão, levantou-se timidamente um sacerdote idoso e perguntou:
– Desculpe! Conhece o salmo 23 e poderia recitá-lo para nós?
O ator com todo o carinho respondeu àquele sacerdote:
– Com muito gosto, Padre. Aprendi o salmo, como todos nós, quando era criança, na catequese, e vou recitá-lo, porém com uma condição: que, quando eu acabar, seja capaz também de o recitar.
O sacerdote aceitou o desafio. Então o ator, de pé, no centro da sala e, com uma voz e uma entoação perfeita, começou a declamar: “O SENHOR É MEU PASTOR, NADA ME FALTA. EM VERDES PRADOS ME FAZ DESCANSAR, ELE ME CONDUZ…”.
Quando acabou de recitar o salmo, um aplauso estrondoso estremeceu a sala.
– Agora é a sua vez, Padre! – Disse o ator.
O sacerdote levantou-se, tímido. Guardando uns instantes de silêncio e recolhimento interior, fechou os olhos e, com palavras saídas do fundo do seu coração, começou a dizer: “O Senhor é meu Pastor, nada me falta. Ele me conduz, Ele me guia, nada temo. Mesmo que caminhe por caminhos escuros, Ele me leva pela mão. Eu sei, Senhor, que Tu estás comigo! Que nunca me abandonas. O Senhor é o meu Pastor, nada me falta!”
Ao contrário do que sucedeu no final da atuação do ator, agora um grande silêncio se apoderou daquela sala e no rosto dos comensais começaram a aparecer as lágrimas. Depois de um silêncio, o ator levantou-se e disse a todos: – Deram-se conta do que acaba de acontecer? Eu conhecia o salmo, mas este sacerdote conhece e é amigo do Pastor!
