O Papa Francisco convidou-nos a celebrar, ao longo desta semana, aquilo a que chama da Semana da Laudato Si’. Basicamente, desde o dia 16 a 24 de maio, o Santo Padre chama-nos a participar numa campanha global relacionada com a questão ecológica para celebrar o 5.º aniversário da Encíclica Laudato Si’ sobre o Cuidado da Casa Comum, que é um documento que nos explica a grave situação que o nosso planeta atravessa, desafiando-nos a efetuar as mudanças necessárias no nosso estilo de vida para combater o problema ambiental que protagonizamos, e que muitas vezes é ignorado ou adiado, porque “ainda há tempo”.
Mas, afinal, por que é que o nosso Papa dedica parte do seu tempo a esta causa? Certamente, tem de resolver inúmeros problemas no seu quotidiano, por que entregar-se a “mais um”? A resposta é simples. Vivemos num mundo onde tudo está interligado, e, se nada se fizer, o ambiente humano e o ambiente natural irão degradar-se em conjunto. Vivemos sob a ameaça da poluição, do aquecimento global e das mudanças climáticas. Tudo isto tem graves consequências no nosso planeta: desde a perda de biodiversidade à questão do esgotamento dos recursos naturais até ao derretimento das calotas polares e dos glaciares à perda das florestas tropicais.
Não estará na altura de, para além de estarmos consciencializados e informados, estarmos também ativos, participativos, no campo de ação? Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a nascer? Um mundo justo, inclusivo e sustentável, onde todos somos responsáveis e vivemos em conjunto a construção do futuro do nosso planeta? Ou um mundo com o futuro destruído, porque, no presente, fomos (ou estamos a ser) demasiado preguiçosos, individualistas (arrisco-me a dizer, egoístas), ao pensar que as nossas atitudes não tem assim um impacto tão grande, ao satisfazer as nossas necessidades imediatas, sem o mínimo de equilíbrio, ao deixar para amanhã aquilo que podemos começar a fazer hoje?
Neste tempo de pandemia, o mundo parou. Os ritmos abrandaram, as coisas mudaram, as pessoas reinventaram-se. Não terá sido uma oportunidade para também nós suspendermos um bocado a velocidade habitual do dia a dia e repensarmos comportamentos? Na verdade, todo este contexto obrigou-nos a perceber que aquilo que é, pode rapidamente deixar de o ser… Não será a altura de inovar? Mudar mentalidades? Procurar novas (e melhores) soluções?
Aproveitemos esta semana para começar a ver como é que se podem “mudar rumos”, porque “a terra, a nossa casa, não pode continuar assim: parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo”. Sejamos capazes de sair do conforto das rotinas, e digamos não aos estados de inércia que de nada nos adiantam! O desafio ambiental diz respeito a todos nós, sem exceção! Todos podemos contribuir, começando por fazer escolhas quotidianas simples e sustentáveis, sejam elas em casa, na escola, no trabalho ou na rua. Nada está perdido! Temos é que começar já! Como disse o Papa Francisco, «O ser humano ainda é capaz de intervir de forma positiva porque os seres humanos podem também superar-se, voltar a escolher o bem e regenerar-se».
Aluna do 11.º ano dos Salesianos do Estoril