É eleito pelo Capítulo Geral 24 para Superior dos Salesianos. Foi o primeiro Reitor-Mor não italiano. Curiosamente, da primeira missão salesiana sonhada por Dom Bosco, a Argentina.
O Pe. João Edmundo Vecchi nasceu em Viedma, na Argentina, a 23 de junho de 1931, de pais italianos. O seu pai era primo do Beato Artémides Zatti.
Aos 11 anos foi enviado para a escola de Fortín Mercedes, onde amadureceu a sua inclinação para a vida salesiana. Fez a profissão salesiana no dia 28 de janeiro de 1948. Depois dos estudos filosóficos e do tirocínio prático, frequentou o Ateneu Salesiano em Turim, Crocetta, para os estudos teológicos, que concluiu com a Licenciatura em Teologia, em 1958, e com a ordenação sacerdotal a 1 de julho do mesmo ano. Regressou à Argentina onde desenvolveu diversas atividades na Província da Patagónia norte: catequista do aspirantado, diretor e professor. É recordado pela sua retidão e disciplina.
Em 1968 integra o Conselho Provincial. Em 1971 foi eleito como Delegado ao Capítulo Geral 20. Logo depois do Capítulo, retornando à Argentina, foi chamado para Roma pelo Reitor-Mor, padre Luís Ricceri, que lhe confiou o cargo de Conselheiro Regional para as Províncias da Argentina, do Brasil, do Paraguai e Uruguai (1972-1977), em substituição do padre José Gottardi que tinha sido eleito pelo Capítulo, mas que havia sido nomeado bispo.
No CG21, em dezembro de 1977, o padre João Vecchi foi eleito Conselheiro para a Pastoral Juvenil, tarefa que desenvolveu ao longo de 12 anos. Na história da Congregação ao Pe. Vecchi caberá o lugar de grande inovador da pastoral juvenil salesiana.
Em 1990, no CG23 foi escolhido como Vigário Geral, no último mandato do Pe. Egídio Viganò.
Seis anos mais tarde, no dia 20 de março de 1996, foi eleito Reitor-Mor, o primeiro Reitor-Mor vindo das missões, curiosamente, da primeira missão salesiana sonhada por Dom Bosco.
Numa das suas primeiras cartas circulares convida a Congregação a retornar decididamente aos jovens mais pobres e lança uma nova fronteira missionária: os jovens refugiados do mundo, os mais pobres entre os pobres, para o meio dos quais queria enviar os salesianos. Quis também que a Congregação e a Família Salesiana fizessem ouvir a sua voz diante das instituições civis, dos poderes públicos e económicos. Afirmou que a globalização tinha deixado à margem do desenvolvimento jovens em todo o mundo. O Valdocco dos tempos de Dom Bosco, tornara-se amplo como o mundo.
Defendia que os salesianos deveriam acompanhar os jovens no local onde estes se encontravam, incentivava o Movimento Juvenil Salesiano a organizar grandes encontros e manifestações culturais, e defendeu a criação na Internet de um Oratório virtual aberto a todos os jovens.
Na dimensão missionária orientou a Congregação na qualificação das presenças missionárias existentes e a caminhar em direção a novas fronteiras. Para suscitar renovado entusiasmo pelas missões, depois de uma visita a África, lançou o projeto da “adoção”: pediu a contribuição mínima de um irmão por Província, para enviar para as missões. Era o ano 2000, e comemoravam-se os 125 anos da primeira expedição missionária.
Também a comunicação salesiana mereceu a sua especial atenção: apoiou a renovação e relançamento do Boletim Salesiano no mundo, defendeu a inclusão das novas tecnologias no ensino, dando mesmo o exemplo e fazendo uso do vídeo e de “powerpoints” nas suas conferências. Na Casa Geral promoveu a renovação completa da estrutura de informática. Não achou, e bem, que as novas tecnologias seriam um luxo, mas um instrumento importante para a educação.
Era metódico, eficaz a captar o ponto central das questões, mas respeitoso das opiniões dos outros. Era delicado no trato com as pessoas, sempre positivo e encorajador. Sorridente, gostava das coisas simples, de passeios na natureza, do vinho e do tango argentino.
Foi surpreendido pela doença e tentou enfrentá-la até ao diagnóstico feito pelos médicos de que haveria pouca esperança na cura. Aceitou a nova situação com serenidade. Refletiu sobre o acompanhamento e sobre a pastoral dos enfermos. As suas reflexões foram publicadas na Páscoa de 2001 numa carta aos enfermos em que ele percorre as estações da Via Sacra, que o enfermo vive. No mesmo ano escreveu de novo sobre o tema: “Enfermidade e ancianidade na experiência Salesiana”, a sua última carta circular. Um dos projetos que sugere é a criação de obras que sirvam de forma digna os irmãos doentes.
Faleceu a 23 de janeiro de 2002.