«Para que a minha alegria esteja em vós» (Jo 15,11).
A SANTIDADE É TAMBÉM PARA TI.
Queridos irmãos e irmãs, querida Família Salesiana,
continuando a nossa tradição centenária, no início deste novo ano de 2019, dirijo-me a vós, em todas as partes do nosso “mundo salesiano”, que formamos como Família Salesiana em mais de 140 países. E faço-o comentando um tema que nos é muito familiar, e que no próprio título retoma literalmente a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate1 do Papa Francisco sobre o chamamento à santidade no mundo contemporâneo.
Ao escolher o tema e o seu título, entendo traduzir, na nossa linguagem e à luz da nossa sensibilidade carismática, o forte apelo à santidade dirigido pelo Papa Francisco a toda a Igreja.2 Desejo, por isso, fazer alguns sublinhados que são tipicamente “nossos” no quadro da espiritualidade salesiana, compartilhada pelos 31 grupos da nossa Família Salesiana como herança carismática recebida do Espírito Santo através do nosso amado Pai Dom Bosco que, sem dúvida, nos ajudará a viver com a mesma alegria profunda que nos vem do Senhor: «Para que a minha alegria esteja em vós» (15,11).
A quem são dirigidas estas palavras?
Posso assegurar-vos que estas palavras são dirigidas a todos.
A vós, queridos irmãos salesianos SDB.
A vós, irmãs e irmãos das diversas Congregações e Institutos de vida consagrada e laical da nossa Família Salesiana.
A vós, irmãos e irmãs das associações e dos diversos grupos da Família Salesiana.
Aos pais e mães, aos educadores e educadoras, aos catequistas e animadores de todas as nossas presenças no mundo.
E a todos os adolescentes e jovens do nosso grande mundo salesiano.
Acolho o convite dirigido pelo Papa à Igreja inteira. A sua Exortação não é um tratado sobre a santidade, mas um apelo lançado ao mundo contemporâneo e à Igreja, de modo especial, a viver a vida como vocação e como chamamento à santidade; uma santidade incarnada no tempo presente, no hoje, na realidade de cada um e no contexto atual.
Faço-me eco deste apelo sempre fascinante à santidade porque o “hoje” da Igreja pede-nos que o façamos. Como eu, todos os últimos Reitores-Mores apresentaram intervenções muito significativas sobre a santidade salesiana e os nossos santos patronos.3
Como nos anos anteriores, acredito que, além da leitura pessoal, estas indicações sejam suficientes e possam servir como “pontos” da proposta educativo-pastoral dos diversos contextos e situações do nosso “mundo salesiano’ onde trabalhamos.
I. TODOS SÃO CHAMADOS POR DEUS À SANTIDADE
Imagino que não poucas pessoas, talvez também entre nós e certamente entre os muitos jovens que ouviram o apelo do Papa, tiveram a sensação de que a palavra “santidade” soasse um pouco estranha, em muitos casos intensamente estranha e desconhecida à linguagem do mundo contemporâneo. Não é impensável que haja bloqueios culturais ou também interpretações que tendem a confundir o caminho da santidade com uma espécie de espiritualismo alienante que foge da realidade. Ou, talvez, no máximo, o termo “santidade” seja entendido como uma palavra aplicada e aplicável àqueles que são venerados nas imagens das nossas igrejas.
Por isso, é digno de admiração e até “corajoso” o empenho do Papa em apresentar a perene atualidade da santidade cristã que, na sua qualidade de apelo vindo do próprio Deus na sua Palavra, seja proposta como meta para o caminho de cada pessoa. Deus mesmo «quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa» (, 1)
O chamamento à santidade é familiar à nossa tradição salesiana (S. Francisco de Sales). O apelo do Papa Francisco chama a atenção, antes de tudo, pela força e determinação com que ele sustenta que a santidade é um chamamento dirigido a todos, não apenas a poucos, enquanto corresponde ao projeto fundamental de Deus sobre nós. É destinado, então, à gente comum, à gente que acompanhamos na vida quotidiana habitual, feita de coisas simples, típicas da gente comum.
Não se trata de uma santidade para poucos heróis ou pessoas extraordinárias, mas de um modo ordinário de viver a existência cristã normal; um modo de viver a vida cristã incarnada no contexto atual com os riscos, os desafios e as oportunidades que Deus nos oferece no caminho da vida.
A Sagrada Escritura convida-nos a ser santos: «Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste» (5,48); e: «Sede santos, porque eu [o Senhor] sou santo» (11,44).
Há, portanto, um convite explícito a vivenciar e testemunhar a perfeição do amor, que não é diferente da santidade. A santidade mesma consiste, de facto, na perfeição do amor; um amor que, antes de tudo, se fez carne em Cristo.
Também S. Paulo na carta aos Efésios, referindo-se ao Pai, escreve: «Ele nos escolheu em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis na sua presença, no amor. Predestinou-nos para sermos adotados como seus filhos por meio de Jesus Cristo, de acordo com o beneplácito da sua vontade, para que seja prestado louvor à glória da sua graça, que gratuitamente derramou sobre nós, no seu Filho bem amado» (1,4-6). Já não servos, portanto, mas amigos (cf. 15,15). Já não estrangeiros nem hóspedes, mas concidadãos dos santos e familiares de Deus (cf. 2,19). Portanto, todos e cada um somos chamados à santidade: ela é a vida plena e realizada, segundo o desígnio de Deus, na plena comunhão com Ele e com os irmãos.
Não se trata, então, de uma perfeição reservada a poucos, mas de um chamamento dirigido a todos.
Algo de infinitamente precioso que, entretanto, não é raro ou estanho, mas faz parte da vocação comum dos crentes. É a bela proposta que Deus oferece a cada homem e a cada mulher.
Não é um itinerário de falsa espiritualidade, que afasta da plenitude da vida, mas é a plenitude de humanidade, aperfeiçoada pela Graça. A “vida em abundância”, como Jesus promete. Não caraterística homologante, banalizante ou para fazer rir; mas resposta ao sopro sempre novo do Espírito, que estabelece comunhão valorizando as diferenças, pois é o Espírito que «está na própria origem da questão existencial e religiosa do homem».4
Não se trata de um conjunto de valores abstratamente subscritos e honrados de maneira formalista, mas da harmonia de todas as virtudes que incarnam os valores na vida.
Não mera capacidade de resistir ao mal para aderir ao bem, mas atitude estável, decidida e alegre de viver bem o bem.
Não uma meta que se alcança num instante, mas um caminho progressivo, segundo a paciência e a benevolência de Deus, que interpela a liberdade e o compromisso pessoal.
Não atitude discriminatória em reação ao que é diferente, mas fundamental experiência do que é verdadeiro, bom, justo e o belo.
Em suma, a santidade é a vida segundo as bem-aventuranças, para ser sal e luz do mundo; caminho de profunda humanização, como é toda a experiência espiritual autêntica. Por isso, ser santo não exige alienar-se de si ou afastar-se dos próprios irmãos, mas viver uma intensa vida corajosa, humanizante, e uma experiência (por vezes cansativa) de comunhão e de relação com os outros.
“Ser santo” é a primeira e mais urgente incumbência do cristão
Santo Agostinho afirma: «A minha vida será verdadeira vida, toda cheia de ti».5 É n’Ele, isto é, em Deus mesmo, que está a razão da possibilidade do caminho de santidade no seguimento de Cristo. O caminho da santidade torna-se possível ao cristão pelo dom de Deus em Cristo: n’Ele – de quem os santos e, em primeiro, a Virgem Maria, são reflexo maravilhoso – revela-se ao mesmo tempo a plenitude do rosto do Pai e o verdadeiro rosto do homem.
Em Jesus Cristo, o rosto de Deus e o rosto do homem resplandecem “juntos”. Em Jesus encontramos o homem da Galileia e o rosto do Pai: « Quem me vê, vê o Pai» (14,9).
Jesus, Verbo feito carne, é a plena e definitiva palavra do Pai. Desde o momento da incarnação, a vontade de Deus encontra-se na pessoa de Cristo. Ele mostra-nos na sua vida, nas suas palavras e nos seus silêncios, nas suas escolhas e nas suas ações, e sobretudo na sua paixão, morte e ressurreição, qual é o projeto de Deus para o homem e a mulher, qual é a sua vontade e a maneira de lhe corresponder.
Este projeto de Deus para cada um de nós hoje é simplesmente a plenitude da vida cristã que se mede segundo a estatura que Cristo alcança em nós, e o grau em que, com a graça do Espírito Santo, modelamos a nossa vida segundo a de Jesus, o Senhor. Não significa, pois, fazer coisas extraordinárias, mas viver unidos ao Senhor, fazendo nossos os seus gestos, pensamentos e comportamentos. De facto, mesmo aproximar-se da Eucaristia significa exprimir e testemunhar que desejamos assumir e fazer nosso o estilo, o modo de vida e a mesma missão de Jesus Cristo.
O Concílio Vaticano II, na Constituição sobre a Igreja, proclamara corajosamente o chamamento universal à santidade, afirmando que ninguém está excluído dele: «Nos vários géneros de vida e nas várias tarefas, é sempre a mesma a santidade que é cultivada por aqueles que são conduzidos pelo Espírito de Deus e, obedientes à voz do Pai, adorando em espírito e verdade a Deus Pai, seguem a Cristo pobre, humilde, e levando a cruz, a fim de merecerem ser participantes da sua glória» (LG, 41).
A “santidade da porta ao lado” e o chamamento universal à santidade
Edith Stein, ainda ateia, escreve que recebeu de dois encontros o incentivo decisivo para a conversão: com a esposa de um amigo morto em guerra, que, ficando viúva, embora na dor dilacerante, atestava a surpreendente luz e força da fé; e, numa igreja (onde Edith estava apenas por interesse artístico) com uma senhora idosa, que entrara com o saco das compras, bem no meio de um dia cheio de compromissos, para viver um momento de intensa confiança e adoração a Jesus Eucaristia.
