Os Salesianos da Polónia já acolheram 500 refugiados, estando ainda, a trabalhar para encontrar mais 600 camas. Estão neste momento a hospedar principalmente mulheres e crianças de todas as idades, tentando ao máximo criar um espaço onde possam estar seguras e confortáveis.
Desde o início da guerra que todos os dias o trabalho para ajudar as populações intensifica-se. As necessidades de recolha de bens e fundos, transportes e organização de alojamento aumentam todos os dias. Na Polónia abriram vários Oratórios para as crianças ucranianas e para as suas mães fornecendo assistência psicológica e jurídica.
No terreno, nas províncias salesianas da Polónia, da Eslováquia e da Ucrânia há pessoas designadas para comunicar todas as necessidades e fazer o relatório do que está a ser realizado.
“Amanhã voltaremos para casa”
Tetiana é ucraniana e vive na capital da Polónia nos últimos dois anos. Sempre a sorrir, a primeira coisa que ela esclarece é que o seu nome é Tetiana, não Tatiana, que é um nome russo. «Por esta razão, tive alguns problemas com meu passaporte, mas não importa, eu sou ucraniana e sou forte», diz.
Voluntária no oratório salesiano de Varsóvia, ajuda e faz o trabalho de tradutora para as mães ucranianas que não falam polaco. «Estou feliz em ajudar aqui, e ainda mais nesta altura”. Apesar de não estar na Ucrânia, ela sofre diariamente pelo seu país: “A guerra realmente começou há oito anos, e eu perdi muitos amigos durante este período. Todos os dias acordo a pensar se deveria voltar para ajudar o meu país e estar com minha família, que ainda está lá. Penso muito sobre isso e não sei como dar uma resposta a mim mesma”.
Na semana passada ela acolheu uma amiga ucraniana e o seu filho. Fugiram de Lviv depois das primeiras bombas terem caído e todas as manhãs a mãe repete uma frase que Tetiana usa para se animar: “Amanhã voltaremos para casa”. Essa mentalidade forte que todas as mulheres refugiadas têm, e essa frase em particular, “ajuda a manter-me serena porque sei que esse amanhã vai ser realidade se nos mantivermos unidos”, explica a jovem voluntária salesiana.
O poder de um doce
A mãe de Malina não quer chorar em frente a ela. Como no filme “A Vida é Bela”, ela tenta ver a sua fuga da Ucrânia como uma aventura e não como uma tragédia. Aos 9 anos de idade, Malina fica espantada com tudo o que está a conhecer: um novo país, muitas pessoas à sua volta e demonstrações de carinho e solidariedade que ela não sabe interpretar. “Somos famosos?”, perguntou à sua mãe.
Fugiram da Ucrânia oriental e foram separadas do resto de seus entes queridos: dois dias à espera de um autocarro, outros dois dias de viagem rodeadas de mães e filhos como elas, e mais um de comboio, até chegarem à fronteira com a Polónia. Ladomila aprendeu a falar lenta e suavemente com a sua filha porque sabe que isso ajuda a acalmar ambas.
Na fronteira, Malina recebeu um peluche que ela abraça para dormir, e na Estação Central de Varsóvia ela recebeu um brinquedo dos seus personagens favoritos da Disney. Quando Ladomila viu o rosto feliz da sua filha quando personagens mascarados de desenhos animados lhe davam doces e chocolates, ela fez uma promessa a si própria de, onde quer que elas vão, fará tudo para que a Malina nunca pare de sorrir, cresça em paz e seja feliz.
Podem contribuir
Os Salesianos em Portugal, através da plataforma Missão Dom Bosco – Fundo Solidário Salesiano, decidiram concentrar toda a sua ajuda na recolha e envio de donativos monetários. Contudo, outras províncias Salesianas estão a doar bens essenciais, nomeadamente, alimentos e medicamentos.
Até ao momento foram angariados em todo o mundo salesiano mais de um milhão de euros para a Ucrânia.