Continuamos a nossa caminhada pelas bem-aventuranças e neste texto tentaremos perceber o que nos pede Jesus com esta bem-aventurança, a começar pela palavra Misericórdia.
A expressão misericórdia tem origem latina e é formada pela junção de miserere (ter compaixão), e cordis (coração). “Ter compaixão do coração”, significa teres capacidade de sentir aquilo que a outra pessoa sente, aproximar os teus sentimentos dos sentimentos de alguém, ser solidário com o próximo… Olhar para a miséria dos outros com o coração e não com a razão, faz com que os “misericordiosos” tenham uma atitude diferente para com o mundo.
Na verdade, Jesus insiste muito na virtude da misericórdia, e não apenas nas bem-aventuranças. Em Mt 9,13, Jesus diz-nos “Prefiro a misericórdia ao sacrifício”.
Na Bíblia, a palavra misericórdia aparece com dois significados fundamentais: o primeiro é o da atitude do mais forte para com o mais fraco, revelando-se habitualmente no perdão das infidelidades e das culpas; o segundo tem a ver com a necessidade do outro e revela-se nas chamadas obras de misericórdia. Podemos dizer que existe não apenas uma “misericórdia do coração”, mas também uma “misericórdia das mãos”.
Na vida de Jesus resplandecem as duas formas. Ele reflete a misericórdia de Deus para com os pecadores, mas comove-se também perante o sofrimento e necessidades humanas, quando, por exemplo, dá de comer à multidão, cura os enfermos, liberta os oprimidos. A propósito disso Mateus diz-nos: “Tomou sobre si nossas fraquezas e carregou nossas enfermidades” (Mt 8,17).
S. João Paulo II, na Encíclica “Dives in misericordia” diz-nos que “Jesus Cristo ensinou que o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a ter misericórdia para com os demais”.
É a esse chamado de um caminho de amor, perdão, compaixão, compreensão, ajuda, partilha e solidariedade para com os outros, que Jesus nos diz que Deus nos recompensará com o perdão dos nossos pecados, a Sua misericórdia.