Dom Bosco teve por mãe e primeira mestra Margarida Occhiena, uma camponesa simples, sem instrução, sem qualquer preparação teológica, mas com a inteligência do coração e a obediência da fé.
Santa Teresa de Lisieux dizia que quando criança não entendia muito o que o sacerdote dizia, mas que lhe bastava olhar o rosto de seu papá Luís para entender tudo.
Nenhum destes leigos – Ana Reinach, amiga de Edith, a senhora desconhecida com o saco das compras, mãe Margarida ou o pai Luís Martin – alguma vez pensou em ser santo, nem percebeu o influxo exercido sobre as pessoas à sua volta, com o seu modo de agir normal.
A presença destas figuras simples e decididas, destes «santos da porta ao lado» – como os define o Papa Francisco (, 7) – recorda que na vida o importante é ser santo, não ser um dia reconhecido como tal. E ajuda a refletir sobre o facto de os santos canonizados alcançarem primeiramente a santidade humilde do povo de Deus: a glória de uns é também a glória dos outros, numa profunda e solidíssima comunhão.
Viver a santidade é, então, fazer a experiência de ser precedido e salvo e aprender a corresponder a este amor fiel. É a responsabilidade de responder a um grande dom.
Neste sentido, talvez um dos contributos mais importantes para a espiritualidade cristã é o do Bispo de Genebra, Francisco de Sales, com o seu esforço de propor a santidade para todos, fazendo passar a “devoção” dos claustros para o mundo. Escreve ele na sua admirável obra Introdução à vida devota: «Na criação, Deus ordenou às plantas que produzissem cada uma os seus frutos, segundo a sua espécie; da mesma forma, Ele quer que os cristãos, plantas vivas da sua Igreja, produzam frutos de devoção, cada um segundo a sua qualidade, o seu estado e a sua vocação. A devoção deve ser praticada de maneiras diferentes pelo nobre, pelo operário, pelo servo, pelo príncipe, pela viúva, pela solteira e pela casada. E isso não basta, mas é necessário que a prática da devoção seja adequada às forças, às ocupações e às obrigações de cada um em particular. […] Em qualquer estado que nos encontremos, pode-se e deve-se aspirar à vida perfeita».6
A história da Igreja é intensamente marcada por muitas mulheres e muitos homens que, com a sua fé, com a sua caridade e com a sua vida, foram como faróis que iluminaram e continuam a iluminar muitas gerações ao longo do tempo, inclusive neste. Eles são o testemunho vivo de como a força do Ressuscitado alcançou na vida deles um nível tal que, como São Paulo, puderam afirmar (muitas vezes sem usar as palavras): «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (2,20). E manifestaram-no, por vezes, com «o oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até à morte» (, 5). Entretanto, também existe a santidade sem nome, daqueles que não chegaram à honra dos altares, cuja vida «talvez não tenha sido sempre perfeita, mas, mesmo no meio de imperfeições e quedas, continuaram a caminhar e agradaram ao Senhor» (, 3). É a santidade da própria mãe, de uma avó ou de outras pessoas próximas; é a santidade do matrimónio, que é um belíssimo itinerário de crescimento no amor; é a santidade dos pais que educam, amadurecem e se entregam generosamente aos filhos, muitas vezes com sacrifícios não previstos. Homens e mulheres, recorda o Papa, que trabalham intensamente para garantir o pão em casa. Enfermos que vivem a própria doença em paz e com espírito de fé, em união com Jesus sofredor; religiosas idosas, com uma vida entregue e gasta, que ainda têm um sorriso e uma esperança… (cf. , 7).
Pode-se afirmar com certeza que em todas as épocas da história da Igreja e em todas as latitudes houve, e há, santos de todas as idades, de todas as condições de vida, com caraterísticas muito diferentes umas das outras.
Expressou-o muito bem o Papa Bento XVI quando deu o seu testemunho pessoal dizendo: «Gostaria de acrescentar que para mim não só alguns grandes santos que amo e que conheço bem são “placas da estrada”, mas precisamente também os santos simples, ou seja, as pessoas boas que vejo na minha vida, que nunca serão canonizadas. São pessoas normais, por assim dizer, sem heroísmo visível, mas vejo a verdade da fé na sua bondade de todos os dias».7
Certamente, encontramos tudo isto no modo como tantas pessoas incarnaram o itinerário cristão na própria vida. Alguns podem parecer “pequenos” e outros “grandes”; todos, porém, percorrem um caminho atraente e fascinante.
O mesmo Papa Bento conclui com uma preciosíssima expressão que, no meu modo de ver, pode resumir magnificamente a mensagem do Lema deste ano, quando diz: «Queridos amigos, como é grande e bela, e também simples, a vocação cristã vista sob esta luz! Todos somos chamados à santidade: é a própria medida da vida cristã».8
Maria de Nazaré: uma luz singular no caminho da santidade
Todos estes itinerários simples e muitas vezes anónimos de santidade têm sempre um modelo para o qual olhar e no qual se espelhar. A santidade cristã tem o seu modelo mais belo e mais próximo em Maria de Nazaré, a Mãe do Senhor, do Filho de Deus.
Maria é a mulher do “Eis-me aqui”, da plena e total disponibilidade para a vontade de Deus. Dizendo: «Faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1,38), Maria declara encontrar a plena e profunda felicidade em tudo o que aquele “fiat” supunha na fé. Não só quando o Filho deixa a sua casa e se afasta d’Ela, para realizar a missão do Pai; mas também no momento extremo em que Maria experimenta a dor pela sua crucifixão e morte. Uma dor atroz vivida como mãe.
Em Maria, Mãe do Senhor, podemos encontrar a riqueza de uma vida que acolheu o plano de Deus em todos os instantes; uma vida que foi um “eis-me aqui” permanente dito a Deus. Como é fascinante, nesta perspetiva, contemplar Maria e meditar no valor da existência humana e no seu significado pleno no horizonte da eternidade!
O acolhimento corajoso do misterioso plano de Deus leva Maria a ser Mãe de todos os crentes, modelo de escuta e de acolhimento da Palavra de Deus para cada um de nós e guia segura para a santidade. Isto porque nos ensina que só Deus torna grande a nossa vida. «Somente se Deus é grande, o homem também é grande. Com Maria devemos começar a entender que é assim. Não devemos distanciar-nos de Deus, mas tornar Deus presente; fazer com que Ele seja grande na nossa vida; assim também nós nos tornamos divinos; todo o esplendor da dignidade divina então é nosso».9
Por esta razão é impensável que o caminho fácil da santidade possa ser percorrido pelo cristão sem olhar para Maria como Mãe. Contemplá-la é aprender a crer, aprender a esperar, aprender a amar. E se rezarmos como Ela e com Ela, experimentaremos com certeza no nosso caminho quotidiano aquela consolação que só pode vir de Deus. E ainda, invocando-a como Mãe do Filho de Deus, abriremos os nossos corações ao dom da sua intercessão como Mãe do Filho e dos seus filhos.10
Com sensibilidade salesiana…
Portanto, poder-se-ia dizer que quando alguém se faz santo, tem tudo; e se não se faz santo, perde tudo. A meta da santidade e o apelo, quase dolorosamente comovente, para alcançá-la, é também a grande mensagem de Dom Bosco, o eixo ao redor do qual gira toda a sua proposta espiritual e o seu testemunho de vida.
A santidade proposta por Dom Bosco é fácil e simpática, mas também vigorosa e assim é comunicada. Na afirmação de Domingos Sávio: «Eu quero ser santo, sinto que devo ser santo e serei infeliz enquanto não for santo»,11 ressoa muito – se não tudo – do que Dom Bosco soubera transmitir-lhe, desde a pregação em que Domingos pudera escutar estas encorajadoras palavras: «É muito fácil conseguir este intento [fazer-se santo]; terá um grande prémio no céu quem conseguir tornar-se santo».12 Dom Bosco mesmo continua a escrever que esta pregação foi a centelha que inflamou o coração de Domingos Sávio fazendo dele um enamorado de Deus.
Na sabedoria de Dom Bosco, que moderava o desejo penitencial de Domingos e lhe recomendava maior fidelidade à vida de oração, ao estudo e aos deveres bem realizados, e a assiduidade no recreio (e digamos também toda a dimensão da vida de relacionamento), emergia a consciência, tipicamente salesiana, do chamamento universal à santidade.
Na fundação da Sociedade de S. Francisco de Sales, antes, e do Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora, depois (com Maria Domingas Mazzarello cofundadora), Dom Bosco propõe até hoje como objetivo a santificação dos seus membros.13
Recorda-o o Padre Rua aos Salesianos, pouco depois, quando os exorta com estas palavras: «Isto nos inculcou o nosso amadíssimo Dom Bosco também no 1º artigo da Santa Regra, onde nos diz que a finalidade da nossa Pia Sociedade é, primeiro, a perfeição cristã dos seus membros e, depois, toda a obra de caridade espiritual e corporal pela juventude».14 Sem ela, qualquer estímulo apostólico se revelaria estéril. Dom Bosco sabe perfeitamente que o primeiro, mais radical e decisivo modo de ajudar os outros é ser santo.
Nesta «escola de nova e atraente espiritualidade apostólica»,15 Dom Bosco lê o Evangelho com originalidade pedagógica e pastoral, que «comporta essencialmente uma “síntese nova”, equilibrada, harmoniosa e, a seu modo, orgânica dos elementos comuns à santidade cristã, em que as virtudes e os meios de santificação têm uma própria colocação, uma dosagem, uma simetria e uma beleza que os caraterizam».16
II. JESUS É A FELICIDADE
A proposta da santidade é dirigia a todo o cristão, porque ela é plenitude de vida e sinónimo de felicidade, de bem-aventurança. E nós cristãos encontramos a felicidade seguindo Jesus Cristo.
