O mês de Maio é para nós Família Salesiana o mês de Nossa Senhora, Maio é o mês de Maria Auxiliadora. Neste contexto, o lema da JMJ 2023 “Maria levantou-se apressadamente” (Lc 1, 39) é muito relevante; é revelador de uma Maria diligente na ação e que ama servindo.
Depois de saber pelo Anjo Gabriel que iria ser mãe de Jesus, Nossa Senhora, antes de pensar em si e no seu bem-estar, pensou primeiro na sua prima Isabel que soube estar também grávida. No momento em que seria normal deixar-se ficar confortável e descansada, Maria “levantou-se” e partiu em missão. Nossa Senhora esqueceu-se de si própria e só pensou na sua prima que ia ser mãe já fora de idade. Maria quis ser auxiliadora e não auxiliada, que sorte temos nós por ter uma Mãe que se dá com tanta facilidade e altruísmo! Que sorte temos nós por termos quem nos auxilie sem pedir nada em troca, quem nos salve só por nos amar e que nos ame apenas por existirmos!
Jesus, nos seus últimos dias, deixou-nos o desafio de sermos auxiliadores uns para os outros, assim como Maria foi naquele tempo para Isabel; de auxiliarmos com as nossas “Obras” e ações. Depois de também Ele se pôr ao serviço simbolicamente, lavando os pés àqueles que Lhe chamavam Mestre, disse-lhes: “Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei. Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13, 34-35). Em apenas três frases Jesus conseguiu resumir tudo o que, durante a sua vida, tinha ensinado sobre como devemos tratar os irmãos. Primeiro fala-nos do amor; o amor de Deus por nós e que, necessariamente, tem de transpirar de nós para os outros. Jesus não diz “peço que vos ameis”, ou “seria bom se se amassem”, Jesus diz “é preciso” que nos amemos; sabemos que esse amor vem de Deus porque Jesus não nos diz só para nos amarmos, mas para nos amarmos segundo o exemplo que d’Ele recebemos, seguindo o exemplo de amor serviçal e verdadeiro. Depois fala-nos das Obras do amor de Deus, o amor pelo próximo demonstrado em ações e atos concretos. Só com este testemunho de amor verdadeiro é que é possível sermos reconhecidos como discípulos d’Ele. Nós recebemos de Deus o amor verdadeiro e infinito apenas por existirmos; a missão que Jesus nos deixou foi a de o partilharmos com os outros através das nossas “Obras”. “Vês tu como a fé tem de ir acompanhada pelas obras e é por elas que se mostra se a fé é verdadeira ou não?” (Tg 2, 22)
Roman Kurtysh, um ucraniano a viver em Portugal há cerca de 20 anos, fez exatamente isto. Roman não quis estar confortável no seu bem-estar, e “levantou-se apressadamente” para ajudar os seus compatriotas que viu em sofrimento por causa da guerra. Durante duas semanas dormiu duas a três horas por noite até finalmente conseguir organizar uma ponte aérea de ajuda humanitária entre Lisboa e Lublin, cidade polaca na fronteira com a Ucrânia. Estes exemplos têm de ser para nós, cristãos, matéria de reflexão. Como podemos também dar de nós aos outros desinteressadamente? Como podemos “gastar-nos” para os outros?
O amor de Jesus não é um amor falado, é um amor vivo, experienciado, demonstrado. Amar Jesus no próximo é, não só dizer coisas bonitas, mas acima de tudo fazer o próximo sentir-se amado; é “sair” de nós próprios para ir “apressadamente” ao encontro dos outros e ficar ao seu serviço como fez Maria em relação à sua prima Isabel e como fez Jesus em relação a nós; é gastar a nossa vida ao serviço. É este amor diligente e ativo que nos distingue como seguidores de Cristo! “Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” (Jo 13, 35)
Fotografia: Chuko Cribb/Unsplash
Publicado no Boletim Salesiano n.º 592 de maio/junho de 2022
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