Kakuma, Quénia: Centro Dom Bosco de Ensino Vocacional dá formação a refugiados

O Campo para Refugiados de Kakuma, no Quénia, foi criado em 1992 para acolher a população em fuga da guerra no Sudão. Estende-se por uma área de 15 km2, e tem capacidade para acolher 125 mil pessoas, mas acolhe atualmente mais de 156 mil. No terreno, as Nações Unidas, apoiadas por várias entidades, entre elas os Salesianos, ajudam a reconstruir vidas.

Desde os primeiros anos da década de 1990, o Quénia e a Etiópia têm acolhido centenas de milhares de refugiados dos países vizinhos, consequência das guerras civis da Somália e do Sudão, da insegurança, pobreza e fome em vários outros países da região, Uganda, Ruanda, Burundi e República Democrática do Congo. No Quénia, em três grandes campos, Dadaab, Kakuma, Alinjugur, e na capital Nairobi, vive quase meio milhão de refugiados registados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

O Campo de Kakuma foi criado pelas Nações Unidas em 1992 e tem capacidade para 125 mil pessoas, mas acolhe atualmente mais de 156 mil. Ao longo dos 25 anos, a população do campo tem oscilado conforme a frágil estabilidade social e política da região e as necessidades das populações. Desde a divisão do Sudão do Sul, o número de refugiados e deslocados voltou a aumentar.

Educação e formação

Com a ajuda de vários organismos das Nações Unidas, Organizações Não-Governamentais e outras entidades, satisfazem-se necessidades básicas: segurança, alojamento, alimentação, cuidados de saúde. Mas para muitos a condição de refugiados ou deslocados prolonga-se por vários anos, e entre as preocupações das Nações Unidas e dos seus parceiros no terreno está a reconstrução das vidas e a criação de meios de subsistência para as famílias refugiadas.

Os Salesianos de Dom Bosco trabalham no Campo de Kakuma desde 1993 e são com o Conselho Norueguês para os Refugiados as duas únicas instituições que oferecem formação profissional no campo. Através da formação, com apoios à criação de pequenos negócios, com o ensino de técnicas de cultivo, ajudam a criar essas condições, melhorando as vidas das famílias dentro do campo e capacitando para futuramente reconstruirem as suas vidas e os seus países de origem.

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Nas quatro unidades do Centro Dom Bosco de Ensino Vocacional, os Salesianos oferecem diversos cursos que incluem: construção, manutenção elétrica, mecânica de motores para veículos, soldadura e tratamento de metais, canalizações, carpintaria e marcenaria, alfaiataria e confeção, para além de programas de matemática, informática, inglês e alfabetização de adultos.

Todos os anos, milhares de jovens e adultos residentes do campo de Kakuma e alguns quenianos frequentam estes cursos, que no final dão acesso aos exames estatais de qualificação de nível III e II. Em 2016, dos 3.095 inscritos, 2.086 concluíram o curso até ao final do ano. A procura é grande e os Salesianos, com o apoio da ONU e de outras instituições, querem aumentar a oferta, abrindo à população da comunidade envolvente, e diversificar os programas com uma formação mais aprofundada. O projeto para a construção do Instituto Técnico no exterior do campo com o apoio da Procuradoria de Bona aguarda financiamento e parcerias.

Segundo a ACNUR, estes investimentos têm dado resultados: em 2015, 23 % da população do campo em idade ativa (dos 18 aos 59 anos) tinha o seu próprio negócio.

Paróquia Salesiana, Centro Juvenil e Clube Sávio

Em Kakuma os Salesianos também têm a seu cargo a única paróquia católica em todo o campo, um centro juvenil e o Clube Sávio. Pertencente à diocese de Lodwar, a Paróquia de Santa Cruz está confiada aos cuidados dos Salesianos. Ali trabalham três sacerdotes salesianos, um salesiano coadjutor e um noviço que têm a seu cargo a gestão de toda a obra. São ajudados por duas religiosas, dois catequistas a tempo inteiro, oito catequistas colaboradores, leigos que desempenham funções de chefia na paróquia, onde funcionam vários grupos. A paróquia conta nove centros, em cada um dos quais é celebrada a missa dominical, e em vários deles celebra-se também a missa nos dias de semana. Há 45 pequenas comunidades cristãs ativas, orientadas por animadores e acompanhadas em particular por duas religiosas. No Centro Juvenil Dom Bosco de Kakuma, ponto de encontro para recreio e jogos e para rezar, 250 jovens estão inscritos nas atividades.

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O Clube Sávio é um programa de acompanhamento nos estudos para crianças dos 6 aos 11 anos, criado pelos Salesianos. No campo de Kakuma funcionam várias escolas primárias, insuficientes para o número de crianças e com turmas, por vezes, de mais de 100 alunos. Cerca de 600 crianças frequentam as aulas, durante três horas por dia, de inglês, suaíli, matemática, e também de higiene e boas maneiras, e catequese. 

Centro Dom Bosco de Ensino Vocacional: Milhares de jovens e adultos frequentam todos os anos os cursos profissionais com equivalência ao Grau III e II de certificação do Estado Queniano.

Clube Sávio: Programa de reforço escolar para crianças dos 6 aos 11 anos, com 3 horas de aulas diárias. Cerca de 600 crianças frequentam as aulas.

Centro Juvenil: Espaço de recreio, jogos e catequese. Cerca de 250 jovens estão inscritos no Centro Juvenil Dom Bosco.

Paróquia  Santa Cruz: Dentro do Campo de Kakuma a única paróquia católica está entregue aos Salesianos.

Presença Salesiana

A Província Salesiana de África Este, que inclui o Quénia, a Tanzânia, o Sudão e o Sudão do Sul, foi criada em 1982.

Atualmente tem 28 comunidades, entre institutos técnicos, escolas, paróquias, centros juvenis e o Centro Dom Bosco de Ensino Vocacional no campo para refugiados em Kakuma, no Quénia.

Originalmente publicado no Boletim Salesiano n.º 561 de Março/Abril de 2017

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