Parábola do Semeador: Pedagogia da esperança

Parábola do Semeador: Pedagogia da esperança

Na tensão entre o Sonho dos 9 anos e o Avançar no sonho, a esperança cruza-nos sempre o caminho.

Na vida todos têm sonhos, ou pelo menos é bom que todos os tenham. Agora, aquilo que transforma os sonhos em realidades é a capacidade de gerar compromissos nas suas concretizações. É isto a esperança: o compromisso, a ação.

Na encíclica «Salvos na esperança», Bento XVI apresenta-nos a esperança como performativa, pois não é simplesmente informativa, transmitindo conteúdos, é performativa, pois realiza o que significa. A esperança não é simples espera, as coisas não nos aparecem à frente porque desejámos muito. Fazendo uma ponte entre o que é a evangelização e este nosso Avançar no sonho, também para nós, na concretização, o sonho tem de «gerar factos e mudar a vida», «A ação fortalece a esperança e leva a esperança aos outros».

Dom Bosco era um homem de esperança. Estará aí a grande admiração que temos por ele! Era um homem de ação, era um homem para os outros. Concretizava-se aí a sua esperança num mundo mais justo. A meio do sonho, Dom Bosco terá ouvido: «Eis o teu campo, eis onde deves trabalhar. Torna-te humilde, forte e robusto…». Assim, hoje, quem está implicado neste sonho? A quem é lançado o desafio? Quem tem de trabalhar este campo? Educadores salesianos e leigos, jovens nas escolas ou nos centros juvenis. Todos têm lugar nesta ação, todos têm papel nesta performance. Foi o que ele fez. É o que nós temos de fazer e para o qual temos de entusiasmar os jovens.

No caminho que fazemos entre o Sonho dos 9 anos e a vontade de Avançar no sonho, encontramos sentido na parábola do semeador (Mt 13, 1-9). Em diferentes momentos, em diferentes contextos, temos de nos saber colocar na pele de três personagens da parábola: com esperança na do semeador, com robustez na da semente, com humildade na do terreno.

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O semeador compromete-se com a sua sementeira, oferece-lhe a sua vida, entrega-lhe o seu tempo e pacientemente acompanha o seu crescimento, disto temos de dar testemunho.

A semente cresce, queremos que se desenvolva forte e robusta, que vá encontrando vontade para continuar a crescer, que, apesar das eventuais contrariedades, se consiga levantar. Que acredite que o esforço valerá a pena, que dará fruto e que, para crescer, precisamos uns dos outros.

O terreno somos todos nós, educadores e jovens. Educadores atentos ao sonho e humildes na consciência crítica do compromisso com o mesmo. Educadores que preparam jovens para humildemente acolherem a semente, que os transformam em terrenos que procuram – no desafio de ser para o outro – a verdade e que se disponibilizam completamente para comunicar a vida.

O humilde mais facilmente partilha, o humilde mais facilmente se levanta e se põe a caminho. O terreno tem de estar preparado para acolher a semente. Saibamos promover nos nossos contextos a pedagogia da esperança, o seu testemunho e a sua vivência. Avançar no sonho é (tem de ser), particularmente no tempo que vivemos, gerar ambientes de compromisso na criação do futuro, do nosso e do mundo.

Texto e Ilustração: Bernardo Viana

“Avançamos no Sonho” Publicado no Boletim Salesiano n.º 604 de julho/agosto de 2024

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