Chamo-me Carlos Roxo, nasci em 1943 e fui educado na religião católica. Frequentei a Escola Salesiana do Estoril. Casei e constituímos uma família católica que educou cristãmente três filhas. Os anos passaram e através de influências nefastas, filosofias materialistas e niilistas perdi a fé e a família perdeu significado, por isso recusei renovar os votos aos 25 anos de casamento e saí de casa.
Assim, perdido, uma semana antes da JMJ Lisboa 2023, passava as tardes a chorar por não ter coragem para continuar a viver. No dia 3 de agosto fui tomar o café numa esplanada que fica perto de uma escola onde se encontravam alojados jovens peregrinos. Sentei-me. Na mesa em frente estavam três jovens peregrinas espanholas, uma delas dirigiu-se a mim para lhe traduzir o nome de alguns alimentos. Levantei-me para responder à Elvira. Atrás dela, a Pilar e a Lola. Uma delas exclamou: “parece o meu avô”. Comecei a chorar e todas me abraçaram. O Espírito Santo naquele momento abriu o meu coração e aquilo que não conseguia dizer a ninguém disse-o publicamente àquelas meninas: que não era digno de me abraçarem porque eu tinha traído a minha religião, o meu casamento, as minhas filhas. Mais tarde criámos um grupo no WhatsApp, e vivi intensamente a Jornada. Também fui acompanhado pelo meu neto Tomás, voluntário na festa dos Salesianos no Estoril. O momento em que lhe contei, decorria a Vigília e Adoração no Parque Tejo, foi também para ele o ponto alto da sua Jornada. “Avô, não consigo parar de dar graças a Deus. A música ‘Estrela’ era cantada ao mesmo tempo da tua mensagem, a emoção é inexplicável”.
Recuperei a minha fé e a JMJ mudou o rumo da minha vida. Decidi nesse dia confessar-me e oferecer-me para fazer apostolado. Sei que a santidade é um caminho!
Fotografia: ANS
Publicado no Boletim Salesiano n.º 603 de maio/junho de 2024
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