Ucrânia: A viagem de Lisboa até Cracóvia de um antigo aluno salesiano

A viagem de Miguel Stanley, antigo aluno dos Salesianos do Estoril, entre Lisboa e Cracóvia, na Polónia, teve dois propósitos: levar o sogro ucraniano de regresso ao seu país e ajudar famílias ucranianas em fuga. O Diário de Notícias noticiou a iniciativa do português casado há 10 anos com uma ucraniana que na bagagem levou material médico e bens de primeira necessidade.

“A preocupação com o que poderia vir a acontecer já tinha levado Miguel a ir buscar há três semanas os sogros à Ucrânia, trazendo-os para Portugal, onde têm visto de residência”, conta o diário. A intensificação da violência e a invasão da Ucrânia no dia 24 de fevereiro pela Rússia, precipitaram a decisão. Os relatos dos familiares na Ucrânia e as imagens que chegavam à família em Portugal levaram o sogro, Viktor, a decidir regressar ao seu país para “juntar-se ao esforço nacional para defender a pátria”. “Nós tentámos dissuadi-lo, mas não havia meio de o fazer e percebemos que há momentos na vida de um homem em que o destino é maior, em que a vontade de ajudar é maior do que a vontade de sobreviver”, recorda o antigo aluno salesiano e médico dentista de profissão.

Miguel começou a planear a viagem até à Polónia, perto da fronteira com a Ucrânia. “Desafiei um amigo para me ajudar a fazer a viagem e aluguei uma carrinha muito grande. Fui à clínica pedir bens médicos, fui a uma farmácia, comprei antibióticos, gaze, e não parámos por aí. Comprámos powerbanks, walkie talkies, tudo o que poderíamos levar para ajudar esta gente. E arrancámos domingo [27 de fevereiro] às 11 da manhã”, conta Miguel ao Diário de Notícias.

“Pelo caminho, uns amigos portugueses do médico dentista ligaram-lhe a dizer que queriam ajudar. Apanharam um avião para Frankfurt, alugaram outra carrinha e, com a ajuda de colegas alemães, ainda fizeram duas paragens, em Ansbach e em Leipzig, para recolher mais bens. Desde material de emergência médica, como torniquetes, gaze, suturas, esterilização, sacos para sangue, a bens para as mulheres e crianças refugiadas, como leite em pó, biberões, pensos, fraldas, roupa e brinquedos”.

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Chegados a Cracóvia, em contacto com um colega polaco, foi possível realizar o desejo de Viktor e integrá-lo numa equipa está a fazer o corredor de transporte de material médico da Polónia para a Ucrânia. “A missão hoje era entregá-lo a essa equipa. Depois está nas mãos de Deus”, desabafou.

No dia 6 de março Miguel Stanley regressou a Lisboa. Na carrinha alugada trouxe cinco refugiados ucranianos, duas mulheres e três menores. Uma das famílias até Barcelona, onde foi acolhida por amigos. A outra família veio para Portugal, onde se juntou ao pai a trabalhar no nosso País. A mulher e os dois filhos foram alojados em casa da família portuguesa que emprega o marido.

A viagem, bem sucedida, foi ensombrada “pela falta de notícias de Victor”, conclui o artigo do jornal.

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