Estas palavras são dirigidas aos jovens; são para eles, mas bem sabemos que «a santidade é também para ti», isto é, para todos: jovens, educadores, pais e mães, leigas e leigos consagrados, religiosas, religiosos, presbíteros. Resumindo, estas minhas palavras são dirigidas a todos e a cada um dos membros da nossa Família Salesiana, de modo que todos nos sintamos incluídos, e dizem respeito naturalmente a todo o Povo de Deus.
São muito belas as mensagens que o Papa João Paulo II, o Papa Bento XVI e o Papa Francisco enviaram aos jovens, com grande convicção, e não nos deveriam ser estranhas. Recolherei apenas uma pequena amostra dessas mensagens, com um denominador comum: em todas elas, os Papas pedem aos jovens para correrem o risco de aceitar Jesus como garantia da própria felicidade.
Foi esse o grande desafio lançado por São João Paulo II quando disse aos jovens do mundo: «Na realidade, é Jesus quem buscais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera, quando nada do que encontrais vos satisfaz; Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos; é Ele quem vos impele a depor as máscaras que tornam a vida falsa; é Ele quem vos lê no coração as decisões mais verdadeiras que outros quereriam sufocar. É Jesus quem suscita em vós o desejo de fazer da vossa vida algo de grande, a vontade de seguir um ideal, a recusa de vos deixardes submergir pela mediocridade, a coragem de vos empenhardes, com humildade e perseverança, no aperfeiçoamento de vós próprios e da sociedade, tornando-a mais humana e fraterna».17
Não menos explícito foi o Papa Bento XVI quando disse aos jovens: «Queridos jovens, a felicidade que procurais, a felicidade que tendes o direito de saborear tem um nome, um rosto: o de Jesus de Nazaré, oculto na Eucaristia. […] Disto estai plenamente convictos: Cristo de nada vos priva do que tendes em vós de belo e de grande, mas tudo leva à perfeição para a glória de Deus, a felicidade dos homens e a salvação do mundo. […] Deixai-vos surpreender por Cristo! Concedei-lhe o “direito de vos falar” durante estes dias!».18
E o Papa Francisco diz aos jovens que a felicidade não é negociável, não admite reduzir expetativas a níveis que, afinal, não a garantem de modo sólido e elevado, mas somente como algo que pode ser consumido em “pequenas doses” e que, como vem, vai e, naturalmente, não é a verdadeira felicidade ou um itinerário humano de realização plena: «A vossa felicidade não tem preço, nem se comercializa; não é uma “app” que se descarrega no telemóvel ».19
Dom Bosco quer os seus jovens felizes no tempo e na eternidade
Na abertura da “Carta de Roma”, de 10 de maio de 1884, Dom Bosco escreve aos seus jovens: «o meu único desejo é ver-vos felizes no tempo e na eternidade».20
Ao concluir a sua vida terrena, estas palavras resumem o núcleo da sua mensagem aos jovens de todas as épocas e do mundo inteiro. Ser feliz, como meta sonhada por todos os jovens, hoje, amanhã, no tempo. Mas não só. “Na eternidade” é aquele “mais” que só Jesus e a sua proposta de felicidade sabe oferecer, justamente a santidade.
O mundo e as sociedades de todas as nações não são capazes de propor este “para sempre”, nem a felicidade eterna. Deus, sim.
Em Dom Bosco, tudo isto era muito claro, e ele foi capaz de semear nos seus jovens o desejo intenso de serem santos, de viverem para Deus e alcançarem o paraíso: «Guiou os jovens pelo caminho da santidade simples, serena e alegre, unindo numa só experiência de vida o pátio, o estudo sério e o constante sentido do dever».21
III. SANTOS PARA OS JOVENS E COM OS JOVENS
A santidade caraterística do carisma salesiano em que há espaço para todos, consagrados e leigos, tem ainda a sua tradução mais específica em relação à santidade juvenil. O padre Pascual Chávez, meu predecessor, escreveu no início do seu ministério na carta Queridos salesianos, sede santos!”: «Os próprios jovens ajudaram Dom Bosco a iniciar, na experiência diária, um estilo de santidade nova, na medida das exigências típicas do desenvolvimento do jovem. Foram assim, de alguma maneira, contemporaneamente discípulos e mestres. A nossa santidade é uma santidade para os jovens e com os jovens; porque, também na procura da santidade, “os jovens e os Salesianos caminham juntos”: ou nos santificamos com eles, caminhando e aprendendo com eles, ou jamais seremos santos».22 O autêntico coração salesiano da nossa Família deve ser santo para alcançar os jovens; mas não ignora o dever, ainda mais radical, de santificar-se entre os jovens e com eles.
Este desejo pode dizer respeito a todos e a cada um dos 31 grupos que formam a nossa Família Salesiana. Com verdadeiro interesse, busquei referências à santidade nas Constituições e nos Regulamentos das diversas Congregações da nossa Família, no Projeto de Vida Apostólica dos Salesianos Cooperadores, nos Ideários, Estatutos e Regulamentos (quaisquer que sejam os seus nomes) de todos os grupos que pertencem à árvore do nosso carisma. Posso assegurar-vos que, de um modo ou doutro, todos contemplamos a santidade como um objetivo e uma finalidade para a qual nascemos também como instituição religiosa, a fim de a obter na nossa própria vida. Uma santidade, portanto, que é proposta a cada um dos membros e que se propõe como objetivo no apostolado voltado para os outros.
A juventude, um tempo para a santidade
Convencidos de que «a santidade é o rosto mais belo da Igreja» (, 9), antes de a propor aos jovens todos nós somos chamados a vivê-la e testemunhá-la, sendo desta forma uma comunidade “simpática”, como narram os Atos dos Apóstolos (cf. , 93). Só é possível acompanhar os jovens pelos caminhos da santidade vivendo esta coerência.
Se Santo Ambrósio afirmava que «toda a idade é madura para a santidade»,23 é-o sem dúvida também a juventude! A Igreja reconhece na santidade de numerosos jovens a graça de Deus que antecipa e acompanha a história de cada um, o valor educativo dos sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação, a fecundidade de itinerários compartilhados na fé e na caridade, a carga profética destes “campeões”, que muitas vezes selaram com o sangue o seu ser discípulos de Cristo e missionários do Evangelho. A linguagem mais exigida pelos jovens de hoje é o testemunho de uma vida autêntica. Por isso, a vida de jovens santos é a verdadeira palavra da Igreja; e o convite a empreender uma vida santa é o apelo mais necessário de que os jovens de hoje precisam. O autêntico dinamismo espiritual e a fecunda pedagogia da santidade não frustram as aspirações profundas dos jovens: a necessidade que têm de vida, amor, progresso, alegria, liberdade, futuro e também de misericórdia e reconciliação.
Certamente, a proposta tem um sabor de verdadeiro desafio. Se por um lado é muito atraente, por outro causa receio e indecisão. É preciso superar o risco de nos resignarmos «com uma vida medíocre, superficial e indecisa» (, 1); supõe vencer a tentação de “ir vivendo”, porque o desafio da santidade não é outra coisa em relação à vida de todos os dias, mas exatamente a mesma existência ordinária vivida de maneira extraordinária, porque se torna bela pela graça de Deus. O fruto do Espírito Santo é, de facto, uma vida vivida na alegria e no amor, e nisto consiste a santidade. Neste sentido é precioso o exemplo que o Papa nos oferece na Exortação Apostólica apresentando o testemunho de vida do Cardeal Francisco Xavier Nguyên Van Thuân, que viveu longos anos na prisão. Ele renunciou a consumir-se na expetativa da libertação e tomou outra decisão: «vivo o momento presente, cumulando-o de amor e […] agarro as ocasiões que vão surgindo cada dia para realizar ações ordinárias de maneira extraordinária» (, 17).
Jovens santos e juventude dos santos
«Jesus convida cada um de seus discípulos ao dom total da vida, sem cálculos nem interesses humanos. Os santos acolhem este exigente convite e começam a seguir, com docilidade humilde, Cristo Crucificado e Ressuscitado. A Igreja contempla no céu da santidade uma constelação cada vez mais numerosa e luminosa de crianças, adolescentes e jovens santos e beatos que, desde as primeiras comunidades cristãs, chegam até nós. Ao invocá-los como protetores, a Igreja propõe-nos aos jovens como referências para a sua existência».24 Em várias pesquisas, também nas preparatórias para o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, os próprios jovens reconhecem ser «mais recetivos diante de “uma narrativa de vida” do que diante de um abstrato sermão teológico»25 e consideram como muito relevante para eles a vida dos santos. Por isso torna-se sem dúvida importante apresentá-los de modo adequado à sua idade e condição.
Também se deve recordar que, com os “Santos jovens”, é preciso apresentar aos jovens a “juventude dos Santos”. Todos os Santos, com efeito, passaram pela idade juvenil e seria útil aos jovens de hoje mostrar a maneira como os Santos viveram o próprio tempo de juventude. Poder-se-ia captar muitas situações juvenis nem simples nem fáceis, nas quais, porém, Deus está presente e misteriosamente ativo. Mostrar que a sua graça está em ação, através dos caminhos tortuosos da construção paciente de uma santidade que amadurece ao longo do tempo por muitos caminhos imprevistos; isto pode ajudar os jovens, sem excluir nenhum, a cultivar a esperança de uma santidade sempre possível.
