As primeiras impressões
Logo que cheguei a Cabo Verde, o que mais me chocou foi a paisagem. Impressionou-me deveras! Uma paisagem escura, desértica, lunar… terra seca, imenso pó, calor húmido, muita pobreza… Pensei: “Meu Deus, não ficarei aqui nem uma semana, quanto mais um mês, um ano e, quem sabe, talvez dois!… Que posso eu fazer aqui?”
Mas mais aflito fiquei quando me dei conta do enorme trabalho que tinha de ser feito. Por onde começar? E foi assim, nesta angústia, mas com uma fé enorme na ajuda de Deus, de Nossa Senhora e de S. João Bosco, e dos meus irmãos salesianos, que comecei esta aventura, este desafio que o Senhor colocou na minha vida.
E logo de início me convenci que só com uma dedicação total, como é a dos meus irmãos salesianos que aqui vim encontrar, poderia ultrapassar as minhas dúvidas e os meus desencantos iniciais. Decidi dispor-me a dar o pouco que tenho e fazer multiplicar os meus talentos, ao invés de enterrá-los num “buraco”.
Em Cabo Verde percebi o sentido da frase “é mais feliz aquele que dá, do aquele que recebe”. Os desafios são muitos, mas a consciência deixa-me tranquilo porque embora o que eu faço seja muito pouco, estou apenas a lançar as sementes que a seu tempo o Senhor, com certeza, fará germinar para dar abundantes frutos.
A ilha de São Vicente não é muito religiosa; trabalhar aqui é trabalhar com a consciência de que muitos talvez nunca tenham tido contacto com a Palavra de Deus, mas a Palavra de Deus pode chegar até eles também através do testemunho das nossas vidas de cristãos e de consagrados empenhados. É este, também, um desfio para mim.
Por tudo isto, só tenho a agradecer a Deus o dom da vida, da fé e da vocação; agradecer-Lhe a confiança que depositou mim e a minha confiança n’Ele; agradecer-Lhe a força que Ele me dá, uma força imensa que me sustenta nesta missão salesiana.
Desafio-te, a ti, também, a deixares que Nosso Senhor Jesus Cristo faça em ti grandes Maravilhas.