Carlos Braga nasceu a 23 de maio de 1889, em Tirano, em Itália. Filho de um segundo casamento, perdeu os seus familiares ainda em criança. O seu pai, Domingos Braga, emigrou para a Argentina quando Carlos tinha apenas dois anos e nunca mais voltou. A mãe, Maddalena Mazza, morreu depois de uma longa doença, quando Carlos tinha apenas seis anos.
Foi uma infância amarga e dramática, à semelhança da de D. Bosco.
Sem poder usufruir dos cuidados dos seus pais, Carlos Braga teve como providenciais substitutas, em Tirano, as Filhas de Maria Auxiliadora, que o acompanharam desde o infantário até à primária. Foi aí que ele encontrou aquela a quem mais tarde chamará de “segunda mãe”, a irmã Judite Torelli.
Carlos Braga foi, depois, acolhido pelos salesianos, no colégio San Rocco di Sondrio, e esta experiência de “amabilidade” salesiana foi fundamentalmente para Carlos. Foi durante a permanência neste colégio que Carlos encontrou o Beato Miguel Rua, sucessor de D. Bosco, que se encontrava de visita àquela casa, e que deu a Carlos a possibilidade de um dia vir a ser padre. No final daquela visita, D. Miguel Rua disse a Carlos, “seremos sempre amigos”.
Carlos iniciou o seu percurso na Família Salesiana, em agosto de 1904, quando entrou no noviciado da Província Central (Foglizzo). Foi esta passagem pela Província Central que lhe permitiu entrar em contacto direto com as origens do carisma salesiano de Turim-Valdocco. No entanto, o jovem Carlos não foi imediatamente aceite para a sua primeira profissão religiosa, e foi enviado para um segundo noviciado em Valsalice, onde pôde continuar os seus estudos. Fez depois a primeira profissão a 30 de julho de 1906, depois a sua primeira experiência como salesiano entre 1908 e 1911, em Trino Vercellese, durante a qual fez a sua profissão perpétua e frequentou os estudos universitários (1911). Enquanto estudava Teologia ocupou-se do oratório de S. Luís, onde o superior da comunidade era o venerável Vicente Cimatti. Foi ordenado sacerdote a 11 de abril de 1914.
Quase um ano depois da sua ordenação, o padre Carlos foi chamado ao exército italiano, onde experimentou os rigores da guerra; permaneceu no exército até abril de 1919. Durante este período teve contacto com diversos salesianos, nomeadamente, o capitão padre Renato Ziggiotti, que será o 5.º sucessor de D. Bosco, e que o fez querer ser missionário.
Atingido por uma grave doença, decidiu que se Maria Auxiliadora lhe obtivesse a cura, iria para as missões.
Em novembro de 1918, chegou de Turim o convite para participar na segunda expedição missionária para a China, em substituição de outro irmão, a quem a mãe tinha negado a autorização e que veio a morrer durante a guerra. Carlos recebeu o crucifixo missionário, em abril de 1919, do Reitor-Mor padre Paulo Albera, em Valdoco, com mais oito salesianos, também eles ex-soldados. Chegou à China a 29 de setembro de 1919.
O padre Carlos viveu o primeiro período da sua vida missionária junto do bispo São Luís Versiglia, o primeiro mártir salesiano. Entre 1919 e 1924 foi superior do orfanato de São José.