O último número do documento final da reunião pré-sinodal do Sínodo afirma, em sintonia com o que estamos a dizer, que também a santidade dos jovens participa na santidade da Igreja, porque «os jovens são parte integrante da Igreja. E, portanto, também a sua santidade, que nestes últimos decénios produziu um multiforme florescimento em todas as partes do mundo: contemplar e meditar durante o Sínodo a coragem de tantos jovens que renunciaram à sua vida desde que se mantivessem fiéis ao Evangelho, foi comovedor para nós; escutar os testemunhos dos jovens presentes no Sínodo que, no meio de perseguições escolheram compartilhar a paixão do Senhor Jesus, foi regenerador. Através da santidade dos jovens, a Igreja pode renovar o seu ardor espiritual e o seu vigor apostólico».26
IV. O QUE SIGNIFICA DIZER: «A SANTIDADE É TAMBÉM PARA TI»?
O Papa Francisco expressa-o de modo simples e direto.
Depois de afirmar que para ser santo não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso, acrescenta: «Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem-comum e renunciando aos teus interesses pessoais» ( 14).
Isto anima-nos a traduzir em palavras simples o desafio que temos e que se apresenta como preciosa provocação a todos e cada um de nós, em todas as idades e etapas da vida.
O que é, então, a santidade, esta santidade que nos é apresentada tão próxima e acessível aos jovens, à mulher e ao homem de hoje?
» É algo próximo, real, concreto, possível. Melhor ainda, é a vocação fundamental ao amor como reconhece o Concílio Vaticano II (LG, 11); a alma, a essência desse apelo à santidade para todas as pessoas é a caridade plenamente vivida: «Deus é amor; quem permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele» (14,16).
» É fazer frutificar a graça do Batismo sem ter medo que Deus nos peça demasiado: «Deixa que a graça do teu Batismo frutifique num caminho de santidade. Deixa que tudo esteja aberto a Deus e, para isso, opta por Ele, escolhe Deus sem cessar» (EG, 15). Concretamente, trata-se de viver no Espírito, deixar-se guiar na simplicidade da vida quotidiana pelo Espírito Santo, sem ter medo de fixar as alturas, deixando-se amar e libertar pelo próprio Deus.
O Papa Bento XVI convidava os jovens, todos os jovens a «abrir-se à ação do Espírito Santo, que transforma a nossa vida, para sermos também nós como peças do grande mosaico de santidade que Deus vai criando na história, para que o rosto de Cristo resplandeça na plenitude do seu esplendor. Não tenhamos medo de tender para o alto, para as alturas de Deus; não tenhamos medo que Deus nos peça demasiado».27
» É ser santos alegres, porque assim Deus nos sonhou. «O que até agora se disse não implica um espírito retraído, tristonho, amargurado, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor» (, 122). João Bosco, quando era jovem, fundou a Sociedade da alegria, e Domingos Sávio costumava dizer aos recém-chegados ao Oratório: «Aqui fazemos consistir a santidade em estar muito alegres»28 (embora saibamos que não era uma alegria superficial, mas muito bem enraizada no mais íntimo, na interioridade, na responsabilidade diante da vida e diante do próprio Deus).
Dom Bosco entendeu muito bem, e assim o transmitiu aos seus jovens, que empenho e alegria caminham juntos, e que santidade e alegria formam um binómio inseparável. O seu convite é, portanto, um apelo à “santidade da alegria” e à alegria vivida numa vida santa. Isto não significa ignorar que o esforço da santidade comporta coragem porque, noutras palavras, é um percurso que vai “contracorrente”, um caminho não poucas vezes de contestação, no qual em alguns momentos precisamos de ser como Jesus “sinais de contradição”.
» É um caminho, o da santidade, que aceita a dimensão da cruz. O Papa Francisco recorda-nos a solidez interior para ser perseverantes e constantes no bem; refere-se à vigilância em «lutar e estar atentos às nossas inclinações agressivas e egocêntricas, para não deixar que ganhem raízes» (EG, 114); encoraja a parrésia evangélica para não se deixar dominar pelo medo; sobretudo convida a não deixar de viver em contemplação do Crucificado, fonte de graça e libertação: «E se ainda não consegues, diante do rosto de Cristo, deixar-te curar e transformar, então penetra nas entranhas do Senhor, entra nas suas chagas, porque é nelas que tem a sua sede a misericórdia divina» (EG, 151).
Talvez hoje a referência à Cruz já não seja muito frequente entre nós, mas certamente também nisso devemos mudar. Não se pode viver uma autêntica vida cristã e um itinerário de santidade no quotidiano deixando a Cruz à margem.
Tendo participado, durante o último Sínodo, da canonização de São Paulo VI, celebrada com a de outros santos, vejo como muito oportunas estas suas palavras: «O que seria o Evangelho, isto é, o cristianismo, sem a dor, sem o sacrifício de Jesus? Seria um Evangelho, um cristianismo sem a Redenção, sem a salvação, da qual temos absoluta necessidade. O Senhor salvou-nos com a Cruz; deu-nos novamente a esperança, o direito à vida com a sua morte. Carregar a cruz! Uma grande coisa, uma grande coisa, filhos caríssimos! Significa enfrentar a vida com coragem, sem indolência, sem covardia; significa transformar em energia moral as dificuldades inevitáveis da nossa existência; significa saber compreender a dor humana e, enfim, saber realmente amar!».29
» É viver a santidade porque ela não afasta dos próprios deveres, interesses, afetos, mas assume-os na caridade. A santidade é a perfeição da caridade e responde, portanto, à necessidade fundamental do homem: ser amado e amar. Quanto mais santo, tanto mais homem e mulher, porque «não é que a vida tenha uma missão, mas a vida é uma missão» (, 27).
A santidade, portanto, é um caminho de emancipação. «Precisamos dum espírito de santidade que impregne tanto a solidão como o serviço, tanto a intimidade como a tarefa evangelizadora, para que cada instante seja expressão de amor doado sob o olhar do Senhor. Desta forma, todos os momentos serão degraus no nosso caminho de santificação» (, 31).
A santidade coincide então com o florescimento pleno do humano. Ela não é proposta de um caminho que desencarna e descontextualiza, mas permite experimentar de modo cada mais pleno e verdadeiro a própria humanidade e a humanidade dos irmãos. No rosto de um verdadeiro santo, percebe-se sempre, claramente, o homem ou a mulher que é, com toda a riqueza afetiva, volitiva, intelectiva e relacional que o distingue: «Nos Santos, torna-se óbvio que quem caminha para Deus não se afasta dos homens, antes pelo contrário torna-se seu verdadeiramente próximo».30
Convido-vos desde já a recordar, quando no fim do comentário falarmos dos nossos santos, beatos, servos de Deus e veneráveis da nossa Família Salesiana, o testemunho precioso que nos oferecem com a sua vida.
Dom Bosco mesmo, na sua grande humanidade, foi o primeiro a ir ao encontro, a curar, a reconciliar os jovens que chegavam ao Oratório tendo vivido muitas vezes situações de pobreza afetiva, dificuldades económicas, orfandade e abandono. A esses jovens, ele ofereceu toda a riqueza do espírito de família e do Sistema Preventivo, num clima magnífico, também espiritual, que ajudou a curá-los. As feridas foram curadas graças à paternidade do próprio Dom Bosco, ao clima de família, de alegria, e ao itinerário de fé e de amizade com Jesus a quem Dom Bosco conduziu os seus jovens.
Em Mornese, Madre Mazzarello e as primeiras irmãs viveram, com a sensibilidade própria da mulher, esse encontro com a humanidade daquelas meninas e jovens pobres, acolhidas na primeira casa das Filhas de Maria Auxiliadora.
E da mesma forma, a nossa história repetiu-se em muitos grupos da nossa Família Salesiana, com um traço tipicamente nosso, que é também do Evangelho, e que nos permitiu assumir a responsabilidade e curar a humanidade de cada pessoa com a qual nos encontramos.
» É uma santidade que é também “dever” e dom (isto é, uma vocação, uma responsabilidade, um compromisso e um dom). A santidade é participação na vida de Deus, não uma perfeição entendida de forma moralista e que pressupõe contar apenas com as próprias forças. Na verdade, uma vida santa não é principalmente fruto do nosso esforço pessoal, das nossas ações. É Deus, o três vezes Santo (cf. Is 6,3) que nos faz santos através da ação do Espírito Santo, que interiormente nos dá força e vontade.
A santidade é compromisso e responsabilidade. É algo que só tu podes fazer: «Oxalá consigas identificar a palavra, a mensagem de Jesus que Deus quer dizer ao mundo com a tua vida» (, 24).
E para os consagrados e as consagradas da nossa Família Salesiana esse dever torna-se indispensável. Paulo VI disse-o de modo radical: «A vida religiosa deve ser santa, ou já não tem razão de ser».31
V. ALGUNS POSSÍVEIS INDICADORES DA SANTIDADE
Ofereço-vos algumas indicações que podem ser válidas para cada um pessoalmente e para a nossa missão. Permito-me assinalar os seguintes indicadores.
– Viver a vida de todos os dias como lugar de encontro com Deus
O coração do espírito salesiano, que nos distingue como Família carismática, carateriza-se pelo facto de conceber a vida de modo positivo e entendê-la, dia a dia, como um lugar de encontro com Deus. Este lugar é atravessado por uma rica rede de relações, trabalho, alegria e relax, vida familiar, desenvolvimento das próprias capacidades, entrega, serviço…, todos vividos à luz de Deus. E isso concretiza-se, de modo simples, na convicção muito salesiana que vem do mesmo Dom Bosco: para ser santo, o que deves fazer deves fazê-lo bem.
É a proposta da santidade da vida quotidiana. Se Teresa d’Ávila encontra a santidade entre os utensílios de uma cozinha e Francisco de Sales demonstra que o cristão pode viver no mundo, no meio dos compromissos da vida e das preocupações, e ser santo, Dom Bosco, com a simplicidade da alegria do cumprimento exato do próprio dever e de uma vida vivida toda por amor do Senhor, cria com seus rapazes uma verdadeira escola de santidade em Valdocco.
