Pe. Giuseppe Miele: “O mais importante é a confiança”

O Pe. Giuseppe Miele deu a sua vida à África. Há quase quarenta anos que o salesiano de 70 anos, a quem todos chamam “D. Bepi”, trabalha em Madagáscar pelas crianças e adolescentes em condições desfavorecidas.

Fianarantsoa, que tem cerca de 170.000 habitantes, é uma das maiores cidades de Madagáscar. Muitas crianças e adolescentes vivem nas ruas da cidade.

“Os garotos da rua, na maioria dos casos, foram maltratados ou abandonados e esta situação familiar levou-as a viver na rua”, explica o salesiano.

Faniry era um deles. Vítima de uma violenta agressão, foi acolhido no Centro Dom Bosco. Sentiu-se seguro e protegido. Os Salesianos garantiram-lhe os cuidados médicos de que necessitava. Os trabalhadores do Centro Dom Bosco conheceram-no quando ele vivia nas ruas de Ankofafa, um bairro pobre na periferia de Fianarantsoa. Muito tempo antes de Faniry ter confiado neles. Finalmente, começou a participar todos os dias nas atividades do centro juvenil. No centro Dom Bosco podia comer e lavar-se. Aprendeu a respeitar os outros e a seguir as regras. Regras de solidariedade que não existem nas ruas. Finalmente, decidiu ir à escola e foi alojado numa casa com outros garotos da rua.

“Estamos em contacto com cerca de trinta garotos da rua e tentamos encetar um diálogo com eles. É muito importante que não os pressionemos, caso contrário eles vão-se logo bemora. Na rua, sentem-se livres. Para começar, dizemos-lhes que podem vir para comer ou para lavar as suas roupas”, conta o Padre Bepi. “Também temos camas que eles podem utilizar. Tudo é voluntário. Se estiverem interessados, ensinamo-los a ler e a escrever e podem depois frequentar as aulas na escola”.

Leia também  Angadikadavu, Índia: Alunos constroem casas para famílias necessitadas

Os Salesianos trabalham no bairro pobre de Ankofafa há quase 25 anos. Cerca de 15.000 pessoas vivem aqui em situação de pobreza extrema. Apenas dois por cento das famílias têm um rendimento regular. Muitas crianças trabalham para ajudar a sustentar as suas famílias. No entanto, cerca de 800 crianças e jovens frequentam diariamente o Centro Juvenil Dom Bosco para brincar e estudar. O centro juvenil oferece às crianças da rua, às crianças negligenciadas e às jovens mães solteiras programas de assistência e educação com a duração de dez meses, incluindo aulas de alfabetização, cursos de reintegração escolar, estudos assistidos e educação para a saúde. São também proporcionadas actividades desportivas, musicais e culturais. “Uma mudança positiva é que os pais estão cada vez mais conscientes da importância da educação. Por vezes, fazem grandes sacrifícios para que os seus filhos possam ir à escola. Não têm quase nada para comer porque têm de pagar as mensalidades escolares dos filhos”, explica o Padre Bepi.

Publicado no Boletim Salesiano n.º 581 de Julho/Agosto de 2020

Fonte: Texto adaptado de Boletim Salesiano Itália
Fotografias: Florian Kopp/Don Bosco Mission de Bona

Artigos Relacionados