A obra salesiana de Kami, na Bolívia, está por trás de muitos investimentos feitos na região em infraestruturas, educação, saúde, formação, e na criação de uma economia local que permite à população “caminhar com os próprios pés”.
Numa parede da Central Hidroelétrica de Kami está inscrita a frase “Caminamos sobre las alas de un sueño de andar con nuestros propios pies” (caminhamos sobre as asas de um sonho de caminhar com os nossos próprios pés). O Pe. Serafino Chiesa, salesiano natural de Itália mas missionário na Bolívia desde 1977, acredita que este deve ser o espírito das missões, apesar de diferente e inovador mesmo no panorama da intervenção da Missioni Don Bosco. “Devemos dar os recursos para que possam implantar-se como uma economia, uma sociedade, com a autonomia de que todos necessitamos”, defende. “A Missioni Don Bosco aceitou este discurso, difícil, delicado, moderno, e arriscou connosco, investindo-se economicamente”.
Kami está a 4.000 metros acima do nível do mar. É definido como um ambiente hipóxico, ou seja, pobre em oxigénio: cerca de 60% do que se respira ao nível do mar. Ali vivem cerca de 20 mil habitantes, um povo forte, pertencente quase inteiramente às etnias Quechua (antigos Incas) e Aymarà (pré-Inca). O salesiano recorda como tudo começou: “Não estava preparado para ir como missionário, mas aceitei a proposta dos superiores”. Primeiro concentra-se na formação dos jovens, criando escolas e internatos, para depois passar a projetos ambiciosos que dizem respeito a toda a comunidade: cuidados de saúde, aqueduto, estradas, vestuário de malha, reflorestação, carpintaria, padaria, piscicultura. Mas nem tudo é simples, basta pensar nas dificuldades de acesso, de pessoal e de materiais.
O impacto social da presença salesiana
As obras sociais começaram quase imediatamente, como o aqueduto, que é considerado uma obra monumental: sete quilómetros de canos ao longo de uma cordilheira. Outras obras importantes foram a construção do hospital, do ginásio e do cinema em 1984. A certa altura, há cerca de 20 anos, o Pe. Serafino teve uma ideia capaz de mudar para sempre Kami e a qualidade de vida da sua gente: reativar uma central hidroeléctrica abandonada, para dar energia à cidade, aos seus habitantes e às suas atividades. Foi necessário encontrar recursos, muitos recursos. Estes chegaram através da Missioni Don Bosco, organização sem fins lucrativos de utilidade social de Itália, através da campanha de IRS.
O melhor presunto da Bolívia
Há cerca de 25 anos foi criado um projeto agrícola para melhorar a produção e a qualidade de vida, com cursos para agricultores e a criação de pequenas explorações suinícolas para venda de porcos de raça pura. Com o excedente começaram a produzir presunto serrano e enchidos, com excelentes resultados. “Conseguimos agregar valor à carne suína”. Desta forma, o centro de produção foi equipado e o produto é atualmente vendido em duas redes de supermercados, em Cochabamba e na capital La Paz. “E posso dizer que conseguimos produzir o melhor presunto serrano da Bolívia”, remata o sacerdote italiano.
Texto (adaptado) e Fotografia: Missioni Don Bosco/Kami Bolívia
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Publicado no Boletim Salesiano n.º 607 de janeiro/fevereiro de 2025
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