– Ser pessoas e comunidades de oração
A santidade é o maior dom que podemos oferecer aos jovens e – acrescento – todos os jovens, adolescentes e suas famílias, precisam do testemunho da nossa vida. E, como disse, esta santidade simples será o dom mais precioso que podemos oferecer-lhes.
Entretanto, este caminho não é possível sem cultivar a profundidade de vida, sem a fé autêntica e sem a oração como expressão dessa mesma fé. O Papa Francisco afirma: «Não acredito na santidade sem oração» (, 147). E efetivamente tudo isto é impossível sem intimidade com o Senhor Jesus: oração de agradecimento, expressão de reconhecimento ao Deus transcendente; oração de súplica, expressão do coração que confia em Deus; oração de intercessão, expressão de amor fraterno; oração de adoração, expressão de reconhecimento da transcendência de Deus; oração de meditação da Palavra, expressão do coração dócil e obediente; oração eucarística, cume e fonte do itinerário de santidade.
– Desenvolver na vida os frutos do Espírito Santo: amor, caridade, alegria, paz, paciência, benevolência, bondade, fidelidade, doçura, domínio de si… A santidade não é conflito, discussão, inveja, impaciência. «A santidade não te torna menos humano, porque é o encontro da tua fragilidade com a força da graça» (, 34).
– Praticar as virtudes: não só recusar o mal e aderir ao bem, mas apaixonar-se pelo bem, cumprindo bem o bem, todo o bem… Oração e ação no mundo, serviço e doação, e também tempos de silêncio. Vida de família e responsabilidade no trabalho. «Tudo pode ser recebido e integrado como parte da própria vida neste mundo, passando a fazer parte do caminho de santificação. Somos chamados a viver a contemplação mesmo no meio da ação, e santificamo-nos no exercício responsável e generoso da nossa missão» (, 26).
Então, buscar a vida boa do Evangelho na prática alegre e constante das virtudes será realmente um caminho simples de santidade.
– Testemunhar a comunhão
O caminho da santidade faz-se em comum, vive-se em comunidade e percorre-se juntos. Os santos estão sempre juntos, na companhia de Deus. Onde há um, sempre encontraremos muitos outros. A santidade do quotidiano faz florescer a comunidade e é um gerador “relacional”. Fazemo-nos santos juntos. Não é possível ser santo sozinho, e Deus não nos salva sozinhos: «por isso, ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado» (, 6). A santidade nutre-se de relações, de confiança, de comunhão porque a espiritualidade cristã é essencialmente comunitária, eclesial, profundamente diferente e muito distante de uma visão elitista e heroica da santidade.
Ao contrário, não há santidade cristã onde se esquece a comunhão com os outros, onde se esquece de buscar e olhar o rosto do outro, onde se esquece a fraternidade e a revolução da ternura.
– Entender que a vida de cada um é uma missão
O Papa pede decididamente para conceber a totalidade da própria vida como uma missão. Por vezes, em momentos difíceis, alguém se pergunta que sentido tem a sua existência, qual é a razão pela qual viver, a motivação do seu estar no mundo, que contributo pessoal deveria oferecer… Pois bem, em todos esses casos se está a perguntar: qual é a minha missão? E à luz deste aspeto, descobre-se que «para um cristão, não é possível imaginar a própria missão na terra, sem a conceber como um caminho de santidade» (, 19), dando sempre o melhor de si nessa missão.
Algumas casas salesianas, como Valdocco, Mornese, Valsalice, Nizza, Ivrea, ‘San Giovannino’ 32… atestam desde o início a santidade como experiência compartilhada, que floresce na amizade, na entrega e no serviço (hoje, dizemos vida como “vocação e missão”).
– Buscar a simplicidade (que não é facilidade) das Bem-aventuranças (cf. , 70-91)
Jesus nos ofereceu, no anúncio das Bem-aventuranças, um verdadeiro itinerário de santidade. As Bem-aventuranças «são como que a carta de identidade do cristão» (, 63).
Nelas nos é proposto um modo de vida em que se realizam processos que vão da pobreza de coração, que significa também austeridade de vida, à reação com humilde mansidão num mundo onde facilmente por qualquer coisa há desentendimentos; da coragem de se deixar “trespassar” pela dor alheia e ter compaixão dela ao buscar a justiça com verdadeira fome e sede, enquanto outros repartem entre si bolo da vida obtido por meio da injustiça, da corrupção e do abuso de poder.
As Bem-aventuranças levam o cristão a olhar e agir com misericórdia, que significa ajudar os outros, e também perdoar; levam-no a manter um coração puro e livre de tudo o que corrompe o amor a Deus e ao próximo. A proposta de Jesus pede-nos que semeemos paz e justiça e construamos pontes entre as pessoas. Pede também que aceitemos as incompreensões, as falsidades em relação a nós mesmos e, em definitiva, todas as perseguições, mesmo as mais subtis, que hoje existem.
– Crescer nos pequenos gestos (, 16).
É outro simples indicador prático à disposição de todos. Deus chama-nos à santidade mediante os pequenos gestos, através das coisas simples, aquelas que sem dúvida podemos descobrir nos outros e realizar em nós mesmos na vida de todos os dias; animados pelo facto de o itinerário de santidade não ser único nem o mesmo para todos.
O caminho de santidade é percorrido na condição pessoal de homem e de mulher. Neste sentido, a ternura feminina, a delicadeza dos pormenores e dos gestos constituem um exemplo magnífico para todos. Por esta razão, o Papa Francisco diz: «Quero assinalar que também “o génio feminino” se manifesta em estilos femininos de santidade, indispensáveis para refletir a santidade de Deus neste mundo e […] interessa-me sobretudo lembrar tantas mulheres desconhecidas ou esquecidas que sustentaram e transformaram, cada uma a seu modo, famílias e comunidades com a força do seu testemunho» (, 12).
– Tudo, menos renunciar a voar quando nascemos para as alturas!
São muitos pequenos passos que podem ajudar-nos a trilhar o caminho da santidade, nesta santidade simples, anónima, mas que modela a nossa existência de um modo belo. Como disse, tudo pode ajudar; tudo, exceto a renúncia a voar quando nascemos para as alturas! Pois somos «escolhidos por Deus, santos, amados» (Cl 3,12).
O que quero dizer é expresso magnificamente por Mamerto Menapace 33 numa bela história, uma bela metáfora que fala do dilema entre ficar ao nível do chão ou levantar voo para Deus, para a santidade, para as alturas.
A história diz assim:
Era uma vez um camponês, que ao percorrer um carreiro na alta montanha, encontrou entre as pedras nas proximidades do cume um ovo estranho: muito grande para ser de galinha e muito pequeno para ser de avestruz.
Não sabendo o que fosse, decidiu levá-lo consigo.
Ao chegar a casa mostrou-o à mulher. Ela tinha uma perua que estava a chocar. Vendo que o ovo era mais ou menos da dimensão dos outros, colocou-o junto com os da perua.
As pequenas aves começaram a romper a casca e o mesmo fez a do ovo que fora encontrado na montanha. E, mesmo parecendo ser um animal diferente dos demais, as diferenças não eram tantas que o desfigurassem diante do resto da ninhada, apesar de se tratar de um pequeno condor. Embora chocado por uma perua, era de outra origem.
Como não tinha nenhum outro modelo para aprender, o pequeno condor imitava o que via fazer aos perus. Seguia o grande peru procurando vermes, sementes e outros restos. Cavava a terra e, saltitando, procurava arrancar a fruta dos arbustos. Vivia no galinheiro e tinha medo dos cães que frequentemente vinham roubar-lhe a comida. À noite, subia para os galhos da alfarrobeira com medo das doninhas e de outros predadores. Vivia nessa situação, imitando o que via fazer aos outros.
Às vezes, sentia-se um pouco estranho. Sobretudo quando tinha a oportunidade de ficar sozinho. Mas isso não acontecia muito, pois os perus não toleram a solidão, nem que os outros fiquem sozinhos. É uma espécie que gosta de movimentar-se sempre em bando, encher o peito para impressionar, abrir a cauda e arrastar as asas. Diante do que lhe causa estranheza, a resposta imediata era uma grande zombaria.
Outra caraterística dos perus é esta: embora tenham grandes dimensões, não voam.
Certa vez, pelo meio-dia, enquanto o céu claro era atravessado por nuvens brancas, o pequeno animal ficou surpreendido ao ver alguns pássaros estranhos que voavam majestosamente, quase sem mover as asas. Sentiu um choque no profundo do seu ser. Algo como um antigo chamamento que queria despertá-lo nas profundezas das suas fibras. Os seus olhos, habituados a olhar sempre o terreno em busca de alimento, não conseguiam distinguir o que acontecia nas alturas. O seu coração despertou com uma forte nostalgia: porque não posso também eu voar assim? O seu coração batia acelerado e ansioso.
Naquele momento, aproximou-se dele um peru que lhe perguntou o que estava a fazer. Riu-se dele quando ouviu o que pensava. Disse-lhe que era um romântico e que deveria deixar de querer ser engraçado. Eles eram diferentes. Devia voltar à realidade, e propôs acompanhá-lo a um lugar onde encontrara muita fruta madura e muitos tipos de vermes.
Desorientado, o pobre animal recompôs-se do fascínio e seguiu o companheiro que o levou de volta ao galinheiro.
Retomou sua vida normal, sempre atormentado por uma profunda insatisfação interior que lhe fazia sentir-se estranho.
Jamais descobrira a sua verdadeira identidade de condor.
Chegando à velhice, certo dia morreu. Sim, infelizmente morreu exatamente como vivera.
E pensar que nascera para as alturas!
