Escrevo quando estamos prestes a iniciar mais um ano letivo. Turmas, alunos, horários, projetos, diálogos, pátios, reencontros, atividades…
É um momento decisivo. Momento das grandes opções e de afirmar as nossas escolhas. A primeira grande opção, em qualquer projeto, é a adesão. Sim ou não? Estamos ou não estamos? Queremos ou não queremos? É a aceitação dos desafios que temos em mãos e que o contexto, espacial ou temporal, nos pede.
Quando escrevi para o último número, e, a propósito dos 200 anos do Sonho, incentivava à pedagogia da esperança, não conhecia o tema pastoral para este ano. Avançamos na Esperança! Confia, dando continuidade ao do ano anterior Avançamos no Sonho! A forma como é(são) enunciado(s) o(s) tema(s) sugere-nos um caminho que tem de ser percorrido e com o qual nos temos de comprometer para que possamos alcançar a concretização do Sonho. Neste caminho, saberemos ser sinais de esperança? O início do ano e a sua preparação são os momentos ideais para verificarmos se estamos alinhados com o compromisso que Dom Bosco foi assumindo.
Aquilo que mais admiro em Dom Bosco é o seu discernimento, a sua capacidade de ler em cada momento o que o contexto lhe pedia. Aliado a esse discernimento é notável a sua ação na concretização das melhores respostas a esses sucessivos diagnósticos. Hoje os salesianos têm o seu carisma muito próprio porque no século XIX, em Turim, Dom Bosco reagiu da forma que todos conhecemos, à realidade e ao contexto em que vivia.
A partir da década de 40 deste século (em 1841 aparece Bartolomeu Garelli) estaremos, sucessivamente, ano após ano, e durante muitos anos, a comemorar 200 anos de muitas concretizações do sonho dos 9 anos, se o discernimento dos salesianos e dos leigos que com eles colaboram continuar a acontecer. No avançar do sonho, a esperança estará no discernimento com que encaramos a realidade e as suas transformações. Para tanto é fundamental que exista equilíbrio entre a resposta às necessidades dos tempos e dos jovens, o deslumbramento com propostas muito apelativas e aquilo que o carisma nos apresenta. Há coisas que mudam e se transformam e que é bom que assim seja, outras será bom que nunca mudem, pois são o fundamento daquilo que é a nossa essência. Se assim não fosse, o que teria mudado no mundo ao longo dos séculos?…
Desta vez, convoco a parábola do Bom Pastor (João 10:11-18). Também aqui sugiro que arrisquemos assumir diferentes personagens: em primeiro lugar a de ovelhas. Estamos, salesianos e leigos, nas nossas opções, a encontrar a humildade suficiente para ouvir a voz do Pastor? A nossa atuação estará alinhada com a de Cristo? E com a de Dom Bosco? Ou estaremos, deslumbrados, a escutar outras vozes? Por outro lado, na relação com os jovens, estamos a conseguir desempenhar a missão do Bom Pastor? À imagem de Cristo, estamos a garantir a proximidade e o acolhimento? Que nas nossas opções, neste momento, particularmente na organização e na gestão curriculares, saibamos, cada um na sua função, ser sinais de esperança. Desta forma estaremos a avançar com confiança!
“Avançamos no Sonho” Publicado no Boletim Salesiano n.º 605 de setembro/outubro de 2024
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