Estudou Direito, Hotelaria e Ciências Políticas e, por fim, licenciou-se em Filosofia na Universidade Pontifícia de São Tomás de Aquino. Aos 27 anos, Bernard está em processo de discernimento da sua vocação. Está em Lisboa como voluntário na Jornada Mundial da Juventude e acredita que a experiência pode trazer o sentido de Igreja de que muitos jovens necessitam.
Gostaria de saber quem é, o que estudou e o que tem feito a nível profissional.
Sou um jovem suíço de 27 anos, formado em Filosofia na Pontifícia Universidade São Tomás de Aquino. Passei pelos estudos de direito, pela aprendizagem de cozinha num grande hotel de cinco estrelas e pelas ciências políticas. Também trabalhei brevemente num clube noturno, uma experiência muito enriquecedora para testemunhar a minha fé no meio do que poderia ser considerado o mais distante de Deus.
Nasceu na Suíça, viveu em França e estuda em Roma, trilogia perfeita da “sociedade da abundância”. Ainda assim os jovens podem encontrar Deus e participar na vida da Igreja? Eu não usaria o termo “sociedade da abundância” porque, no meio de uma sociedade de conforto, muitas pessoas (tal como eu no passado) são confrontadas com a pobreza, a falta de vida espiritual e as estruturas de pecado que nunca foram tão abundantes. É aí que existe a verdadeira miséria, a dos corações. Mas eu vi a ação da graça a atuar no meio de tudo isto. Tantos jovens envolvidos de coração ao serviço dos pobres, da educação das crianças das classes desfavorecidas e ao serviço da Igreja.
Já experimentou o “estar em saída”, num qualquer lugar pobre do mundo, como o Papa Francisco recomenda?
Sim e não, as partes pobres do mundo já estão entre nós no Ocidente, a riqueza não é a verdadeira riqueza e tenho a certeza que apesar de alguns países serem mais pobres, são mais ricos em vida espiritual e graças, como as Filipinas, por exemplo.
Que razões o motivaram a ser voluntário na JMJ?
Precisava de uma experiência que me abrisse aos outros, que me tornasse mais compassivo e que me permitisse conhecê-los realmente no seu meio.
Que funções exerce no Comité organizador da JMJ?
O meu trabalho é responder a qualquer tipo de pedido dos peregrinos ou dos voluntários que se candidatam para o Verão, orientá-los na sua inscrição, assegurar que poderão desfrutar de uma grande experiência com outros jovens católicos e conhecer Sua Santidade o Papa Francisco.
Militou ou participa em algum movimento católico juvenil?
Sim, estive durante muitos anos envolvido na minha paróquia, que organizava campos de férias para crianças que não tinham a oportunidade de ir de férias com os pais por razões económicas. Também fundei, há três anos, uma associação chamada Esprit de la Liturgie (Espírito da Liturgia), que promove a formação litúrgica e o regresso à beleza e à sacralidade na missa. Para além disso, sou escuteiro desde os oito anos de idade.
O escutismo foi para si uma escola de vida?
Aprendi muito sobre mim próprio, sobre como me tornar autónomo e cuidar dos outros. Ser um servidor, para os outros, para o nosso país, para a Igreja e para Cristo. Trouxe-me a questão sobre a minha própria vocação.
Interessante a resposta que acaba de dar. Posso perguntar–lhe se a experiência da JMJ vai ser decisiva para o discernimento da sua vocação sacerdotal?
Eu diria que sim, acho que a experiência de serviço e doação está no cerne do que faz um bom padre. Se um dia for chamado ao santo sacerdócio, quero ter isso sempre presente.
Acha que a JMJ vai impulsionar a vocação religiosa ou sacerdotal de muitos jovens?
Estes grandes eventos podem ser bons despoletadores para muitos que precisam de uma experiência espiritual que envolva o sensus ecclesiae, rezar e acreditar com a mesma fé, experimentar a comunhão e a unidade. É algo que pode tocar todos os corações e inspirar as pessoas a seguir Jesus Cristo na vida sacerdotal ou na vida religiosa.
Se pudesse falar com jovens, o que lhes diria para os encorajar a participar na JMJ Lisboa 2023? A primeira coisa que me vem à mente é a citação do Papa Bento XVI: “Nós cremos no amor de Deus — deste modo pode o cristão exprimir a opção fundamental da sua vida. Ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus caritas est, 1).
Fotografias: João Ramalho
Publicado no Boletim Salesiano n.º 599 de julho/agosto de 2023
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