É o caminho do crescimento cristão para a santidade: «Não tenhamos medo de tender para o alto, para as alturas de Deus; não tenhamos medo que Deus nos peça demasiado».34
VI. ITINERÁRIOS ATUAIS DE SANTIDADE À LUZ DA NOSSA HISTÓRIA DE FAMÍLIA SALESIANA
– Há muitos caminhos no itinerário de santidade
Sabemos que alguns são santos, mas jamais saberemos quem é mais santo que outro. Só Deus conhece os corações. Há uma beleza particular em cada um. Não se deve pedir a uma pessoa o que ela não pode e não deve dar. Dizê-lo é animador, reconfortante. Caso contrário, convencer-nos-íamos de que não podemos ser santos, porque jamais seríamos como os santos que nos foram propostos como modelos. «Não se deve pôr na santidade mais perfeição do que aquela que realmente tem».35 Ou seja, a heroicidade cristã não é heroísmo, a perfeição cristã não é perfecionismo de super-herói. «Na casa do meu Pai há muitas moradas» (14,2). O Paraíso é como um jardim: nele há a humilde violeta e o sublime lírio, além da rosa. Nenhuma condição representa um obstáculo insuperável para a plenitude da alegria e da vida.
Ao lado de Dom Bosco não encontramos apenas Domingos Sávio, João Massaglia e Francisco Besucco; mas também Miguel Magone e muitos outros rapazes difíceis, cuja história está marcada por feridas profundas.
Nas primeiras obras dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora, encontram a sua verdadeira primeira casa órfãos e pessoas marcadas de várias maneiras por injustiças e traumas (Carlos Braga, Laura Vicuña…).
Há ainda feridas estritamente pessoais: tanto Beltrami como Czartoryski sabiam que, por causa da doença, jamais poderiam levar uma vida oratoriana regular. Artémides Zatti viu-se impedido de ser sacerdote, também por causa de uma doença. Francisco Convertini demonstrava modestíssimos dotes intelectuais e foi somente a sua santidade irradiante a convencer os superiores a deixarem-no chegar ao sacerdócio. Alexandrina Maria da Costa viu-se obrigada a ficar de cama devido a uma paralisia progressiva. A mesma situação viveu Nino Baglieri. A mística salesiana Vera Grita viveu calvário semelhante, após um traumatismo causado por um acidente.
Assim, na casa de Dom Bosco encontra lugar e acolhimento uma multiplicidade de pessoas feridas de várias maneiras por dolorosas situações familiares ou pessoais; pessoas que, por um mero critério de prudência humana ou eficiência, jamais poderiam ser aceites. Figuras que, a um olhar superficial, parecem contrastar em tudo e por tudo com o brilho alegre e até “vigoroso” do espírito salesiano. Contudo, à luz da fé, demonstra-se com os factos que nenhuma condição pessoal é impedimento para a santidade.
– Todo santo é uma palavra encarnada de Deus
Não há dois santos iguais. Imitar os santos não é copiá-los. Cada qual precisa dos seus tempos e tem o próprio caminho, pois «os percursos da santidade são pessoais».36
A galáxia da santidade é vasta e diferenciada; por isso, não deve ser minimizada numa orientação genérica para o bem, mas deve ser considerada como fonte inesgotável de inspiração e de programa de vida. Imagens vivas do Evangelho, os Santos interpretam o seu espírito mais genuíno e são o espelho que reflete o rosto de Jesus Cristo, o Santo de Deus. Eles difundem o dom da bondade e da beleza, não cedem à moda passageira e efémera do tempo e, com o ímpeto de um coração perenemente jovem, tornam possível o milagre do amor. Com a força da Graça, os Santos mudam o mundo, mas também a Igreja, que se torna mais evangélica e mais credível pelo seu testemunho.
O Espírito Santo que inspirou os autores sagrados é o mesmo que anima os Santos a darem a vida pelo Evangelho. O modo diferente de “encarnar” a santidade é um caminho seguro para iniciar uma hermenêutica viva e eficaz da Palavra de Deus.
– Cada santo da nossa Família Salesiana nos diz que a santidade é possível
Cada um dos nossos Santos, Beatos, Veneráveis, Servos de Deus é portador de uma riqueza de aspetos que merecem maior consideração e valorização. Trata-se de contemplar um diamante de muitas facetas, algumas mais visíveis e atraentes, outras menos imediatas e “simpáticas”, mas nem por isso menos verdadeiras e decisivas. Conhecer e fazer conhecer essas figuras extraordinárias de crentes gera um envolvimento progressivo no seu caminho, um apaixonado interesse pela sua vida, uma alegre participação nos projetos e esperanças que animaram os seus passos.
Ofereço-vos alguns exemplos.
» A santidade dos jovens “em nossa casa”
Com o testemunho de Domingos Sávio, Laura Vicuña, Zeferino Namuncurá, dos cinco jovens oratorianos de Pozna, de Alberto Marvelli e outros, são 46 os Santos e Beatos jovens da Família Salesiana com menos de 29 anos.
Alguns aspetos do testemunho de São Domingos Sávio merecem ser evidenciados:
- O apelo à realidade preventiva não só como aspeto pedagógico-educativo, mas como facto teológico. Na sua vida, como testemunha o próprio Dom Bosco, há uma graça preventiva que atua e se manifesta.37
- O valor decisivo representado pela Primeira Comunhão.38
- O facto de ser uma espécie de líder e mestre nos caminhos de Deus (como Dom Bosco o vê no sonho de Lanzo de 1876), como é confirmado pela vida de muitos dos nossos beatos, veneráveis e servos de Deus que fizeram seus os propósitos de Domingos: Laura Vicuña, Zeferino Namuncurá, José Kowalski, Alberto Marvelli, José Quadrio, Otávio Ortiz Arrieta.
- O papel de Domingos na fundação da Companhia da Imaculada, viveiro da futura Congregação Salesiana, em relacionamento com João Massaglia, verdadeiro amigo das coisas da alma, de quem Dom Bosco afirmou: «Se quisesse descrever os belos atos de virtude do jovem Massaglia, teria de repetir o que disse de Domingos de quem foi fiel imitador enquanto viveu».39
» A santidade missionária do carisma salesiano, expressa com um número notável de homens e mulheres, consagrados e leigos, que evidenciam o anúncio do Evangelho, a inculturação da fé, a promoção da mulher, a defesa dos direitos dos pobres e dos indígenas, a fundação de Igrejas locais. Impressiona profundamente o facto de uma grandíssima parte de irmãos e irmãs da nossa Família Salesiana em caminho para o reconhecimento das virtudes heroicas e da sua santidade, serem missionários e missionárias (Beata Maria Romero Meneses, FMA; Beata Maria Troncatti, FMA; Venerável Vicente Cimatti).
» A santidade vitimal-oblativa, que exprime a raiz profunda do “Da mihi animas, coetera tolle”. Líder desta dimensão é o Venerável Padre André Beltrami (1870-1897), cujo testemunho é paradigmático de todo um filão de santidade salesiana que, a partir da tríade André Beltrami, Augusto Czartoryski, Luís Variara, continua no tempo com outras grandes figuras como a Beata Eusébia Palomino, a Beata Alexandrina Maria da Costa, a Beata Laura Vicuña, sem esquecer a numerosa fileira de mártires (entre os quais se deve mencionar os 95 mártires da guerra civil espanhola e, entre eles, muitos jovens irmãos em formação e jovens sacerdotes).
» A dimensão da “família ferida”: famílias em que está ausente ao menos um dos progenitores, ou a presença da mãe e/ou do pai se torna, por diversas razões (físicas, psíquicas, morais e espirituais), penalizante para os filhos. Dom Bosco, que experimentara pessoalmente a morte prematura do pai e o afastamento da família pela prudente vontade de Mãe Margarida, quer a obra salesiana particularmente dedicada à «juventude pobre e abandonada».
- A Beata Laura Vicuña, nascida no Chile em 1891, que não conheceu o pai e cuja mãe inicia na Argentina uma convivência com o rico proprietário Manuel Mora. Laura, ferida pela situação de irregularidade moral da mãe, oferece a vida por ela.
- O Servo de Deus Carlos Braga, nascido na Valtellina (norte da Itália) em 1889. É abandonado muito pequeno pelo pai, enquanto sua mãe, por uma mistura de ignorância e maledicência, é afastada por ser tida como psiquicamente instável. Carlos passa por grandes humilhações e verá posta à prova muitas vezes a autenticidade da sua vocação salesiana, mas saberá amadurecer nas dificuldades uma grande força de reconciliação e dará o testemunho de uma profunda paternidade e bondade, sobretudo pelos pais dos Irmãos.
» A dimensão vocacional: no contexto do bicentenário do nascimento de Dom Bosco deram-se as beatificações de dois Irmãos mártires, que nos mostram alguns aspetos constitutivos do nosso carisma.
- Estêvão Sándor(1914-1953), beatificado em 2013 (cuja causa teve início em 2006), recorda a complementaridade das duas formas da única vocação consagrada salesiana: a laical (coadjutor) e a presbiteral. O testemunho luminoso de Estêvão Sándor, como salesiano coadjutor, exprime uma opção vocacional clara e decidida, exemplaridade de vida, competência educativa e fecundidade apostólica, à qual olhar para uma apresentação da vocação e missão do salesiano coadjutor, com predileção pelos jovens aprendizes e do mundo do trabalho.
- Tito Zeman (1915-1969), beatificado em Bratislava no dia 30 de setembro de 2017 (cuja causa teve início em 2010). Quando o regime comunista checoslovaco, em abril de 1950, vetou as ordens religiosas e começou a deportar consagrados e consagradas para os campos de concentração, ele acreditou que era necessária a organização de viagens clandestinas para Turim a fim de permitir que os jovens salesianos completassem os estudos. Tito encarregou-se de realizar essa arriscada atividade e organizou duas expedições para cerca de 20 jovens salesianos. Na terceira expedição, o padre Zeman foi preso com outros fugitivos. Sofreu um duro processo, no qual foi descrito como traidor à pátria e espião do Vaticano, e condenado à morte. Viveu o seu calvário com grande espírito de sacrifício e de oferta: «Mesmo que perdesse a vida, não a consideraria desperdiçada, sabendo que ao menos um dos que ajudei se tornou sacerdote no meu lugar».
