No dia 8 de novembro de 2024 celebram-se os 130 anos da chegada dos primeiros Salesianos a Portugal. O Colégio de S. Caetano, em Braga, foi o local escolhido para dar início a uma importante missão quer para a Igreja quer para a educação, no nosso país.
A 8 de novembro de 1894, três jovens missionários salesianos – o Pe. Pedro Cogliolo, o Pe. Ângelo Bergamini e o clérigo José Galli – desembarcaram, em Braga, para assumir a direção do Colégio de S. Caetano. A instituição, fundada em 1791, pelo Arcebispo Primaz D. Frei Caetano Brandão, acolhia e educava, gratuitamente, crianças e jovens, na sua maioria órfãos ou que tivessem sido abandonados.
A chegada daquele pequeno grupo de Salesianos marcou o início de um legado que atravessou gerações, e que se manteve sempre fiel ao carisma de Dom Bosco e ao propósito de servir, sempre, os mais necessitados.
Desde os primeiros dias do início da presença salesiana em Portugal é de destacar o caloroso acolhimento da comunidade bracarense, o que demonstrou o quanto o sonho de Dom Bosco ressoava em terras portuguesas. E esse mesmo acolhimento foi relatado ao Pe. Miguel Rua, primeiro sucessor de Dom Bosco no governo da Congregação, por carta: “Aguardavam-nos na estação todos os alunos do óptimo Dr. padre Francisco da Cruz que teve até agora a direcção do Colégio. Estavam também presentes vários outros representantes do clero e do laicado e muito povo curioso de ver os salesianos, há tanto tempo esperados e aos quais tantas vezes se tinham referido os jornais do país”, referiu o então diretor do Colégio, Pe. Pedro Cogliolo. E a descrição continuou: “O edifício do Colégio estava iluminado e à entrada esperava-nos a pequena banda instrumental dos alunos. Lia-se no rosto de todos um enorme contentamento”, concluiu.
Mais do que superiores, os Salesianos queriam ser “amigos”, assim, com amizade e dedicação, a missão dos Salesianos, em Portugal, cresceu rapidamente, transformando vidas e levando a esperança e a educação onde estas eram mais necessárias.
Em 1899, o Pe. Miguel Rua visitou o país, levando uma palavra de encorajamento aos seus irmãos que se encontravam em Portugal. O Superior da Congregação visitou também as obras que já se tinham desenvolvido no Porto e em Lisboa (Oficinas de S. José – que os Salesianos passaram a dirigir em novembro de 1896), bem como ao noviciado da Quinta do Pinheiro. A presença do Pe. Miguel Rua reforçou o ânimo dos Salesianos e a fé de todos os que acreditavam no sonho de Dom Bosco, de criar uma rede de apoio para os jovens, principalmente, para os mais pobres.
No decorrer da sua passagem pelo Colégio, os Salesianos enfrentaram diversas dificuldades, contudo, através da sua ação pedagógica no ambiente colegial, bem como da influência exercida no ambiente citadino, conseguiram deixar marcas profundas nesta sua passagem por Braga. Quando, em 1911, depois da instauração da República em Portugal, os Salesianos deixaram a direção do Colégio, foram muitos os alunos que seguiram a vocação religiosa, quer no clero da diocese, quer na própria Congregação Salesiana. Por outro lado, foi também notório o trabalho de transformação moral e social, através de um oratório festivo, dos rapazes vadios que enchiam as ruas da cidade.
O espírito de Dom Bosco no meio dos jovens
O espírito de Dom Bosco floresceu no Colégio de S. Caetano, onde se celebravam, com entusiasmo, festas e atividades que envolviam a comunidade local, nomeadamente, a procissão ao Santuário do Bom Jesus e as festividades de São Caetano. A Banda de Música do Colégio, formada por jovens que, através da educação salesiana, encontravam novas oportunidades e construíam um futuro melhor, era, verdadeiramente, o orgulho da cidade.
Hoje, passados 130 anos desta chegada a Portugal, a Província Portuguesa da Sociedade Salesiana continua a sua missão. As suas 10 presenças em Portugal (e mais uma em Cabo Verde) acolhem, nas suas seis escolas, mais de nove mil alunos. São também muitas as crianças e jovens que frequentam as atividades educativas e pastorais, que funcionam em quase todas as presenças, e que reafirmam, diariamente, o compromisso para com o carisma de Dom Bosco.
De referir que são, também, muitos, as crianças e os jovens, e respetivas famílias, que beneficiam do apoio dos Serviços Sociais Salesianos.
Ao olhar para o futuro, inspiramo-nos naqueles Salesianos pioneiros e em todos quantos, ao longo de 130 anos, deram o melhor de si pela missão, garantindo que, hoje, Dom Bosco permanece vivo em cada presença salesiana de Portugal.
Que os Salesianos possam continuar a trabalhar na simplicidade e no amor, transformando a vida dos jovens!