Jornadas Salesianas de Comunicação: “Há uma IA para isso?”

Cerca de 50 educadores e comunicadores salesianos participaram nas Jornadas Salesianas de Comunicação, que decorreram na última sexta-feira, dia 7 de junho, nos Salesianos de Manique. Com o tema “Inteligência Artificial: a nova fronteira da comunicação em ambiente escolar”, as investigadoras do iNova Media Lab, da Universidade Nova de Lisboa, Carla Nave e Ana Marta Flores, apresentaram algumas ferramentas de IA; João Filipe Matos, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa, e Pedro Cabral, gestor da plataforma NAU, abordaram a formação dos docentes.

Na programação da tarde, Carla Nave e Ana Marta Flores, duas investigadoras do iNova Media Lab, da Universidade Nova de Lisboa, fizeram uma apresentação das principais ferramentas de IA disponíveis para o grande público.

Para as duas investigadoras, a IA está a demostrar uma grande capacidade de substituir o trabalho humano, seja para criar, por exemplo, o código para um website, colorir um filme, escrever um guião. Como em todas as inovações tecnológicas isso implicará o fim de algumas tarefas e profissões e a criação de novas.

As conferencistas apresentaram vários exemplos de ferramentas de IA, os seus usos, alguns dicas de utilização, terminologia e também uma forma de explorar as ferramentas em desenvolvimento. O site There’s na AI for That https://theresanaiforthat.com/ é uma base de dados com milhares de ferramentas de Inteligência Artificial disponíveis e em constante atualização.

Como usar a IA para ensinar a fazer e não tanto para fazer

A última apresentação do dia, abordou a questão da formação dos docentes. João Filipe Matos, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa, e Pedro Cabral, gestor da plataforma NAU, projeto online de apoio ao ensino e formação da Unidade de Computação Científica da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, foram os oradores.

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João Filipe Matos lembrou alguns desafios que a entrada progressiva da IA na educação. “Estamos em transição. Não é melhor ou pior que outras, mas é certamente uma transição mais rápida”, referiu. Quem faz a transição somos nós. Por muitas formações que possa haver, quem a faz são os docentes. Implementar as mudanças depende de nós”, sublinhou o professor.

Pedro Cabral debruçou a atenção num dos movimentos recentes na educação, o do conhecimento aberto, que teve como grande protagonista o Massachusetts Institute of Technology que criou o programa MIT OpenCourseWare que disponibiliza, online, todos os conteúdos de todos os cursos da prestigiada universidade americana.

Pedro Cabral é desde 2019 o gestor da plataforma NAU, projeto português online de publicação de cursos para grandes audiências, com o objetivo de aproximar instituições de Ensino Superior, instituições de Investigação e Desenvolvimento, entre outras, e o grande público.

Para o especialista em eLearning no entanto, “não são os cursos online que vão criar os líderes, mas sim, a interação e o desenvolvimento do conhecimento entre seres humanos”, admitiu. Pedro Cabral referiu que a “inteligência comunitária, natural, no concreto, feita por seres humanos” exige a interação.

Por isso, acredita que o papel da escola e do professor deve ser ensinar a usar a IA para ensinar a fazer e não tanto para fazer. “A Medicina está à frente, por exemplo, com o uso de realidade aumentada para a aprendizagem da prática médica”, referiu. E defendeu que a criatividade irá gerar mais soluções.

IA desafia educadores e comunicadores

O Provincial, Pe. Tarcízio Morais, fez a intervenção final no encerramento das Jornadas Salesianas de Comunicação. “Penso que hoje fomos desafiados e introduzidos num conjunto de matérias para a educação e a comunicação, uteis ao nosso trabalho do dia a dia. Como seres eminentemente sociais que somos, precisamos uns dos outros para crescer, compreender a realidade”, afirmou. O Provincial defendeu que a IA como ferramenta tem o potencial de ajudar os educadores. “Representa um grande desafio, que pode ser susto, e encorajamento, mas que serve para evoluirmos”.

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Sobre o encontro, para o responsável dos Salesianos “foi um dia de abertura de horizontes e de possibilidades para refletir como aplicar à realidade” da escola salesiana. “Sobretudo como educadores, penso que nos cabe termos a capacidade criativa de utilizar estas ferramentas, mas também a habilidade de orientar os nossos alunos para o seu uso com sentido crítico, ético e para a valorização do outro”, concluiu.

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