Ludoteca da Galiza, Uma obra que nasceu no bairro

Ludoteca da Galiza: Uma obra que nasceu no bairro

A presença das FMA no bairro “Fim do Mundo”, na Galiza, Estoril, teve origem nos anos 70. Há vinte anos foi criada a Ludoteca, uma obra estruturada para apoio a crianças e jovens em idade escolar obrigatória, com acompanhamento dos estudos e atividades recreativas.

A Ludoteca da Galiza nasceu há vinte anos no bairro “Fim do Mundo”, então povoado de barracas. A dedicada presença das Filhas de Maria Auxiliadora intuiu que uma resposta educativa de feições salesianas, seria a ideal, pois o meio pululava de jovens e adultos, muitos deles recém-chegados das ex-colónias, de olhar inquieto e interpelador. Pelo desenraizamento, etnias e culturas diferentes, famílias monoparentais, carência de quase tudo, a inserção era difícil. Havia sentimentos de desconfiança e o tecido social favorecia a opção por ocupações menos convenientes e sobressaltos frequentes. A cadeia era morada de muitos e outros tornavam-se peritos na arte de a evitar. Os mais novos viam a escola como “um bem desnecessário”.

Para a inquietação discernida e rezada das FMA, a inspiração de Deus foi clara: “É pela educação que vamos”! Uma educação integral dirigida ao futuro do Bairro: os mais jovens! Assim, por iniciativa da Província FMA, e com a colaboração da autarquia, nasceu a Ludoteca, essencialmente vocacionada para ser oásis de inclusão, pela ação de Deus e a educação salesiana.

A Ludoteca é casa de muitos. Há quem a frequente diariamente ou de vez em quando, mas ela permanece referência, seis dias por semana e onze meses por ano. Atende adultos, crianças e adolescentes. Há quem lhe chame a loja do cidadão local! Aquando da inauguração, alguém a definiu como “enorme aquário transparente, cheio de gente feliz”, “onde não preciso de me comportar mal”.

O que se faz na Ludoteca? Aprende-se a Ser e a ser feliz sendo criança que gosta e sabe brincar. O educador gosta do que os utentes gostam e ensina-os a gostar do que ele propõe. Investe-se muito nas relações e na valorização de cada um. Do estudo não se abre mão e promovem-se as mais variadas atividades: exploração da “floresta” – espaço próximo, arborizado, onde descontraem, convivem, constroem, cuidam, sonham –, passeios, corridas de carrinhos de rolamentos, percussão musical, corta mato, bicicletada, canoagem, encenações e outras, algumas culminando com dormida na Ludoteca.

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É de realçar a formação dos “pré-animadores”. Leva ao cuidado dos mais pequenos e  incentiva ao voluntariado e à gratuidade.

Ainda longe dos resultados desejados, a transformação já é significativa. Constata-se na assiduidade e interesse de muitos pela escola. O ensino superior já não é miragem. As vidas familiares são mais estáveis e os pais mais presentes na educação dos filhos. Pretende-se encaminhar mais para Jesus e motivar para o Movimento Juvenil Salesiano. Vive-se na esperança de que também nesta realidade se vá concretizando o Sonho dos Nove Anos, pelo que a formação cristã e carismática parece-nos ser agora a principal aposta.

Fotografia: João Ramalho

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