Há um ano, a guerra voltou à Europa. O povo ucraniano, resiliente e corajoso, resiste, dia após dia, à invasão russa. E o resto do mundo não lhe ficou indiferente. A ajuda chegou de todos os lados, e os Salesianos, de todo o mundo, responderam, também, de forma positiva a todos os apelos que foram chegando da Ucrânia. Embora a “onda” de solidariedade tenha sido gigante, e possa, de alguma forma, ajudar a suavizar a dor, a verdade é que o impacto desta guerra ficará, para sempre, gravado na memória daqueles que a viveram.
O dia 24 de fevereiro de 2022 ficará para sempre recordado como o dia em que o mundo assistiu, incrédulo, ao regresso da guerra à Europa. Os primeiros ataques russos atingiram Kyiv, a capital da Ucrânia, bem como outras cidades importantes como Kharkiv, Mariupol e Odessa. Os bombardeamentos deixaram um rasto de destruição sem precedentes, com habitações, escolas, hospitais e infraestruturas energéticas completamente destruídas. Mas, os ucranianos, não baixaram os braços e, motivados pelo seu presidente, Volodymyr Zelensky, “permanecem invencíveis”.
Segundo um dos conselheiros do presidente Zelensky, durante este ano de guerra, as Forças Armadas da Ucrânia perderam entre 10 mil a 13 mil soldados e a ONU regista, por toda a Europa, mais de oito milhões de refugiados, tendo chegado, a Portugal cerca de 58 mil cidadãos ucranianos.
De olhos postos da Ucrânia: solidariedade mundial
Depois dos primeiros ataques bárbaros das tropas russas, o mundo questionou-se sobre quanto tempo iria a Ucrânia resistir. Havia o receio generalizado de que o país não ia conseguir resistir durante muito tempo aos invasores. Porém, a coragem do povo ucraniano surpreendeu o mundo!
Ninguém ficou indiferente e iniciou-se uma “onda” de solidariedade sem precedentes. Desde recolhas de bens, passando pelo auxílio aos refugiados, bem como por diferentes manifestações culturais. A Ucrânia e o seu povo estavam no coração de todos.
Também no terreno, o apoio aos mais necessitados e a quem tudo perdera, foi uma realidade. Muitos ucranianos viram-se forçados a procurar refúgio em instituições e organizações de todo o tipo. Entre essas instituições estiveram, e estão, os Salesianos, cujo trabalho e apoio têm-se revelado imprescindíveis.
Salesianos: de braços abertos para o povo ucraniano
Logo após os primeiros bombardeamentos, o Pe. Mykhaylo Chaban, Províncial da Visitadoria da Ucrânia, escreveu uma carta dirigida a toda a Congregação onde afirmava que as presenças salesianas no país se preparavam para “para acolher refugiados e permanecer ao lado dos mais necessitados”. Nessa mesma carta foi, ainda, solicita ajuda financeira quer para a preparação dos abrigos quer para o apoio aos refugiados.
Com as Províncias Salesianas da Polónia e da Ucrânia a terem de lidar com inúmeras dificuldades na ajuda às populações que chegavam às diferentes casas, o mundo Salesiano uniu-se e enviou, de imediato, ajuda. Portugal não foi exceção. No dia 3 de março, a Província Portuguesa, através da Missão Dom Bosco – Fundo Solidário Salesiano, enviou os primeiros 10 mil euros para a Ucrânia.
Para além dos valores monetários, muitos foram os bens enviados. Os primeiros carregamentos chegaram ao local, e toda a ajuda foi fornecida através dos Salesianos e das Filhas de Maria Auxiliadora, que trabalham na Ucrânia, e que não quiseram deixar o país neste momento de guerra.
Os pedidos de apoio começaram também a chegar dos países vizinhos, nomeadamente, da Polónia, Eslováquia e Moldávia. Na Polónia, os Salesianos garantiram alojamento a muitos refugiados que fugiram da guerra através da fronteira polaca, prestando, também, assistência médica, psicológica e jurídica.
