Pastoral Juvenil e Arte

Arte (pintura, escultura, música, cinema, dança…) é uma tradução criativa da realidade.

Quando nos confrontamos com uma obra de arte, abrimos horizontes porque percebemos outras formas de olhar para o mundo, para nós, para a vida. Podemos gostar ou não, mas só por estarmos diante dela (disponíveis para ver e questionar) já crescemos.

A arte que exploro profissionalmente e por vocação é a ilustração. Ouvi uma vez no Bairro Alto da RTP2, o ilustrador Richard Câmara a dizer que iLUZtração é a ação de trazer à LUZ outro olhar sobre uma ideia. Uma ilustração de um livro não se reduz ao que está no texto, abre (novos) caminhos. Há sempre mais do que um ponto de vista numa ideia/história/assunto.

Na formação que tenho feito com agentes da pastoral e educadores trabalho a importância da criatividade na catequese (ou na educação em geral). Não se trata de atrair plateia, mas de estimular e potenciar a criatividade de cada um. É importante perceber que criatividade, não é um dom de poucos, como artistas e inventores, é uma capacidade que TODOS temos para transformar a realidade à nossa volta. É pensar “fora da caixa”, é ver para lá do óbvio, é encontrar formas diferentes de olhar para as coisas/problemas/situações.

Jesus não esperava pelas pessoas a uma hora marcada de sábado para falar do Reino de Deus. Jesus é modelo de criatividade. Contava parábolas, valorizava ações, usava símbolos e gestos que ainda hoje são rituais importantes na manifestação da nossa fé. Era criativo nas respostas que dava às perguntas envenenadas que lhe faziam. Às vezes, as respostas eram jogos e enigmas que faziam pensar, questionar, para que cada um dos que O ouviam, chegasse à verdade. Devemos perdoar 70 x 7, disse Jesus. Não pretendia avaliar o nível de sabedoria no campo da matemática, mas sim fazer pensar sobre o que realmente isso significava.

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Também na Pastoral Juvenil é necessário ser criativo; ir ao encontro do outro, partindo da sua própria realidade, conhecendo-o, dando-lhe lugar e voz; pensar fora da caixa; fazer o outro pensar por si; dando ferramentas para criar autonomia no desenvolvimento da criatividade.

Porque não evangelizar a partir de uma música de Samuel Úria, de uma ilustração da bíblia por Rebécca Dautremer, da pintura O Cristo Amarelo de Paul Gauguin, ou do filme Favores em Cadeia?

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