Uma delegação das “Missioni Don Bosco” de Turim visitou as presenças salesianas do Congo e da República Democrática do Congo.
Foi a segunda viagem do procurador das “Missioni Don Bosco”, entidade italiana que há 30 anos apoia o trabalho dos missionários salesianos nas zonas do mundo em maior dificuldade. O Padre Daniel Antunez, salesiano argentino, acompanhado pela fotojornalista Ester Negro, visitou as presenças salesianas do Congo e da República Democrática do Congo. A realidade nestes dois países africanos é difícil: pobreza, desemprego, falta de escolas, falta de oportunidades. A sustentabilidade das obras salesianas é uma grande preocupação. Mas, afirma o salesiano, “a missão dos salesianos é um motivo de confiança no futuro, talvez o único”. Os representantes das “Missioni Don Bosco” visitaram inúmeros centros, onde é difícil fazer uma avaliação dos trabalhos em curso, uma vez que todos eles vivem no limiar da sustentabilidade.
Apesar das muitas dificuldades, os missionários são confortados com o apoio da população, famílias, mães adotivas, voluntários, principalmente mulheres. São mulheres como Anita Perez Duqye, venezuelana que apoia o lar de crianças órfãs e abandonadas de Mbuji-Mayi, na República Democrática do Congo, onde o seu irmão, o salesiano missionário Pe. Mario Perez, resgata crianças e jovens das ruas. Ou Malanie uma das mães adotivas, que empresta o colo e os seus braços aos bebés e às crianças que chegam ao centro. “As mulheres são o pilar de tudo”, afirma o Pe. Daniel Antunez, “têm uma força incrível, uma alegria interior que se manifesta de uma forma tangível”.
“A rua não é a minha mãe nem o meu pai, a rua não tem filhos, a rua não tem cabeça nem coração. O que eu sou, expresso cantando a minha dor. Não há diferença entre mim e o seu filho, senhor. Não há diferença entre mim e o seu filho, minha senhora”. As palavras são de “André”, um jovem rapper de 15 anos, que há alguns anos encontrou no Lar para Crianças de Rua de Pointe Noire, no Congo, quem tomasse conta dele. O Padre Alcide Baggio dirige o Lar e a comunidade salesiana localizada nos arredores da cidade, onde vive a população mais desfavorecida. A pequena delegação das “Missioni Don Bosco” pôde ver e ouvir os relatos da real pobreza daquele local, de que a violação dos direitos das crianças e das mulheres e a delinquência são uma consequência terrível. O Lar acolhe cerca de 50 crianças. Os espaços são sempre insuficientes devido à impossibilidade de dizer não aos muitos que batem à porta. Os missionários trabalham diariamente pela mudança, uma tarefa que é tudo menos simples, mas que eles fazem com todo o seu coração e dedicação. A recompensa são histórias como as de “André”, que hoje frequenta a escola com bons resultados e que graças à ajuda recebida sabe que é a formação que o pode salvar da pobreza.
Nos arredores de Pointe Noire, numa zona onde cresceu uma lixeira descontrolada, os salesianos têm outra casa. Um edifício quase vazio, pouco mais do que um barracão, que serve de igreja, de salão de reuniões e de sala de estudo. Ali perto fica a sede salesiana. Um grupo de crianças estava à espera dos visitantes; quando chegaram, cercaram-nos com gritos e aplausos de boas-vindas. Muitas crianças que frequentam este oratório não vão à escola por estar demasiado longe: uma situação que prefigura o analfabetismo, a marginalização, a pobreza. “O sentimento de impotência é forte, a preocupação pela sobrevivência e crescimento dessas crianças é grande”, observa o presidente das “Missioni Don Bosco”.
Na República Democrática do Congo, em Tshikapa, zona de extração de diamantes, a comitiva é recebida em festa no pátio do oratório por cerca de uma centena de crianças. Numa área fora da cidade, no meio do nada, está a nascer um novo complexo escolar dos Salesianos e uma escola primária. Uma nova comunidade de quatro Salesianos vai assegurar o início das atividades tão necessárias.
Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália.
Publicado no Boletim Salesiano n.º 596 de janeiro/fevereiro de 2023
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