» A dimensão da “paternidade e maternidade salesiana”: depois da grande paternidade de Dom Bosco, recordemos, entre outros, santa Maria Domingas Mazzarello, o beato Miguel Rua, o beato Filipe Rinaldi, o beato José Calasanz, a venerável Mãe Margarida, o venerável Vicente Cimatti, a venerável Teresa Valsé, o venerável Augusto Arribat, o servo de Deus Carlos Braga, o servo de Deus André Majcen…
» A dimensão episcopal: na variada esteira de santidade florescida na escola de Dom Bosco, distingue-se também um significativo grupo de bispos, que encarnaram de modo especial a caridade pastoral, típica do carisma salesiano, no ministério episcopal: Luís Versiglia (1873-1930), mártir e santo; Luís Olivares (1873-1943), venerável; Estêvão Ferrando (1895-1978), venerável e fundador; Otávio Ortiz Arrieta (1878-1958), venerável; Augusto Hlond (1881-1948), venerável, cardeal; Antonio de Almeida Lustosa (1886-1974), servo de Deus; Orestes Marengo (1906-1998), servo de Deus.
» A dimensão da “filiação carismática”. É muito interessante também notar que veneramos alguns santos que compartilharam com Dom Bosco algumas fases da vida, admiraram a sua santidade, a sua fecundidade apostólica e educativa, mas, depois, percorreram o próprio caminho com liberdade evangélica sendo, por sua vez, fundadores com as argutas intuições pessoais, o genuíno amor pelos pobres e a ilimitada confiança na Providência: São Leonardo Murialdo, São Luís Guanella, São Luís Orione.
A realidade descrita é muito bela, enche-nos de responsabilidade e encoraja-nos. Vê-se claramente que somos depositários de uma herança preciosa, que merece ser mais conhecida e valorizada. O perigo está em reduzir este património de santidade a um facto litúrgico-celebrativo, não valorizando plenamente as suas possibilidades de tipo espiritual, pastoral, eclesial, educativo, cultural, histórico, social, missionário… Os santos, beatos, veneráveis e servos de Deus são pepitas preciosas que devem ser retiradas da escuridão da mina para poder brilhar e refletir na Igreja e na Família Salesiana com o esplendor da verdade e da caridade de Cristo.
» O aspeto pastoral da pessoa deles diz respeito à eficácia que possuem como exemplos de sucesso de um cristianismo vivido em particulares situações socioculturais e políticas do mundo, da Igreja e da mesma Família Salesiana.
» O aspeto espiritual implica o convite à imitação das suas virtudes como fonte de inspiração e de projetos para o nosso estilo de vida e a nossa missão. O cuidado pastoral e espiritual de uma causa é uma autêntica forma de pedagogia da santidade, à qual deveríamos, em força do nosso carisma, ser particularmente sensíveis e atentos.
Termino o comentário ao Lema com esta rica e pontual informação, que me vem da nossa Postulação. Será, sem dúvida, de grande interesse para a nossa Família Salesiana e, de modo especial, para os muitos grupos da belíssima árvore da salesianidade que veem alguns dos seus membros incluídos num desses processos. Como escreveu o Padre Rua, a santidade de todos nós, seus filhos e suas filhas, será uma prova da santidade vivida que nos foi deixada em herança pelo mesmo Dom Bosco, amado Pai de toda a Família Salesiana espalhada pelo mundo.
Meus caros Irmãos e Irmãs, posso afirmar tranquilamente que a maior necessidade e a maior urgência que temos hoje no nosso mundo salesiano não é fazer coisas, projetar e redesenhar novas realidades, iniciar novas presenças…, mas mostrar o que as nossas vidas comunicam pessoal e coletivamente, o nosso modo de viver o Evangelho, que se realiza e estende no tempo como prolongamento do modo de viver de Jesus.40 Enfim, o que está em jogo é a nossa santidade
Sejamos santos, como o foi o nosso Pai e Fundador da nossa bela Família Salesiana espalhada atualmente pelo mundo!
O Papa João Paulo II, hoje santo, fez-nos um apelo entusiasta que, embora na altura fosse dirigido aos Salesianos, é valido para toda a Família Salesiana em geral e para cada um dos seus grupos. Ouçamo-lo novamente como uma palavra dirigida a cada um de nós e à nossa Instituição. Ele dizia assim:
Desejai «repropor com coragem “a busca da santidade” como principal resposta aos desafios do mundo contemporâneo. Trata-se, em conclusão, não tanto de começar novas atividades e iniciativas, mas de viver e testemunhar sem reservas o Evangelho, a fim de incentivar à santidade os jovens que encontrais. Salesianos do terceiro milénio! Sede apaixonados mestres e guias, santos e formadores de santos, como o foi São João Bosco. 41
Peçamos a Maria, Mãe e Auxiliadora, que nos conceda a luz necessária para ver com clareza e percorrer pessoalmente, com verdadeiro espírito, este caminho de vida. Ela sustente o esforço de cada um e de toda a nossa Família Salesiana no caminho da santidade salesiana, para o bem daqueles aos quais somos enviados e para nós mesmos.
Possa Ela, a Mãe, especialista no Espírito, realizar em nós as maravilhas da Graça como fez com todos os nossos santos.
A Auxiliadora nos acompanhe e nos guie.
Desejo-vos um ano fecundo e cheio de frutos de santidade.
Com afeto,
P. Ángel Fernández Artime
Reitor-Mor
A SANTIDADE VIVIDA NO CARISMA SALESIANO
A partir de agora o nosso lema é este:
a santidade dos filhos seja prova da santidade do pai (Padre Rua)
Elenco em 31 de dezembro de 2018
A nossa Postulação faz referência a 168 entre Santos, Beatos, Veneráveis, Servos de Deus.
As causas acompanhadas diretamente pela Postulação são 50.
Há também outras 5 causas confiadas à nossa Postulação.
SANTOS (nove)
São João Bosco, sacerdote
(data da canonização: 1º de abril de 1934) – (Itália)
São José Cafasso, sacerdote
(22 de junho de 1947) – (Itália)
Santa Maria Domingas Mazzarello, virgem
(24 de junho de 1951) – (Itália)
São Domingos Sávio, adolescente
(12 de junho de 1954) – (Itália)
São Leonardo Murialdo, sacerdote
(3 de maio de 1970) – (Itália)
São Luís Versiglia, bispo, mártir
(1º de outubro de 2000) – (Itália – China)
São Calisto Caravario, sacerdote, mártir
(1º de outubro de 2000) – (Itália – China)
São Luís Orione, sacerdote
(16 de maio de 2004) – (Itália)
São Luís Guanella, sacerdote
(23 de outubro de 2011) – (Itália)
BEATOS (cento e dezoito)
Beato Miguel Rua, sacerdote
(data da beatificação: 29 de outubro de 1972) – (Itália)
Beata Laura Vicuña, adolescente
(3 de setembro de 1988) – (Chile – Argentina)
Beato Filipe Rinaldi, sacerdote
(29 de abril de 1990) – (Itália)
Beata Madalena Morano, virgem
(5 de novembro de 1994) – (Itália)
Beato José Kowalski, sacerdote, mártir
(13 de junho de 1999) – (Polónia)
Beato Francisco K, leigo, e 4 companheiros, mártires
(13 de junho de 1999) – (Polónia)
Beato Pio IX, papa
(3 de setembro de 2000) – (Itália)
Beato José Calasanz Marqués, sacerdote, e 31 companheiros, mártires
(11 de março de 2001) – (Espanha)
Beato Luís Variara, sacerdote
(14 de abril de 2002) – (Itália – Colômbia)
Beato Artémides Zatti, religioso
(14 de abril de 2002) – (Itália – Argentina)
Beata Maria Romero Meneses, virgem
(14 de abril de 2002) – (Nicarágua – Costa Rica)
Beato Augusto Czartoryski, sacerdote
(25 de abril de 2004) – (França – Polónia)
Beata Eusébia Palomino Yenes, virgem
(25 de abril de 2004) – (Espanha)
Beata Alexandrina Maria da Costa, leiga
(25 de abril de 2004) – (Portugal)
Beato Alberto Marvelli, leigo
(5 de setembro de 2004) – (Itália)
Beato Bronislau Markiewicz, sacerdote
(19 de junho de 2005) – (Polónia)
Beato Enrico Sáiz Aparicio, sacerdote, e 62 companheiros mártires
(28 de outubro de 2007) – (Espanha)
Beato Zeferino Namuncurá, leigo
(11 de novembro de 2007) – (Argentina)
Beata Maria Troncatti, virgem
(24 de novembro de 2012) – (Itália – Equador)
Beato Estêvão Sándor, religioso, mártir
(19 de outubro de 2013) – (Hungria)
Beato Tito Zeman, sacerdote, mártir
(30 de setembro de 2017) – (Eslováquia).
