Em tempos que já lá vão, o mundo dos media interessava à pastoral juvenil porque era uma ferramenta útil (para comunicar a Boa Nova) ou perigosa (porque trazia propostas e ideologias desafinadas em relação ao Evangelho).
Mas algo mudou. Os media já não são mais uma ferramenta. Eles são o lugar onde as pessoas vivem. No mundo da pastoral juvenil salesiana (e não só!) sempre houve muita atenção ao mundo real onde os jovens vivem. Basta pensar em Dom Bosco que abre os olhos para ver os jovens migrantes do campo que chegam à cidade, para perceber que a velha economia agrária está a ceder o passo à revolução industrial.
Hoje, os media fazem parte da paisagem onde a vida dos jovens acontece. Ao contrário do que sucedia ainda há poucos anos, o mundo da comunicação não é apenas uma mercadoria (televisão, música, informação, jogos…) que se consome, de vez em quando. Hoje estamos permanentemente ligados, a aceder e a produzir comunicação.
Outra diferença fundamental é o papel dos jovens no mundo comunicacional. Nos media tradicionais somos consumidores passivos dos conteúdos que outros produzem e nos vendem. O aparecimento da web 2.0 fez de todos nós produtores de conteúdos. Adele pode colocar um novo clip no youtube; não te limitas a vê-lo. Comentas, partilhas nas redes sociais, interages com quem tem opiniões diferentes das tuas. O mundo antigo (dos media, da escola, da vida em sociedade…) em que só uma minoria tinha direito a levantar a voz, desapareceu.
Tudo isto levanta muitos e sérios desafios a um jovem que quer crescer como cidadão e como cristão. Com tanta informação disponível torna-se urgente encontrar critérios de verdade para separar o trigo do joio. Com esta pressão a estarmos sempre ligados, estamos demasiado desligados de quem temos à frente. Muita da comunicação que produzimos no digital não é mais do que clicar num like ou, se estivermos generosos, num partilhar; e isto fez empobrecer a nossa capacidade de produzir comunicações mais complexas, mais ricas, mais subtis.