Os Dias de Espiritualidade da Família Salesiana de 2018 decorreram no Teatro Grande, de Valdocco, Turim, Itália, com mais de 400 participantes procedentes de mais de 50 nações de todas as partes do mundo.
Aquele dia já ia gasto e cansado, até porque tinha sido intenso, e preparava-se para se retirar. Mas, entretanto, ali estava aquele homem importante, quando os outros já se tinham isolado, no meio de um grupo de jovens pouco importantes.
Estava ali, no meio deles. Falava com este, tirava uma selfie com outro e a um terceiro, no frio da noite, fazia sentir o calor da amizade.
O homem importante, que teria tanto que fazer, ali estava no meio daqueles que nada mais tinham a fazer a não ser estar com ele.
Tanta importância dedicava o homem àqueles que a ninguém importam, como se isso fosse o mais importante. Mas o estranho é que os jovens, aquela geração que não tem tempo para ninguém, pareciam gostar porque não faziam senão disputar a sua proximidade e atenção.
Que estranho, ali estava ele, no meio da noite e daquele frio, a pôr em prática o que tinha dito durante o dia. E da proximidade ia emanando alegria e familiaridade.
Tenho a sensação de que, uns metros mais acima, a espreitar do seu quarto, estava outro homem mais importante ainda. Sorria certamente por ver repetir aquela cena que tinha acontecido ali, debaixo da sua janela, vezes sem conta, desde há mais de 150 anos. Estava feliz, mas com um desejo enorme de descer, de ir também ele para aquele pátio, que o viu toda a vida a correr, a jogar, a falar com uns e a abraçar outros. Chamava-se João Bosco.
Esta história ocorrida em Turim, no pátio de Valdocco, entre os dias 18 e 21 de janeiro, por ocasião das XXXVI Jornadas de Espiritualidade da Família Salesiana, sintetiza bem o assunto tratado. O Reitor-Mor e as diversas conferências convidaram toda a Família Salesiana (ali representada em 22 dos 31 grupos que a constituem) a estar presente no meio dos jovens e a acompanhá-los. Sei que não temos muito tempo para estar com os jovens, que levamos uma vida muito ocupada, mas, se até o homem importante desta história, que é Reitor-Mor dos Salesianos, o teve, que desculpa arranjaremos nós?
Publicado no Boletim Salesiano n.º 567 de Março/Abril de 2018