Ao nível da Congregação festejava-se o centenário da primeira expedição missionária, quando em Portugal se vivia o início da Democracia. O Boletim Salesiano noticiou.
«D. Bosco teve um sonho: o sonho dos gigantes selvagens. “Em território longínquo viu multidões de homens quase despidos, de grande estatura, aspecto feroz, cor bronzeada… Alguns corriam e caçavam feras, outros andavam com lanças… Havia cadáveres… Aproximavam-se missionários de várias Ordens Religiosas, mas os bárbaros aproximavam-se e atiravam-se contra eles matando-os. Pensei comigo: que fazer para converter esta gente tão selvagem? Entretanto vi ao longe um grupo de missionários precedidos de muitos jovens. Aproximei-me e reconheci-os: eram os meus salesianos! Quis dizer-lhes para recuarem, mas vi que os selvagens os receberam com muita alegria. Depuseram as armas e foram ao seu encontro…”
Em Fevereiro de 1875, Dom Bosco envia aos salesianos uma carta. “Entre as várias propostas de abertura de missões, está a Argentina. E além da parte civilizada, estão extensões enormes habitadas por povos selvagens… Os salesianos que quiserem ir devem fazer um pedido por escrito…”
A carta de D. Bosco teve entre os salesianos o efeito de uma bomba. Muitos responderam ao convite, mas D. Bosco procurava alguém que fosse como que o capitão da expedição. Esse homem era o padre Cagliero, mas este pertencia ao partido da oposição. Dizia: “Para quê partir para longe, se somos tão poucos aqui na Itália?” D. Bosco propôs-lhe que acompanhasse a primeira expedição e ficasse aí apenas três meses. O Pe. Cagliero aceitou e ficou trinta anos. Foi bispo e cardeal salesiano.
Dia 11 de Novembro de 1875: a primeira expedição formada por 10 missionários parte de Turim. D. Bosco despede-se de cada um deles. E disse-lhes com emoção: “Procurai almas, e não dinheiro, nem honras, nem dignidades”. E ainda: “Também nós metemos o nosso tijolo para ajudar a construção do grande edifício que é a Igreja”. Há cem anos era a Patagónia que interpelava com insistência D. Bosco. […]
Conseguirá a Família Salesiana de hoje ser tão generosa como o foram esses primeiros salesianos?»
Fotografias: Arquivo Salesiano
Cabo Verde
Coincide com o centenário da primeira expedição salesiana o fim do regime ditatorial e colonial português do Estado Novo (1933-1974). Em 1975, com a independência da Guiné-Bissau, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Timor-Leste, os salesianos repensam a sua atividade missionária. Em Cabo Verde a mudança é pacífica. “O bispo quer que esta presença continue e alargue a toda a Ilha de S. Vicente”, escrevia o Boletim Salesiano
Moçambique
“Neste centenário das missões salesianas queremos homenagear todos os salesianos que nessas longínquas terras deram ou ainda dão a sua vida pelos seus irmãos”, lê-se no BS. Em Moçambique, o Governo passa a dirigir o Colégio Dom Bosco, em Maputo, e o Instituto Mouzinho de Albuquerque, na Namaacha. Os Salesianos mantêm–se em S. José Lhanguene, também em Maputo, e em Moatize, Tete
Timor-Leste
Em 1975, dias depois da declaração de independência de Timor-Leste pela Fretilin, tem início a invasão pela vizinha Indonésia. Os Salesianos têm nessa altura três obras, em Baucau, em Fuiloro e em Fatumaca. Os Salesianos portugueses mantêm-se na Ilha durante todo o tempo da invasão e da ocupação, e após a independência da Indonésia em 2002. O último missionário morreu em Timor em 2022
Publicado no Boletim Salesiano n.º 607 de janeiro/fevereiro de 2025
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