O que dizem os jovens de: Divina Providência

“Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema.”

Apesar de parecer estranho, é Cristo quem diz isto no Evangelho de Mateus. Digo estranho pois é o mesmo Cristo que nos impele, com o seu exemplo, a agir para alcançarmos a vida eterna. Mas se a vida eterna é amanhã… Ou será que não?

Em momentos de aperto, com muitos afazeres e incertezas, releio esta frase. Durante algum tempo para mim, confesso, não fazia muito sentido. Parecia um convite à inércia, a procrastinar… Mas percebi que ler esta frase apenas analiticamente não faz sentido. Nas entrelinhas desta passagem está a serenidade própria de quem confia. De quem se sente amado ao infinito por Deus e que acredita que Ele age sempre em prol da nossa salvação.

A esta acção de Deus na nossa história alguém chamou um dia de Divina Providência.

O nome assim mais “formal” e pomposo parece coisa de tribunal. Uma espécie de justiça divina. Se te portas bem, Deus ajuda! Se te portas mal… Além de que, aos olhos da mais pura razão a Divina Providência parece uma coisa estúpida. Se Deus tudo pode, tudo sabe… porque é que há tanta coisa má a acontecer? Além disso a simples ideia de ser dependente de algo, de não controlar tudo o que mexe na minha vida… Não é algo que aceitemos facilmente.

Santo Tomás de Aquino dizia que: “Deus só permite o mal para fazer surgir dele algo melhor”. Nós não somos marionetas. Diz a sabedoria popular que “Deus escreve direito por linhas tortas”. Eu acrescento: ter a capacidade de encontrar Deus no nosso quotidiano e aceitar a sua “condução” é um acto de fé e esperança. Pessoalmente gosto desta ideia de ser conduzido, transmite-me conforto e esperança pois sei que “tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus” e que confiam n’Ele.

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Mas numa altura em que todos nós andamos sempre tão “pré-ocupados” será que há tempo para confiar? A resposta vem da História, de tantas histórias de santos que, como se fosse poker, simplesmente fizeram um “all-in”. D. Bosco é o melhor exemplo que conheço de confiança ilimitada na providência. Ele era um homem do Presente! Viver apenas no Futuro, em permanente antecipação, priva-nos de ser e de ver o outro. O que comemos, o que vestimos, o que usamos… são apenas meios, não o fim das nossas vidas.

Numa altura em que a economia e as finanças são uma das grandes preocupações mundanas, a Divina Providência é como um banco com crédito infinito: afinal, Ele já morreu por nós; a salvação está mesmo aí ao virar da esquina… Cristo, what else?


Sílvio Monteiro, 28 anos, casado, mestre em Engenharia Química. É natural do Porto e está ligado aos salesianos há 20 anos, sendo antigo aluno. Actualmente é catequista e animador do grupo de jovens no Centro Juvenil do Porto, onde também é membro da direcção. Há um ano que fez a promessa para ser Salesiano Cooperador. De 2012 a 2015 foi coordenador nacional do MJS.

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