Mensagem do Reitor-Mor aos leitores do Boletim Salesiano.
«Uma vez mais, pude constatar pessoalmente, viajando pelo mundo salesiano, que Maria Auxiliadora – como Dom Bosco prometeu – é um farol de luz, um porto seguro, o amor materno de seu filho e de todos nós».
Caros amigos de Dom Bosco, do Boletim Salesiano e do seu precioso carisma, tal como muitas vezes faço, quero partilhar convosco, neste mês de maio, um facto que recentemente vivi e que me tocou o coração e, ao mesmo tempo, me fez refletir muito sobre a responsabilidade que temos em relação à devoção a Maria Auxiliadora.
No dia em que João Bosco entrou no seminário, Mãe Margarida disse-lhe: «Quando vieste ao mundo, consagrei-te à Bem-Aventurada Virgem: quando iniciaste os teus estudos, recomendei-te a devoção a esta nossa Mãe. Agora recomendo-te que sejas todo seu: ama os companheiros devotos de Maria; e, se fores sacerdote, recomenda e propaga sempre a devoção a Maria». «Ao acabar de dizer estas palavras, a minha mãe estava comovida. Eu chorava. Mãe, respondi-lhe, agradeço por tudo o que disse e fez por mim; estas suas palavras não serão ditas em vão e farei tesouro delas em toda a minha vida».
Como as Memórias Biográficas recordam com frequência, Dom Bosco lançou-se nos braços da Divina Providência como uma criança nos de sua mãe.
No fim de março, quando me desloquei de novo ao Peru – na América Latina – quis ir ao noroeste do país e visitar uma cidade e uma presença salesiana muito significativa. Por diversos motivos.
Antes de tudo, porque Piura é chamada pelos mesmos habitantes do lugar “a cidade do eterno calor” ou também “a cidade onde o verão nunca termina”, ali certamente faz muito calor e a humidade torna-a ainda mais quente.
Mas, ao mesmo tempo, é uma cidade muito salesiana. Mais de um século de presença que marcou o espírito das pessoas com um estilo de relação e de laços educativos e relacionais muito familiar, muito simples, em suma, muito salesiano.
Sobretudo, é uma cidade muito mariana, e na órbita das duas presenças salesianas é muita devota de Maria Auxiliadora.
Por fim, gostaria de sublinhar o magnífico serviço educativo que desde o início a presença prestou com a Escola Dom Bosco e, sobretudo nas últimas décadas, com a presença salesiana de Boscónia. Uma presença humilde e bela num dos bairros mais problemáticos, mais periféricos e mais pobres. Graças ao envolvimento de muitas pessoas, quer na sociedade civil quer na Igreja, e, sobretudo, graças ao carisma de Dom Bosco, esta zona da cidade continua a transformar-se, dando oportunidade de formação profissional a centenas de rapazes e de raparigas. Hoje saem desta casa salesiana com um curso profissional, formados para o mundo do trabalho.
Na Boscónia há até um magnífico centro médico salesiano gerido por um ramo da nossa família, as Salesianas.
Creio que descrevi rapidamente aquilo que encontrei na “cidade do eterno calor”. Tudo é digno de nota, mas fiquei especialmente impressionado com a profunda devoção a Maria Auxiliadora. Quase inesperadamente – porque só duas semanas antes eu havia anunciado que gostaria de ir conhecê-los – encontrei-me às 18 horas de um dia normal de trabalho no meio de uma multidão de mais de três mil pessoas, reunidas para celebrar a Eucaristia em honra da nossa Mãe Auxiliadora.
Vi centenas de crianças e de jovens com os seus pais, dezenas e dezenas de rapazes, de raparigas e de adolescentes dos vários oratórios salesianos, professores, educadores, etc…
O “eterno calor da cidade” parecia insignificante comparado com a fé, a devoção, a interioridade e a oração, o cântico e tudo aquilo que eu imaginava enchesse o coração daquelas pessoas, tal como enchia o meu.
Uma vez mais, pude constatar pessoalmente, viajando pelo mundo salesiano, que Maria Auxiliadora – como Dom Bosco prometeu – é um farol de luz, um porto seguro, o amor materno de seu filho e de todos nós, seus filhos e filhas. É a MÃE a quem nos confiamos e que nos conduzirá sempre ao seu amado Filho. Também o vi em Piura.
E ao mesmo tempo gostaria de acrescentar outro pequeno comentário com uma necessária autocrítica a todos nós, filhos e filhas de Dom Bosco. Trata-se disto: o espírito de Deus chega onde quer e toca o coração dos seus fiéis como só Ele sabe fazer. É o caso da devoção à Mãe do Filho de Deus. Mas quis sempre contar connosco. A minha nota crítica é que nem em toda a parte do mundo a Mãe do Céu, a nossa Mãe Auxiliadora, foi dada a conhecer do mesmo modo, com a mesma intensidade, com a mesma paixão apostólica. Há lugares onde desenvolvemos escolas, onde avançámos, onde certamente procurámos o bem das pessoas, mas não conseguimos fazê-la conhecer e amar.
Isto seria incompreensível para Dom Bosco. Dir-vos-ei que para mim é igualmente incompreensível e inaceitável. Porque, além disso, se na família de Dom Bosco houvesse pessoas que não fizessem referência à Auxiliadora, seriam outra coisa, mas não seriam filhos e filhas de Dom Bosco. Ela, a Mãe, e a devoção à Auxiliadora como Mãe do Senhor e nossa mãe não é facultativa no carisma salesiano, como não o era para Dom Bosco. É, simplesmente, essencial. «Maria Santíssima é a fundadora e será o sustentáculo das nossas obras, repetia continuamente Dom Bosco. Ela será generosa connosco de dons temporais e espirituais, será a nossa guia, a nossa mestra, a nossa mãe. Todos os bens do Senhor nos vêm por meio de Maria».
Num dos seus sonhos, Dom Bosco viu uma nobilíssima Senhora envergando vestes reais que se assomou da varanda gritando: «Meus filhos, vinde, refugiai-vos sob o meu manto».
É meu vivo desejo que ela, a Mãe do Filho predileto, ela, a Auxiliadora, continue a ser especial em toda a parte do mundo como o é na “cidade do eterno calor”, Piura, no Peru.
Boa festa de Maria Auxiliadora a todos em todo o mundo.
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