Peregrinação à Terra Santa

“Peregrinação à Terra Santa e não viagem a Israel, foi assim que vivi a semana de 18 a 25 de agosto de 2023, em que duas Paróquias, São Vicente de Alcabideche e Santo Condestável, se juntaram para percorrer os passos de Jesus Cristo há mais de 2000 anos”. Rui e Fátima Pais testemunham a experiência.

“Fomos conduzidos nesta peregrinação pelo Pe. Juan Freitas e pelo Pe. Luís Almeida e acompanharam-nos também o Pe. Gonçalo Carlos, o Pe. Sílvio Faria e o salesiano Paulo Chaves. Tivemos a ajuda preciosa do nosso guia cristão Amir, sempre disponível a explicar.

Foi uma semana muito intensa em todos os sentidos: espiritualmente, emocionalmente, fisicamente e até logisticamente, dado termos pernoitado em três localidades diferentes em sete dias.

Depois do pequeno-almoço partimos em direção a Jaffa, que se encontra integrada na parte moderna de Telavive. Foi em Jaffa que começou verdadeiramente a nossa peregrinação, diante da igreja de São Pedro, local onde fomos todos iluminados pelo Espírito Santo.

Partimos depois para a Cesareia Marítima, antiga capital romana mandada edificar por Herodes, onde visitámos as ruínas existentes. Ainda de manhã, continuando a viajar de sul para norte, percorremos a faixa marítima de Israel até Haifa, o maior porto comercial de Israel, onde subimos ao Monte Carmelo, berço da Ordem do Carmo e onde fica a gruta de Elias, em que a tradição diz que a Sagrada Família encontrou abrigo no seu regresso do Egipto para a Terra Santa.

Depois do almoço, partimos em direção à Galileia onde se situa a cidade de Nazaré. Aí visitámos a Basílica da Anunciação que no seu átrio tem inúmeros painéis com imagens de Nossa Senhora oferecidas pelos cristãos de todo mundo. Entre elas encontra-se a de Nossa Senhora da Conceição, padroeira e rainha de Portugal. Entrando na Basílica, tivemos um tempo coletivo de oração diante da gruta onde o Anjo Gabriel anunciou a Maria que iria ser mãe do Messias e, tendo Maria dado o seu sim ao projeto de Deus, Jesus se fez homem no seu seio. Que seria de nós sem este sim? Certamente não tínhamos estado aqui…

Visitámos depois a igreja de São José, onde celebrámos a Eucaristia e terminámos o dia rezando o terço em procissão de velas em torno desta magnífica basílica.

O segundo dia levou-nos ao Monte das Bem Aventuranças, local onde foi proferido o sermão da montanha; a Tabgha, local da memória do Primado de Pedro. Aqui também pudemos ter um momento de oração individual, tendo como pano de fundo o mar da Galileia. Rumámos depois em direção a Cafarnaum, onde celebrámos a Eucaristia na igreja situada sobre a casa de Pedro e onde Jesus desafiou Pedro, Tiago e João a largarem as redes e a segui-l’O.

Almoçámos junto ao mar da Galileia o tradicional “peixe de São Pedro”. Fizemos a travessia do mar da Galileia e pudemos, por momentos, reviver os acontecimentos que Jesus e os discípulos tantas vezes viveram neste local.

O terceiro dia desta peregrinação começou em Caná da Galileia, para recordar o primeiro milagre de Jesus Cristo, onde celebrámos a Eucaristia e os casais presentes puderam renovar as suas promessas matrimoniais.

Subimos depois ao Monte Tabor, local da transfiguração de Jesus, e partimos em direção a Jerusalém. No caminho, ao longo do rio Jordão, eram visíveis os avisos de campos minados que nos recordavam o sofrimento do povo desta Terra Santa. Chegámos a Jerusalém ao final da tarde e vivemos o emocionante momento da saudação à Cidade Santa: “Que alegria quando me disseram, vamos para a casa do Senhor!”.

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O quarto dia da nossa peregrinação começou em Jericó (Palestina), mais propriamente na igreja do Bom Pastor, com a Eucaristia do dia. De seguida partimos para o Monte das Tentações e parámos diante de um sicómoro que nos recordou a árvore à qual Zaqueu subiu e foi chamado por Jesus, como relatado no Evangelho segundo São Lucas (19- 1-10). À tarde partimos em direção ao Rio Jordão e fomos visitar Kasser al-Yahud, local do batismo de Jesus, onde cada um renovou as promessas do seu batismo.

Visitámos depois Qumran e a meio da tarde tivemos o nosso grande momento de descanso: fomos tomar banho no Mar Morto, que está 426 metros abaixo do nível do mar, sendo assim o ponto mais baixo da superfície do globo. Para além disso é extremamente salgado, tendo 30% a mais de sal nas suas águas. Terminámos o dia regressando a Jerusalém, onde visitámos o Muro das Lamentações. Tal como ditam as regras deste local, as mulheres foram para um dos lados do muro e os homens para o outro lado e pudemos rezar unindo-nos aos nossos irmãos judeus.

