Esta bem-aventurança é a quarta da lista das oito bem-aventuranças que Jesus deu a conhecer no Sermão da Montanha (Mt 5, 3-10). Quis Jesus com as Bem-Aventuranças ensinar e revelar ao homem a verdadeira felicidade.
Analisando de perto esta quarta bem-aventurança verificamos que ela encerra em si dois aspetos: inquietação e desejo. Há uma inquietação dos que não se conformam com a realidade existente, procurando o que é grande, a verdadeira justiça, o verdadeiro bem. Como muito bem analisou Bento XVI, no seu livro Jesus de Nazaré (1ª parte), esta inquietação “acorda o homem para algo de maior e o leva a empreender um caminho interior” (pág. 130).
Face a esta inquietação há claramente um desejo de caminhar no sentido contrário a tudo o que oprime e que não nos deixa viver a felicidade tal como a desejamos. Este caminho pressupõe a presença de Deus em nós e que nos arranca dos costumes viciantes para nos conduzir pelo caminho da verdade. O desejo contínuo pela justiça e pela perfeição moral leva, de facto, ao cumprimento desse desejo – a transição e a conversão para a santidade.
Para tal tem de haver “fome e sede”. Tem de haver pessoas capazes de ouvir e sentir os sinais que Deus envia ao mundo e assim rescindir a tudo o que impede a verdadeira justiça, a felicidade. Quem vive assim, está no caminho certo, caminha em direção ao Reino de Deus. Edith Stein deixou um pensamento que explica muito bem esta bem-aventurança: “quem procura sincera e apaixonadamente a verdade, está no caminho de Cristo”.
Deus precisa de homens e mulheres com fome e sede de justiça. E são, assim, bem-aventurados, pois conduzem o homem a Deus, a Cristo e consequentemente abrem o mundo ao Reino de Deus.