A perspectiva de formação do jovem, ao estilo salesiano, não é atribuir uma forma abstrata, mas uma forma que deve corresponder a cada um e que seja desenvolvida na relação com os outros.
Nesta relação recíproca enquanto se convive e se dá sentido a esta coexistência é particularmente relevante o grupo/movimento juvenil, colocando os olhos em Jesus e seguindo os seus passos.
É assim que podemos falar de desporto e pastoral juvenil. Podemos enquadrá-lo como uma ferramenta que sem grandes custos nos permite facilmente chegar aos jovens. Basta ter uma bola. Desde muito cedo percebemos esta relação através de um objeto simples, sem arestas, sem picos…. A bola é oferecida pelo pai que a compra com o objetivo de satisfazer o filho e criar relação através da brincadeira. “Eu vou à baliza e tu rematas para marcares golo ao papá”. Quando os filhos começam a crescer e os amigos vêm substituir a família, esta bola começa a ter uma importância diferente, mas o princípio é o mesmo: a relação e a interação.
Acredito que o desporto contém o antídoto mais poderoso contra alguns vícios, excessos e abusos, pois potencia sempre o fair-play, na medida em que ensina a prossecução de objetivos; a tenacidade e a perseverança; o espírito de sacrifício e a resistência à adversidade; o respeito pelo outro e por si próprio; o valor da saúde; a capacidade de entreajuda e o trabalho em equipa; a solidariedade; o propósito de se melhorar constantemente; a competição leal; a rejeição da batota; a disciplina e o método; o saber ganhar e o saber perder.
Contudo, os efeitos positivos do desporto podem resultar em negativos, pois estes não resultam da participação em si, mas da natureza da experiência vivida. Aqui cabe-me referir que um elemento fulcral na determinação da natureza dessa experiência está na qualidade da liderança do adulto que a dirige. Sabendo que o fenómeno desportivo desempenha um papel vital e relevante no crescimento e desenvolvimento dos jovens, cabe ao adulto orientá-lo da melhor forma.
O facto de os adultos gozarem, perante os jovens, de uma credibilidade e de uma lealdade superior, motiva que estes se assumam como os principais reguladores do seu comportamento. Constata-se que as decisões dos adultos, sendo muitas vezes aleatórias e em função das próprias interpretações e atitudes, interferem profundamente na vida desportiva e pessoal dos jovens que estão a ser por si orientados. Com isto, o desporto tem a grande capacidade de produzir rufias e malfeitores, bem como bons cidadãos e santos.
Com este quadro em mente devem os adultos ter o cuidado de não só ensinarem e promoverem os princípios e valores do espírito desportivo, bem como o de praticarem em todas as situações e estilos de vida.
O truque está sempre no acompanhamento. E já vem desde há muito tempo… grande exemplo, grande treinador… o melhor… claro está: Dom Bosco. Num simples pátio crescia-se na relação através do acolhimento e na espontaneidade da ação, fortalecia-se a amizade e o acompanhamento pessoal dos jovens.
A meta é a mesma. O adulto coloca os jovens numa pista de atletismo e ensina cada um a passar o testemunho, com vista a atingir a meta – Jesus Cristo.