Durante a sua quarta e última visita a Portugal, como Reitor-Mor da Congregação Salesiana, realizámos uma entrevista, com o Cardeal D. Ángel Fernández Artime, em Fátima, onde esteve presente para participar no Dia Nacional do Movimento Juvenil Salesiano e na Peregrinação da Família Salesiana àquele santuário mariano.
Uma breve entrevista, que convidamos todos a ler, onde o Reitor-Mor aborda a importância da juventude no carisma salesiano, os desafios atuais da Congregação e suas perspetivas para o futuro.
Esta é a sua quarta, e última, visita a Portugal enquanto Reitor-Mor da Congregação. Como é testemunhar o crescimento espiritual, e humano, dos jovens, através do carisma salesiano?
Penso que o carisma de Dom Bosco é, também, um dom do Espírito Santo para a Igreja. Então, quando nós ajudamos os jovens a fazer um caminho para chegar a Cristo, estamos a fazer um bem à Igreja, e, não só, à espiritualidade salesiana.
Penso, verdadeiramente, que os jovens, que estão a fazer um caminho espiritual profundo, podem continuar a crescer na fé, e têm muito a fazer, para poderem acompanhar e ser referentes para os outros jovens. É um caminho muito bonito na nossa Igreja.
Quais são as memórias mais tocantes que guarda das interações com os jovens salesianos de Portugal?
A primeira coisa que eu diria é que sempre senti, nos jovens de Portugal, uma caraterística que vocês têm, vocês são muito carinhosos, muito afetuosos.
O outro aspeto, muito importante para mim – falo dos jovens que mais conheço -, é que os jovens do mundo salesiano são jovens com muita sensibilidade religiosa. Então temos possibilidades extraordinárias.
Eu levo no meu coração essa forte experiência.
De que forma, as novas funções que irá desempenhar enquanto Cardeal, poderão ampliar a sua capacidade de servir a Igreja e os jovens de todo o mundo?
Penso que a vida de uma pessoa não termina quando deixa um serviço para começar outro. Acredito que Deus, que conduz a vida de todos nós, e, também a minha, me deu a oportunidade de poder continuar a servir toda a Igreja, não só no que virei a fazer, mas já no meu serviço como Bispo e Cardeal, com o mesmo modo de servir a igreja como estive sempre. Seja, neste momento, aqui junto a vós, como Reitor-Mor, mas também como Bispo e Cardeal.
Estou certo de que terei muitas oportunidades para continuar a acompanhar a vida dos jovens e a estar presente, em algum momento, com os jovens.
Qual é o seu sonho para a Congregação Salesiana?
Essa é uma pergunta para a quel tenho uma resposta muito clara. O meu sonho para a Congregação Salesiana, no presente e no futuro, é o de uma grande fidelidade carismática ao Senhor Jesus, através da fidelidade ao estilo de Dom Bosco.
A minha maior alegria será, depois de algum tempo, me dizerem: “Pe. Ángel, a sua congregação – porque sempre será a minha congregação, porque eu serei sempre salesiano – é mais fiel, hoje, do que quando D. Ángel era Reitor-Mor”. Seria a melhor notícia que me poderiam dar.
E a última. Que mensagem ou desafio gostarias de deixar aos jovens das obras salesianas de Portugal? E que palavras gostaria de deixar também aos educadores salesianos?
Aos jovens, sem dúvida, quero pedir que sejam jovens, jovens cristãos, e salesianos, que levam sempre Deus, o Senhor Jesus, no seu espírito, e na sua vida. Penso que a melhor coisa que podemos oferecer aos jovens é, precisamente, a experiência forte de que Deus os ama a todos, e de que não se pode viver, da mesma forma, sem Deus.
Aos meus irmãos e irmãs salesianos, como todos a todos os educadores leigos e leigas, quero recordar que vós sois os braços de Dom Bosco; vós sois, hoje, o sorriso de Dom Bosco; vós sois, hoje, a palavra para que Dom Bosco possa continuar a ajudar a juventude. Por isso, fico muito feliz por sentir que a missão salesiana, hoje, está viva e mais viva, ainda, do que noutros tempos. Estamos a caminhar juntos.
Acredito, profundamente, que a missão que partilhamos tem uma força muito especial.