Entre as comunidades indígenas

Missão Salesiana do Mato Grosso, Brasil: Entre as comunidades indígenas

O Reitor-Mor dos Salesianos visitou as aldeias indígenas de Merúri, São Marcos e Sangradouro. Os Salesianos chegaram à região em 1896.

Numa das últimas visitas do seu reitorado, o Cardeal D. Ángel Fernandez Artime visitou no início de março a Província do Campo Grande, uma das seis províncias em que se subdivide a presença salesiana no Brasil. A viagem incluiu a visita às presenças de Araçatuba, Campo Grande, Corumbá e Cuiabá e às aldeias indígenas de Merúri, São Marcos e Sangradouro.

Em Merúri, onde foi criada a primeira missão salesiana junto das comunidades indígenas em 1902, o Reitor-Mor abençoou a obra e descerrou uma placa em homenagem aos Pioneiros Salesianos e aos Servos de Deus Pe. Rodolfo Lunkenbein e Simão Bororo, mortos naquele local em 1976.

Rodolfo Lunkenbein (1939-1976), natural de Döringstadt, na Alemanha, chega ao Brasil em 1958. Entre 1963 e 1965 trabalha na Missão Salesiana de Merúri, onde dá aulas às crianças Bororo e aos filhos de fazendeiros, agricultores, criadores de gado. Regressa à Alemanha, onde é ordenado padre em 1969. Quando volta para o Brasil, em 1970, numa época marcada pela conversão pastoral do Concílio Vaticano II, o trabalho missionário acompanha a mudança de uma “pastoral assimiladora” da cultura indígena para uma “pastoral libertadora” pela autodeterminação dos povos indígenas. O Brasil vivia sob a ditadura militar quando o governo promulga a Lei 6001/73 do Estatuto do Índio, que deveria delimitar as terras indígenas. Nessa altura, o salesiano Pe. Rodolfo integra o Conselho Indígena Missionário, organismo vinculado à Conferência Episcopal brasileira para a defesa dos direitos dos povos indígenas do Brasil. No dia 15 de julho de 1976, altura em que se iniciava a demarcação dos 82 mil hectares de reserva do território indígena de Merúri, o Pe. Rodolfo é morto por um grupo de proprietários de fazendas da região que se opunham ao projeto. Simão Cristino Koge Kudugodu (1937-1976), índio Bororo colaborador da missão salesiana, também é morto.

Entre as comunidades indígenas

O Reitor-Mor celebrou a Eucaristia no centro da aldeia, no local onde foram mortos. “Para mim foi uma emoção muito forte encontrar-me na terra dos Bororos, encontrar-me com os jovens Bororos e Xavantes que queriam viver juntos este momento, encontrar-me com irmãos e irmãs missionários que partilham a vida com eles e celebrar a Eucaristia no lugar do martírio daqueles que derramaram o sangue para os defender”.

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Num retrato apresentado em 2014 no Capítulo Geral 27 dos Salesianos, sobre a Missão Indígena do Mato Grosso, é dito que a população dos Xavantes e dos Bororos aumentou e ultrapassava as 20.000 pessoas, em 250 aldeias no território da Província Salesiana.

O testemunho dos dois Servos de Deus foi apresentado no Sínodo da Amazónia convocado pelo Papa Francisco em 2019. O processo de beatificação dos dois teve início em 2016. Decorre agora em Roma a elaboração da Positio super martyrium.

Fotografia: Missão Salesiana do Mato Grosso

Publicado no Boletim Salesiano n.º 603 de maio/junho de 2024

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