Na semana de 11 a 18 de fevereiro tive o privilégio de acompanhar um grupo de estudantes universitários do Instituto Superior Técnico na Missão País, em Fronteira, Alentejo. E digo privilégio pois foi uma verdadeira experiência de Evangelho a que vivi com este grupo. Daquelas que ficam marcadas no coração.
O mote para esta semana era “A paz esteja em tua casa”, retirado do evangelho de São Lucas. E realmente estes jovens aceitaram o desafio de ir para uma terra que não conheciam, sem saber que receção teriam, confiados somente na fé que vivem e na alegria que levavam para dar, e ser portadores de paz a todos os que encontravam. E digo-vos, a mim deram-me muita paz! A paz que nasce da certeza de que realmente os jovens são o maior dom da humanidade e vale a pena continuar a dar a vida por eles.
Num lar, numa escola, porta a porta ou pela rua, todas as pessoas que encontrávamos eram saudadas, acolhidas no coração, acompanhadas a casa ou às compras, ouvidas numa conversa ou em confissão. Durante aqueles dias não fomos hóspedes em Fronteira, passámos a fazer parte da vida e do coração daquela terra e daquela gente. E levámos vida e coração aos que tocámos.
Depois da oração da manhã, os dias eram preenchidos a missionar. Com os velhinhos dos Lares de Fronteira ou de Cabeço de Vide; com as crianças das escolas da terra; com os que viviam mais sozinhos e que nos acolhiam para uma conversa em sua casa; com os que nos recebiam com a comida que ajudávamos a Santa Casa da Misericórdia a distribuir. E foi tão bom partilhar tantos sorrisos. À tarde juntávamo-nos na igreja paroquial para rezar o terço e celebrar a Eucaristia. À noite, depois de alguma diversão, agradecíamos a Deus, com a oração da noite, tudo o que tínhamos vivido e descansávamos, de alma cheia. Este era o ritmo de todos os dias. Diferente da vida em Lisboa. Mas muito rica.
Durante esta semana não fiz “nada de especial”. Não tinha nenhuma responsabilidade organizativa. Não tinha atividades para preparar ou pôr em andamento. A única coisa que aqueles jovens me pediram foi: “seja o nosso padre!”. Tentei dar o meu melhor. Eles fizeram tudo o resto: pensaram os dias, prepararam as orações, organizaram as refeições, dividiram as tarefas… vi em plena ação o verdadeiro protagonismo juvenil de que tanto falamos e que às vezes nos custa atuar.
Só me resta agradecer a Deus por esta oportunidade. Aos jovens do IST pelo convite, pela partilha de vida e de fé e por mostrarem o evangelho em ação. À minha comunidade que me permitiu participar assegurando todos os compromissos na escola e na paróquia.
No ultimo dia, a tristeza dos habitantes de Fronteira em ver-nos partir era reconfortada com uma promessa: “Para o ano voltamos!”. A Missão País vai ficar pelo menos três anos em Fronteira. Não sei se os acompanharei para o ano, mas este já valeu muito a pena!
“A paz esteja em tua casa!”