D. Joaquim Mendes: «Precisamos de trazer a família para o centro das preocupações pastorais»

D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa e presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, destacou investimento necessário na preparação para o Matrimónio no final do X Encontro Mundial das Famílias que decorreu em Roma com o Papa Francisco entre 22 e 26 de junho.

D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família (CELF), afirmou que a Pastoral Familiar deve estar no “centro” da vida das comunidades católicas, apontando ao investimento necessário na preparação para o Matrimónio.

“Precisamos de trazer a família para o centro das preocupações pastorais da Igreja e da sua missão, porque a Pastoral Familiar é transversal”, destacou o responsável no final do X Encontro Mundial das Famílias que decorreu em Roma com o Papa Francisco entre 22 e 26 de junho.

Para o Bispo salesiano é necessário “romper” com esquemas habituais, propondo que “algumas zonas pastorais, dioceses, tenham um catecumenado batismal e depois este catecumenado na preparação para o Matrimónio”.

“Devemos propor para o sacramento do Matrimónio um tempo longo de preparação, para que haja menos matrimónios nulos e haja famílias com identidade cristã, com uma missão concreta na Igreja e no mundo”, indica.

O Bispo Auxiliar de Lisboa comentava a apresentação do novo itinerário de catecumenado matrimonial, assinalando que o mesmo permite “ultrapassar a dimensão apenas da festa, da boda, da celebração, muitas vezes ligada até a indústrias, levando ao núcleo fundamental que é a família como vocação e como missão, na Igreja e no mundo”.

“Este itinerário traz um desafio: ter casais com formação adequada, que lhes permita fazer o acompanhamento de outros casais. É um défice que existe”, assume.

O Vaticano publicou a 15 de junho um documento com novas orientações para o Matrimónio, com prefácio do Papa Francisco, para quem é necessário evitar a celebração de uniões “nulas ou inconsistentes”.

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O presidente da CELF sustenta que a mudança tem de ser “gradual, progressiva e muito bem explicada, motivada”.

“É possível que haja alguma resistência, porque há uma certa segurança no esquema do ‘fez-se sempre assim’”, admite.

Questionado sobre a necessidade de uniformizar os vários caminhos de preparação para o Matrimónio, nas paróquias e movimentos, D. Joaquim Mendes considera necessária “uma certa unidade, sobretudo nos critérios e conteúdos”.

“É preciso também que as dioceses e os movimentos renovem as equipas de Pastoral Familiar, da preparação para o Matrimónio”, propõe.

O responsável português sublinha a participação dos 63 casais que partilharam a sua experiência, no X EMF, mostrando que as famílias são “sujeito de evangelização”.

O presidente da CELF deseja, por exemplo, que “os catequistas sejam esposos e proporcionem neste itinerário catecumenal uma experiência da própria família, às crianças”.

Após a Missa na Praça de São Pedro e o envio das famílias, no sábado, o EMF terminou no dia 26 de junho com a oração do Ângelus presidida pelo Papa Francisco.

O X Encontro Mundial das Famílias decorreu de uma forma “multicêntrica e generalizada”, em Roma e nas várias dioceses do mundo, após ter sido adiado por um ano, devido à pandemia de Covid-19.

A delegação de Portugal no Vaticano foi constituída pelos seis casais do Departamento Nacional da Pastoral Familiar; o presidente da Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF), D. Joaquim Mendes; D. Armando Esteves, vogal da mesma comissão; José Francisco Cruz, secretário da CELF; a irmã Inês Senra; e o assistente nacional DNPF, padre Francisco Ruivo.

Texto: Octávio Carmo/Agência Ecclesia Fotografias Ricardo Perna/Família Cristã

Reportagem em Roma no âmbito do X Encontro Mundial das Famílias resulta de uma parceria entre a Agência Ecclesia, a Família Cristã, o Diário do Minho e a Associação de Imprensa de Inspiração Cristã

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