Esta Quarentena tem sido para os cristãos um grande desafio de fé. Do isolamento social às nossas novas vidas viradas do avesso, do papel de Deus em tudo isto à nossa relação com a morte, têm-se levantado todo o tipo de questões. E o desafio eleva-se quando vivemos o nosso tempo maior neste contexto. Vimos como a Quaresma em tudo espelhava o momento que vivemos, e então demos-lhe um sentido mais real: multiplicámos esforços para conviver com sacrifícios, ajudámos o outro, rezámos mais. Mas, eis que chega a Páscoa, a Alegria da Ressurreição! Como dar testemunho da verdadeira alegria da maior prova de amor de Jesus para connosco em tempo de morte e dor? Como ser otimista, à luz da nossa Espiritualidade, se no mundo esta batalha parece não ter fim?
Para quem está, há mais de um mês, sozinha e completamente isolada do contacto humano por pertencer a um grupo de risco, esta alegria e otimismo podem parecer ainda mais difíceis de encontrar; contudo, a sede de partilhar os dons deste tempo de Páscoa é ainda maior quando se vive a fé a sério. Foi assim que me inscrevi no Retiro online do MJS europeu, que decorreu entre os dias 14 e 17 de abril. Quando entrei na primeira sessão de Lectio Divina, orientada por Pe. Fábio Attard, não imaginava que iríamos reunir 230 jovens dos quatro cantos do mundo (33 países) e muito menos que havia de receber uma infinitude de Graças.
De manhã, refletimos sobre temas bíblicos e salesianos – o chamamento de Samuel, o sonho dos 9 anos, a Samaritana e a vida de Domingos Sávio – na perspetiva do tempo que vivemos. Cada uma das palavras de D. Fábio falaram muito à minha vida e levaram-me a discernir até sobre aqueles assuntos dos quais tentamos fugir. De tarde, as partilhas foram muito ricas e lugar de grande crescimento. Jovens da Índia, Filipinas, Austrália, Sri Lanka, Zâmbia, China, Sibéria (Rússia), EUA, México, Malta, Reino Unido, Itália, todos colocámos em comum as diversas realidades de quarentena e a mesma sede deste Deus de Amor na nossa vida. Foi um pontapé de saída para que o MJS mundial seja cada vez mais comunhão neste carisma pelo qual bate o nosso coração. Na despedida, fomos abençoados com a presença surpresa do Reitor-Mor que rezou connosco e nos impeliu a darmos, neste momento que atravessamos, verdadeiro testemunho de cristãos salesianos.
Hoje, fortalecida por estes dias, a alegria do Ressuscitado transborda no meu coração e os meus pés estão prontos para o testemunho. Como D. Fábio nos disse, “no silêncio, Deus não está calado”. Que nos silêncios duros desta quarentena, encontremos um Pai que nos ama incondicionalmente e quer caminhar connosco para vencermos juntos o Seu verdadeiro desafio – descobrirmos sempre o melhor da nossa história para cumprirmos o plano de felicidade que sonhou para nós.