VENERÁVEIS (dezassete)
Ven. André Beltrami, sacerdote
(data do Decreto super virtutibus: 15 de dezembro de 1966) – (Itália)
Ven. Teresa Valsé Pantellini, virgem
(12 de julho de 1982) – (Itália)
Ven. Doroteia Chopitea, leiga
(9 de junho de 1983) – (Espanha)
Ven. Vicente Cimatti, sacerdote
(21 de dezembro de 1991) – (Itália – Japão)
Ven. Simão Srugi, religioso
(2 de abril de 1993) – (Palestina)
Ven. Rodolfo Komorek, sacerdote
(6 de abril de 1995) – (Polónia – Brasil)
Ven. Luís Olivares, bispo
(20 de dezembro de 2004) – (Itália)
Ven. Margarida Occhiena, leiga
(23 de outubro de 2006) – (Itália)
Ven. José Quadrio, sacerdote
(19 de dezembro de 2009) – (Itália)
Ven. Laura Meozzi, virgem
(27 de junho de 2011) – (Itália – Polónia)
Ven. Atílio Giordani, leigo
(9 de outubro de 2013) – (Itália – Brasil)
Ven. José Augusto Arribat, sacerdote
(8 de julho de 2014) – (França)
Ven. Estêvão Ferrando, bispo
(3 de março de 2016) – (Itália – Índia)
Ven. Francisco Convertini, sacerdote
(20 de janeiro de 2017) – (Itália – Índia)
Ven. José Vandor, sacerdote
(20 de janeiro de 2017) – (Hungria – Cuba)
Ven. Otávio Ortiz Arrieta, bispo
(27 de fevereiro de 2017) – (Peru)
Ven. Augusto Hlond, cardeal
(19 de maio de 2018) – (Polónia)
SERVOS DE DEUS (vinte e quatro)
Exame da Positio ou da Redação em andamento
Elia Comini, sacerdote
(Itália)
Inácio Stuchly, sacerdote
(República Checa)
Antonio de Almeida Lustosa, bispo
(Brasil)
Carlos Crespi Croci, sacerdote
(Itália – Equador)
Constantino Vendrame, sacerdote
(Itália – Índia)
wierc, sacerdote e 8 companheiros, mártires
(Polónia)
Orestes Marengo, bispo
(Itália – Índia)
Carlos Della Torre, sacerdote
(Itália – Tailândia)
À espera do Decreto de Validade do Processo diocesano
Ana Maria Lozano, virgem
(Colômbia)
Processo diocesano em andamento
Matilde Salem, leiga
(Síria)
André Majcen, sacerdote
(Eslovénia)
Carlos Braga, sacerdote
(Itália – China – Filipinas)
Antonino Baglieri, Leigo
(Itália)
Antonieta Böhm, virgem
(Alemanha – México)
Rodolfo Lunkenbein, sacerdote
(Alemanha – Brasil)
e Simão Bororo, Leigo (Brasil), mártires
1 Citado em seguida como .
2 Exprimo a minha gratidão ao P. Pier Luigi Cameroni, Postulador Geral para as causas dos Santos, e à Sra. Lodovica Maria Zanet, colaboradora especialista da nossa Postulação Geral e conferencista de renome. Graças à visão deles, pude enriquecer estas páginas com elementos e conteúdos próprios da Postulação, mas que podem ser muito esclarecedores.
3 P. Chávez, Apropriemo-nos da experiência espiritual de Dom Bosco para caminhar na santidade segundo a nossa vocação específica, ACG 417 (2014); P. Chávez, “Queridos Salesianos, sede santos”, ACG 379 (2002); J. E. Vecchi, A beatificação do Coadjutor Artémides Zatti: uma novidade explosiva, ACG 376 (2001); Santidade e martírio no alvorecer do terceiro milénio, ACG 368 (1999); E. Viganò, Dom Bosco Santo, ACS 310 (1983); Projetemos de novo juntos a santidade, ACG 303 (1982); L. Ricceri, Padre Rua, apelo à santidade, ACS 263 (1971).
4 João Paulo II, Carta encíclica Redemptoris Missio, Cidade do Vaticano, 7 de dezembro de 1990, 28.
5 Agostinho, Confissões, 10,28.
6 Francisco de Sales, Introdução à vida devota I, 3.
7 Bento XVI, Catequese na Audiência geral de 13 de abril de 2011, Insegnamenti VII (2011), 451
8 Ibid., 450.
9 Bento XVI, Homilia na festa da Assunção de Maria, 15 de agosto de 2005.
10 Justamente para continuar este “caminho mariano” celebraremos em Buenos Aires de 7 a 10 de novembro de 2019 o VIII Congresso Internacional de Maria Auxiliadora intitulado: Maria mulher crente.
11 ISS, Fontes Salesianas. 1. Dom Bosco e a sua obra. Coletânea Antológica, EDB, Brasília 2015, 1132. O fragmento completo ao qual faço referência diz assim: «Um dia explicava-se a etimologia de certas palavras. “E Domingos, perguntou ele, que quer dizer?”. “Domingos, respondi, quer dizer do Senhor”. “Veja, acrescentou logo, se não tenho razão de lhe pedir que me faça santo; até o nome diz que devo ser do Senhor. Portanto, eu quero fazer-me santo, sinto que devo fazer-me santo e serei infeliz enquanto não for santo”».
12 ., 1131.
13 Cf. Const. , 2, 25, 65, 105; Const. FMA, 5, 46, 82.
14 M. Rua, Santificação nossa e das almas a nós confiadas. Carta do Reitor-Mor aos Inspetores e aos Diretores da América, Valsalice, 24 de setembro de 1894.
15 João Paulo II, Discurso por ocasião da visita à Pontifícia Universalidade Salesiana, 31 de janeiro de 1981, in L’Osservatore Romano, 8 de fevereiro de 1981, 1.
16 E. Viganò, Redescobrir o espírito de Mornese, in ACS 301 (1981), 24-25.
17 João Paulo II, Vigília de Oração da XV JMJ, Roma – Tor Vergata, 19 de agosto de 2000.
18 Bento XVI, Discurso na Festa de acolhimento dos jovens na Colônia, 18 de agosto de 2005.
19 Francisco, Homilia na Eucaristia do jubileu dos jovens e das jovens, Roma 24 de abril de 2016.
20 ISS, Fontes Salesianas. 1. Dom Bosco e a sua obra. Coletânea antológica, EDB, Brasília, 2015, 518.
21 J. E. Vecchi, Andate oltre. Temi di spiritualità giovanile, Elle Di Ci, Leumann (TO) 2002.
22 P. Chávez, Queridos Salesianos, sede santos, ACG 379 (2002), 10.
23 Ambrósio, De Virginitate, 40.
24 XV Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e a o discernimento vocacional. Instrumentum Laboris, LEV, Roma 2014, 214 (ed. italiana)
25 XV Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e a o discernimento vocacional. Reunião pré-sinodal. Documento final (19-24 de março de 2018), Parte II, Introdução. O documento está na página:
http://press.vatican.va/content/salastampa/it/bollettino/pubblico/2018/03/24/0220/00482.html#porto
26 XV Assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, Os jovens, a fé e a o discernimento vocacional. Documento final [Reunião pré-sinodal], LEV, Roma 2018, 167 (ed. italiana).
27 Bento XVI, Catequese na Audiência geral de 13 de abril de 2011: Insegnamenti VII (2011).
28 MB V, 356.
29 Paulo VI, Discurso durante a «via sacra», 24 de março de 1967.
30 Bento XVI, Carta Encíclica Deus caritas est, LEV, Roma 2005, 42.
31 Paulo VI, Discurso de 27 de junho de 1965, in E. Viganò, Reprojetemos juntos a santidade, in ACS 303 (1981), 23.
32 Oratório e igreja construída por Dom Bosco em Turim, dedicados a São João Evangelista [n.d.t.].
33 M. Menapace, Cuentos rodados, Patria Grande, Buenos Aires 1986 (tradução nossa).
34 Bento XVI, Catequese na Audiência geral de 13 de abril de 2011: Insegnamenti VII (2011).
35 P. Catry, Le tracce di Dio, in Aa. Vv., “La missione ecclesiale di Adrienne von Speyr. Atti del 2° Colloquio Internazionale del pensiero cristiano”, Jaca Book (= Già e non ancora), Milano 1986, 32 citado in L. M. Zanet, La santità dimostrabile. Antropologia e prassi della canonizzazione, Dehoniane, Bologna 2016, 204.
36 João Paulo II, Carta apostólica Novo Millennio Ineunte, Roma 2001, 31.
37 Dom Bosco recorda: «Percebi que aquele menino estava todo impregnado de espírito do Senhor e fiquei admirado com o trabalho que a graça divina já tinha operado em tão tenra idade», J. Bosco, Vida do jovem Domingos Savio, aluno do Oratório de São Francisco de Sales, com apêndice sobre as graças obtidas por sua intercessão, Ed. 5, Torino, Tipografia e Libreria Salesiana 1878 in ISS, Fontes Salesianas. 1. Dom Bosco e a sua obra. Coletânea antológica, EDB, Brasília 2017, 1124.
38 A estupefação, na história de Domingos Sávio, é tipicamente eucarística e encontra o seu momento de graça no dia da Primeira-Comunhão, visto como uma semente que, quando cultivada, é fonte de vida alegre e de compromissos decisivos: «O dia da primeira comunhão ficou-lhe para sempre gravado na memória, e podemos dizer que foi o início, ou melhor, a continuação de uma vida que poderia ser apontada como modelo de vida cristã. Alguns anos mais tarde, ao falar da primeira comunhão, o seu rosto transfigurava-se de emoção: “Oh! aquele dia foi para mim o mais belo da minha vida!”. Escreveu algumas lembranças que conservava cuidadosamente num livro de devoção e relia com frequência […]. 1º Confessar–me-ei frequentemente e farei a comunhão todas as vezes que o confessor me der licença. 2º Quero santificar os dias festivos. 3º Os meus amigos serão Jesus e Maria. 4º Antes morrer que pecar”. Estas lembranças, por ele muitas vezes repetidas, foram como que o Norte das suas ações até o fim da vida (Vida do jovem Domingos Savio, aluno do Oratório de São Francisco de Sales, com apêndice sobre as graças obtidas por sua intercessão, Ed. 5, Torino, Tipografia e Libreria Salesiana 1878 in ISS, Fontes Salesianas. 1. Dom Bosco e a sua obra. Coletânea antológica, EDB, Brasília 2015, 1118.
39 Ibid., 1151.
40 VC, 62.
41 João Paulo II, Mensagem de S.S. João Paulo II no início do CG25, in , 143.