Pe. Arturo Lorini: Uma vida dedicada aos mais pequenos e pobres do mundo

O Pe. Arturo Lorini nasceu a 14 de fevereiro de 1939, faleceu a 5 de agosto de 2019. A sua vida dedicou-a inteira a favor das crianças.

«Tudo começou com um murro terrível no estômago, que recebi em 1989, quando fui para a Etiópia e vi a pobreza refletida nos rostos esqueléticos das crianças», contou ao Boletim Salesiano em 2013. «Natal de 1989: mandaram-me distribuir o almoço de Natal a 900 crianças, algumas das quais tinham feito até sete ou oito quilómetros a pé para vir receber a chamada “tigela de sobrevivência”. O almoço de Natal: primeiro prato, uma batata. Segundo prato, outra batata. Não chegavam sequer para todos. Alguns tiveram que regressar a pé e com o estômago vazio. Disse para mim mesmo: “Como homem, como padre, não posso fingir que não vi. Com amor, voltei-me para o Senhor e disse-lhe: ‘Faz alguma coisa por estas crianças!’ Ele calou-me: ‘Eu já fiz algo por eles. Eu criei-te!’” E assim me deu a inspiração para criar o projeto das adoções».

Quando o Padre Arturo Lorini regressou a Milão, arregaçou as mangas: contactou os 25 mil jovens que tinha acompanhado ao longo dos anos nos cursos de inglês do programa “Turismo Jovem e Social” por ele criado e teve uma resposta “esmagadora”. O seu projeto mobilizou milhares de italianos. «Tudo o que tínhamos de fazer era propor uma causa justa para obter uma resposta esmagadora. Um verdadeiro exército de salvação foi criado, pronto para se mobilizar para ajudar em situações de emergência e dar uma mão a estas crianças».

Com o tempo, a iniciativa estendeu-se a muitos outros países, do Brasil ao Congo, do Darfur e do Sudão ao Haiti e ao Equador, e o “Projeto Etiópia” tornou-se o programa “Adoções à Distância”, coordenado pela “Fondazione Opera Don Bosco”, Organização Não Lucrativa de Utilidade Social de Milão. Através de um valor fixo os doadores suportam as despesas de alimentação, escola e cuidados de saúde de uma criança por um ano. Esse valor é entregue aos missionários salesianos que trabalham nesses países e que são as pessoas mais indicadas para gerir as necessidades e aplicar o dinheiro.

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Trinta anos depois, o programa “Adoções à Distância”, rebatizado “Adoções Padre Lorini”, permitiu construir jardins de infância na Etiópia, no Congo, no Equador; poços de água; hospitais no sul do Sudão e na Etiópia; escolas e cantinas em vários países; permitiu também comprar material escolar; criar projetos contra a malária em áreas do sul da Etiópia; dar ajuda básica a deslocados da guerra civil no Congo e no sul do Sudão; e a ajuda imediata em áreas afetadas por terramotos e inundações, como no Haiti e no Sri Lanka.

A “Fondazione Opera Don Bosco”, para além das adoções, tem projetos de ajuda de emergência no Sudão do Sul, na Síria, na Etiópia e na Venezuela, e a longo prazo nas Filipinas, no Burundi, na Etiópia, na Índia e na República Democrática do Congo, com investimentos que vão da construção de um centro de formação profissional à substituição de colchões de um internato.

Em 2012 o Pe. Arturo recebeu a Medalha de Ouro de Benemerência Cívica atribuída pelo município de Milão a pessoas ou entidades que se destaquem na vida cívica milanesa.

“Permita-me dizer que uma fotografia de padre Arturo sem crianças é incompleta”, sugeriu o salesiano Arosio Stefano, Diretor do Ensino e Formação Profissional dos Salesianos de Milão, em resposta ao nosso pedido de imagens para ilustrar este artigo. “Todo o seu empenho e a sua vida de salesiano foram gastos em favor das crianças”.

O projeto “Adoções Padre Lorini” continuará, assumido por outro salesiano a quem o Pe. Arturo passou o testemunho, Pe. Giordano Piccinotti. Para continuar a fazer o bem. 

Publicado no Boletim Salesiano n.º 578 de Janeiro/Fevereiro de 2020
Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália e Fondazione Opera Don Bosco
Fotografias Fondazione Opera Don Bosco ONLUS

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