Tem 37 anos e esta será a terceira JMJ em que participa. Éva Pál nasceu em Budapeste, é designer e colabora com a equipa da JMJ Lisboa 2023. Sente que como voluntária está a devolver à comunidade o melhor que recebeu da Igreja. É sua a imagem que decorou o palco da Missa de encerramento da JMJ no Panamá. “Queria que quando olhassem para a imagem sentissem o profundo amor que Jesus tem por nós, por todos nós. Jesus, de braços abertos, acolhendo todos”.
Nasceu em Budapeste. Que recordações tem da cidade e das suas gentes? Moldou a pessoa que é?
Nasci em Budapeste, cresci em Százhalombatta e Érd. Licenciei-me na Universidade Católica de Eger e comecei a trabalhar em Budapeste. Tudo isto acrescentou um pouco à minha vida, e tentei guardar as melhores memórias de cada lugar, para aprender alguma coisa.
Ainda viveu sob o regime comunista. Lembra-se de algum acontecimento que tenha marcado a sua infância?
A minha irmã nasceu em 1989 e foi batizada num “batismo silencioso”, porque na altura era impossível ter uma grande cerimónia de batismo. A minha primeira comunhão foi depois da mudança de regime.
O seu itinerário cristão teve altos e baixos. Como aconteceu a conversão?
A minha história é semelhante à história do Filho Pródigo. Na casa dos vinte anos, afastei-me de Jesus. Em 2013, com 28 anos, fui a Roma no Natal e assisti à Missa de Natal presidida pelo Papa Francisco. E foi quando me sentei no meio da multidão que senti tristeza por não poder comungar. Nesse momento decidi mudar a minha vida e os meus valores. Decidi que quando regressasse a casa iria confessar-me. A partir daí comecei a frequentar diariamente a missa e a rezar. Participei em muitas peregrinações e exercícios espirituais, o que me proporcionou uma experiência duradoura e uma verdadeira recarga espiritual. Deixei que Deus transformasse completamente a minha alma.
Já participou em duas Jornadas Mundiais da Juventude. E também já colaborou como voluntária na JMJ que se realizou no Panamá. O que a leva a prestar este serviço à Igreja?
Sim, em 2016, estive em Cracóvia pela primeira vez como peregrina na JMJ e fiquei profundamente impressionada. Quando soube que a JMJ do Panamá estava à procura de um designer gráfico voluntário, candidatei-me. O voluntariado é muito importante para mim. Sinto que estou a oferecer algo e a oferecê-lo livremente. Devolvo à comunidade de crentes, o melhor que posso, o que recebi das pessoas da Igreja. Recebi muito amor e carinho da Igreja. Posso dizer honestamente que lhes devo muito porque elas me apoiaram em tudo, mesmo nos momentos mais difíceis em que me senti mais só.
A três meses da realização da Jornada, quais são os principais desafios que tem sentido no trabalho que desempenha na organização?
Vim aqui com a esperança de poder utilizar a experiência que adquiri no Panamá. Assim foi. Não vejo esta situação como um desafio, porque todos são muito simpáticos e prestáveis. Já colaboro com a equipa há mais de um ano. Em novembro soube que havia a oportunidade de ficar aqui em Lisboa durante um período longo. Candidatei-me de imediato. Sabia que queria mesmo vir.
Na sua opinião, a JMJ cria impacto suficiente na vida dos jovens para os relançar na prática cristã?
Penso que a JMJ é a maior oportunidade para os jovens desta idade. Penso que ver e experimentar o poder da multidão cristã é uma experiência duradoura. São memórias que podemos recordar a qualquer momento e que nunca esqueceremos. Ajuda-nos a fortalecer a nossa fé.
Se pudesse falar com os jovens de todo o mundo, um por um, o que lhes diria, para os incentivar a participar na JMJ Lisboa 2023?
Podemos ser diferentes e até não falar a mesma língua, mas estamos unidos pelo amor de Deus, a nossa fé une-nos e o amor é tudo o que importa. Eu acredito que é Deus quem nos está a juntar, que nos está a atrair até aqui, a jovens de todo o mundo. É uma excelente oportunidade para nos conhecermos uns aos outros num meio como o nosso.
Que marca quer deixar nesta JMJ Lisboa 2023 e que imagem espera levar de Portugal e de Lisboa ao regressar à Hungria? Não estou aqui como turista ou peregrina, mas por Ele, por Jesus Cristo. Estou a servir a jovem comunidade cristã. Acima de tudo, quero levar comigo o amor da comunidade, os seus sorrisos e os seus abraços, a sua amizade quando regressar à Hungria.
Fotografias: João Ramalho
Publicado no Boletim Salesiano n.º 598 de maio/junho de 2023
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