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Ser jovem em tempos de pandemia – Desafios em Acolhimento

A pandemia tem colocado muitos desafios a toda a sociedade. Para os jovens, as novas rotinas podem ter impacto no seu bem-estar físico e emocional. Na Casa de Acolhimento dos Salesianos de Mirandela, salesianos e técnicos acompanham as mudanças.

O isolamento do mundo exterior, por um lado, e a coabitação permanente, por outro, criam desafios que necessitam de atenção, em especial entre jovens institucionalizados.

Jorge (nome fictício) lamenta a falta de liberdade e de atividades desportivas. “Foi um pouco difícil porque nós que estávamos habituados a ter uma certa liberdade e a ter outro comportamento dentro da Casa. Sem máscaras e distanciamentos sociais. Fazíamos atividades mais em equipa ou grupo, sendo que agora não é possível por causa da pandemia”. Rui e Luís (nomes fictícios) concordam que o mais difícil foi habituarem-se ao uso das máscaras e às novas rotinas.

A adaptação ao ensino à distância foi gradual. Rui refere ter tido dificuldades no início. “Os trabalhos eram difíceis, eram muitos, estava tudo mal organizado e não conseguíamos fazer tudo direito”, lamenta. Luís também critica a sobrecarga de trabalhos escolares. “Temos mais trabalhos do que na escola”. “Foi uma adaptação a outro tipo de ensino completamente diferente”, contrapõe Jorge. “Requer mais esforço e concentração para estarmos atentos e enquadrados na matéria. Mas, com alguma força e ajuda, lá se foi caminhando e lá está a resultar”, continua.

Rui revela que o convívio permanente trouxe dificuldades para alguns dos jovens da Casa na relação com colegas e educadores. “Eu acho que algumas relações começaram a piorar mais por causa do stress de estarmos todos aqui fechados e em constante comunicação uns com os outros, começamos a cansar-nos”. Jorge tem a opinião que a adaptação requer algum esforço. “Acho que nos estamos a adaptar bem. No início, custou. Estamos praticamente todos os dias com eles, mas com um bocado de esforço estamos a conviver melhor”.

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Outro desafio importante para estes jovens é a convivência com as famílias. Alguns mantêm as visitas regulares à família, outros sentem falta desse convívio. Luís mantém o contacto, mas só por telefone. Jorge tem mantido as visitas, “com cuidado”, mas lamenta que a maior parte dos colegas não o possa fazer. “Eu pessoalmente posso estar presencialmente com eles, o que é uma coisa boa porque a maior parte dos utentes não tem esse privilégio”. Rui também está com a família todos os fins de semana. “No meu caso também estou bem, mas há casos que não têm a mesma hipótese”.

Jorge, Rui e Luís anseiam pelo retorno à normalidade mas deixam uma mensagem a todos os jovens: respeitar as normas, proteger-se e proteger os outros.

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