Não é possível falar sobre D. Bosco sem falar dos jovens, porém, quando pensamos sobre este Santo existe outro aspeto, também ele incontornável, a comunicação. A faceta de D. Bosco enquanto editor não é a mais conhecida, contudo, ela reveste-se de especial importância, uma vez que para D. Bosco este foi um importante campo da sua missão.
A comunicação tem sido, desde sempre, alvo de grande reflexão, interesse e atualidade.
Com uma ampla compreensão do que era a comunicação, para D. Bosco, este era um campo prioritário da sua missão: “A difusão de bons livros é um dos principais objetivos da nossa Congregação … Peço-vos que não negligenciem essa parte muito importante da nossa missão”. Além da imprensa e da “difusão de bons livros”, Dom Bosco recorria a todos os instrumentos e linguagens de comunicação disponíveis, no seu tempo, em prol da educação e dos seus jovens, a maioria deles sem qualquer tipo de instrução, nomeadamente, ao teatro, à música, entre outras atividades. Ele sabia contar histórias, celebrar, confessar, o que o tornava um comunicador nato.
Com uma visão perfeitamente orientada para a educação dos mais jovens e para a evangelização dos mais pobres e necessitados, D. Bosco pensou a comunicação como se de um sistema integrado se tratasse: “As nossas publicações tendem a formar um sistema ordenado, que abrange em grande escala todas as classes que compõem a sociedade humana”.
A sua forma de entender a comunicação era realmente revolucionária e foi notada por muitos, por exemplo, Umberto Eco – antigo aluno salesiano -, e um dos grandes especialistas no estudo da comunicação, atribuiu a D. Bosco, num dos seus artigos, o mérito de uma “grande revolução” no campo da comunicação. No seu oratório D. Bosco apresentou uma nova forma de comunicar, de “estar juntos”, que deu origem a uma estratégia eficaz para uma sociedade de comunicação de massas, e que não implicou a existência de rádio, televisão, jornais ou cinema, mas apenas a existência de grupos, de música, de verdade – novos canais para a difusão da mensagem.
Para Eco, a maior obra de D. Bosco foi, sem dúvida, o Oratório: “O Oratório é a grande revolução de Dom Bosco. Dom Bosco a inventa e, depois, a exporta à rede das paróquias e da Ação Católica, mas o núcleo está aí, quando este genial reformador entrevê que a sociedade industrial requer novos modos de agregação, antes juvenil e depois adulta, e inventa o oratório salesiano: uma máquina perfeita em que há canais de comunicação, do jogo à música, do teatro à imprensa”, conclui Umberto Eco.
Comunicação e animação espiritual
D. Bosco cedo compreendeu, também, a importância e o poder da informação para a animação espiritual, bem como para o despertar da sociedade para a nobreza da sua missão. Surgia assim o Boletim Salesiano, que veio dar resposta a esses dois objetivos ao mesmo tempo que dava a conhecer a todos o vasto campo das atividades dos Salesianos. Atualmente, o Boletim Salesiano é publicado em 32 línguas.
Hoje, as possibilidades de oferecer informações e de criar comunhão, seguindo os passos de D. Bosco, são inúmeras: entre elas a ANS, os vários sites da Congregação, as redes sociais, entre muitas outras ferramentas digitais que se encontram à disposição de todos e à distância de um clique.
Em Portugal, e em linha com o seu fundador, os Salesianos, continuam a privilegiar o setor da comunicação e, em particular o da comunicação social, através de uma editora no mercado português, desde 1947, três livrarias: Porto, em Lisboa e Évora, uma rádio, várias publicações e, mais recentemente, uma app.
Em 1946 Dom Bosco foi declarado patrono dos editores católicos.