O que dizem os jovens de: trabalho e temperança

Quando recebi a proposta de escrever este artigo, aceitei quase automaticamente. Escrever sobre o trabalho e a temperança, sobretudo depois de ter passado um ano de formação salesiana a ouvir falar tanto sobre o que Dom Bosco dizia sobre este tema, não me parecia uma tarefa difícil.

A verdade é que quando comecei a pensar na relação atual dos jovens com este tema, as palavras começaram-me a fugir e permaneceu só a pergunta: O que poderá dizer um jovem acerca do trabalho e da temperança?

A resposta é realmente difícil de encontrar. Sobretudo se pensarmos em quanto os conceitos de trabalho e de temperança têm mudado nos últimos anos, e como são facilmente associados a pessoas com mais idade.

Quando penso em trabalho, automaticamente penso em como são poucos os jovens, incluindo eu próprio, a fazer experiência do que é “ganhar a vida com o suor do rosto” (como dizia o meu pai). É um facto que o trabalho mais intenso a nível físico dos nossos pais e avós, hoje vem sendo substituído por um trabalho mais intelectual. E isso não é de todo negativo! O mundo ensina-nos que só as pessoas melhor preparadas intelectualmente podem fazer com que o trabalho seja realizado com maior rigor e eficiência.

A parte negativa desta mudança chega quando, depois de tanto esforço intelectual, a oportunidade de trabalhar não aparece. Ainda que pareça que os jovens de hoje às vezes não querem fazer nada, a verdade é que a falta de trabalho é uma das situações que mais os aflige. Não é por acaso que um bispo, na festa de Dom Bosco, afirmava que a 8ª obra de misericórdia para os salesianos devia ser “ajudar os jovens a arranjar trabalho”. Algo que me fez pensar como a falta de trabalho pode realmente deixar tantos jovens sem perspetivas de futuro e sem objetivos.

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E no meio disto tudo onde entra a temperança? No descobrir que esta necessidade de trabalhar deve ser equilibrada com o resto da vida. A temperança leva-nos a descobrir que nada pode ser feito sem espírito de sacrífico e, ao mesmo tempo, a reconhecer que não somos super-heróis e que só podemos realizar aquilo que está dentro dos nossos limites.

Por todos estes motivos, pensar no trabalho e temperança com os olhos postos na realidade juvenil atual, faz-me perceber cada vez melhor a insistência de Dom Bosco nestas duas palavras. A realidade de hoje faz-me acreditar que elas não são apenas a única forma de fazer florir a Congregação Salesiana, como ele próprio afirmava, mas o melhor caminho para conduzir os jovens a serem “bons cristãos e honestos cidadãos”.

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