Em várias partes do mundo multiplicaram-se as ações salesianas. Em Itália, no Reino Unido, nos Estados Unidos, na Índia e em África surgiram diversas iniciativas para angariação de fundos e de bens e para apoiar o acolhimento de refugiados.
Em Portugal, a campanha de angariação de fundos da Missão Dom Bosco continuava, tendo o Pe. José Aníbal Mendonça, Provincial de Portugal e Cabo Verde, afirmado: “em consonância com as indicações do nosso Reitor-Mor, avançamos com uma recolha de fundos para apoiar as ações solidárias que estão a ser desenvolvidas na Ucrânia”.
Os alunos finalistas dos Salesianos de Lisboa associaram-se, também, a esta campanha de angariação de fundos da Missão Dom Bosco – Fundo Solidário Salesiano. Demonstrando grande empenho em poder ajudar quem sofre, organizaram várias atividades com o objetivo de recolher ajuda. Já nos Salesianos do Estoril teve lugar uma campanha de angariação de bens, promovida pela APESSA – Associação de Pais dos Salesianos do Estoril. A adesão à iniciativa excedeu as expectativas e, no final da recolha, partiram do Estoril, com destino à Ucrânia, cinco camiões cheios de bens alimentares, roupa, medicamentos e material médico.
Ainda durante o mês de março de 2022 foram enviados mais 10 mil euros, através da Missão Dom Bosco, para apoiar os esforços da Congregação na Ucrânia. Só nesse mês foram angariados, pelas diferentes províncias salesianas, mais de 500 mil euros.
A Missão Dom Bosco promoveu, mais tarde, o envio de um contentor para os Salesianos da Eslováquia com bens alimentares, medicamentos e produtos de higiene.
Rezando pela paz e para que a humanidade fosse preservada da “ameaça nuclear”, o Papa Francisco consagrou e entregou a Rússia e a Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. A consagração aconteceu durante a Celebração Penitencial da Quaresma, em Roma. A consagração decorreu, também, na Cova da Iria, onde o cardeal Konrad Krajewski, esmoler pontifício, presidiu à recitação do Terço, na Capelinha das Aparições, na qualidade de legado pontifício.
Inverno: um novo inimigo entra na guerra
Com a chegada do Inverno – bastante rigoroso, e com temperaturas que podem chegar aos -25 e -30 graus C -, teve início um novo desafio: garantir o isolamento das habitações, que ainda resistiam aos ataques, e disponibilizar roupas quentes, cobertores, geradores de eletricidade e combustíveis.
Foram já efetuadas algumas melhorias, nomeadamente, a manutenção de edifícios residenciais, e casas salesianas, no que se refere ao aquecimento e à eletricidade. No início de fevereiro de 2023 concluiu-se mais uma etapa do projeto de inverno em Zhytomyr: os residentes da cidade receberam apoio na forma de alimentos, cobertores quentes, roupas, calçado e produtos de higiene.
Salesianos: o que está a ser feito
Continuam a chegar, diariamente, por parte dos Salesianos, relatos do trabalho que está a ser desenvolvido no terreno.
Os registos fotográficos, e vídeos partilhados, vão dando conta de famílias destroçadas que tentam, a todo o custo, ganhar esperança – muito devido a todas as ajudas que lhes vão chegando.
As últimas informações dão conta da chegada de mais ajuda, num total aproximado de nove toneladas de mercadoria: 11 paletes de alimentos, coberturas térmicas, roupas, cobertores, lanternas, bancos de energia com baterias solares, velas, fraldas, remédios. Todos estes bens vão ser distribuídos pelas das comunidades salesianas.
A ajuda chegou de todo o mundo, através de 66 organizações e comunidades. Num ano, os Salesianos encaminharam e distribuíram mais de nove milhões de euros.
A ajuda continua
A situação de conflito deverá manter-se, e, por isso, toda a ajuda e apoios continuam a ser de extrema importância. O seu contributo pode fazer a diferença para quem, vive sob a ameaça constante dos mísseis, dos drones e dos tanques.
Agradecendo a todos os benfeitores que, desde o primeiro minuto, não hesitaram em ajudar, a Missão Dom Bosco, continua a apelar à generosidade de todos para levar um pouco de conforto a quem tudo perdeu.