O quinto dia de peregrinação começou bem cedo, com a ida à aldeia de Bet Sahour, o campo dos pastores, onde apareceu o Anjo para anunciar a boa nova do nascimento de Jesus. Daí partimos para Belém onde celebrámos a Eucaristia e foi verdadeiramente noite de Natal para cada um de nós, apesar do sol brilhar lá fora. Em Belém, visitámos a basílica e a Gruta da Natividade, onde está a estrela de 14 pontas que marca o local exato do nascimento de Jesus. Regressando a Jerusalém, da parte da tarde, descemos o Monte das Oliveiras, passámos pela igreja da Ascensão, pela Gruta do Pater Noster, pela capela Dominus Flevit e visitámos a igreja que guarda o túmulo da Virgem Maria. Subindo a outra colina, visitámos a igreja de São Pedro in Galicantu, bem como a Gruta da Traição, a casa de Caifás e a prisão que acolheu Jesus no início da sua paixão. Visitámos ainda a basílica da Dormição de Nossa Senhora e, ao lado, o Cenáculo da última ceia de Jesus e do Pentecostes.

À noite vivemos um momento muito intenso de vigília na basílica da Agonia de Jesus. Tempo para rezar e meditar a entrega de Jesus por nós e que terminou com uma procissão com o Santíssimo Sacramento no jardim do Getsémani, onde ainda se encontram pelo menos quatro oliveiras do tempo de Jesus Cristo. Nesta basílica, a luz, propositadamente reduzida, e as cúpulas azuis escuras, fazem-nos viver um constante ambiente da noite da agonia do Senhor. Apesar do cansaço, este foi um momento maravilhoso, de recolhimento e adoração. Que maravilha foi poder estar praticamente sozinho, em adoração, num local tão especial.

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Sexto e último dia da nossa peregrinação: Jerusalém. Começámos o dia bem cedo a percorrer os passos de Jesus na sua Via Dolorosa em direção ao calvário. Nove das catorze estações ficam na rua e as restantes cincos ficam dentro da basílica do Santo Sepulcro. Dado o labirinto de ruas existente no bairro árabe da cidade velha de Jerusalém, o grupo uniu-se em volta dos mais idosos, e cada um ficou incumbido de acompanhar um dos peregrinos com mais dificuldades. Este foi um momento único e de unidade, ver os peregrinos de braço dado para que o grupo não se separasse e ninguém se perdesse no meio de tanta confusão. Sim, confusão! Parece estranho, mas a Via Dolorosa percorre locais de culto religiosos, mas também comerciais, que ganham em toda linha. Porta sim, porta sim, a concorrência é bastante aguerrida e agressiva. Nesta dinâmica de ajuda mútua sentimo-nos verdadeiros cireneus uns dos outros, a partilhar com Jesus o caminho da nossa salvação.

A basílica do Santo Sepulcro é guardada por seis comunidades cristãs: gregos, arménios, etíopes, sírios, coptas e católicos. Grande confusão! Só por milagre não nos perdemos. Valeu-nos mais uma vez o nosso guia Amir. Entrámos para a igreja do Santo Sepulcro passando por duas igrejas coptas. Dentro da basílica esperámos cerca de trinta minutos para entrar no Santo Sepulcro. Foi outro dos momentos altos e mais significativos desta peregrinação. Tive a sorte de ter estado com dois Salesianos no espaço minúsculo que acolheu o corpo do Senhor Jesus. Um silêncio profundo. Um misto entre o glorificar Jesus e o tentar tirar uma fotografia, isto nos 20 segundos que nos permitiam estar ali de joelhos.

Celebrámos depois a Eucaristia, vivendo a alegria da Ressurreição, pois a basílica do Santo Sepulcro conta-nos sobretudo a vitória de Jesus sobre a morte! Um momento de grande alegria para todo o grupo. Dentro da basílica visitámos ainda o calvário e a pedra da deposição.

À tarde fomos à igreja da Visitação, situada nas montanhas da Judeia, onde lembrámos o encontro de Maria e Isabel. Que belo foi poder estar ali e recordar o Evangelho que durante todo este tempo nos serviu de inspiração para a JMJ Lisboa 2023. Tivemos ainda um momento de descontração na catedral do consumo do bairro árabe da cidade velha de Jerusalém.

Para terminar a nossa peregrinação fomos recebidos pelo Arcebispo Willem Shumli, Vigário Geral do Patriarcado Latino de Jerusalém, que nos deu a conhecer a situação dos cristãos na Terra Santa e onde, para além de perguntas que pudemos colocar, o Pe. Luís Almeida foi condecorado com a concha do peregrino da Ordem do Santo Sepulcro de Jerusalém.

Vivemos muitos momentos especiais para cada um dos peregrinos, mas acima de tudo houve um forte espírito de grupo e de entreajuda, construíram-se e fomentaram-se muitas amizades. Certamente que tendo percorrido estes lugares, as nossas celebrações eucarísticas serão vividas de forma diferente, de maneira mais intensa. Foi uma semana que nunca mais esqueceremos e da qual sentimos que a nossa fé saiu reforçada! Obrigado a todos os que nos ajudaram a viver estes dias”.

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