Luis Carlos Cruz Duarte: “Recebi a bênção de Deus das mãos do Papa Francisco”

Nasceu na Colômbia, na cidade de Aguachica, numa família com “profundos valores católicos”. Fez formação vocacional com os Salesianos. Hoje, ainda integra o Movimento Juvenil Salesiano. Fez parte do pequeno grupo de jovens que foi recebido pelo Papa Francisco.

Fale-nos da sua infância, família, estudos e profissão.

Nasci a 24 de agosto de 1991 na cidade de Aguachica, na Colômbia. Tenho a sorte de ter uma família de profundos valores católicos, onde, desde criança, me foi incutida a ordem correta de atuação na sociedade. Os meus pais são ambos professores, o meu irmão mais velho é formado em Sistemas Elétricos e o meu irmão mais novo é estudante de Medicina. Somos uma família muito unida onde o diálogo e o amor entre todos é sempre essencial. Foi assim que nasceu o meu amor pelo serviço aos jovens. Estudei com os Salesianos de Dom Bosco, onde tive a sorte de ser consagrado salesiano durante cinco anos e de poder estudar Filosofia e aprender Design Gráfico enquanto estava no seminário. Depois de deixar a comunidade, estudei Produção Musical.

Pelo que acabou de dizer a sua ligação aos salesianos vem de longe. Quer falar-nos dela?

Claro. Estive nove anos em processo com os Salesianos, cinco dos quais como consagrado com votos temporários. Foram anos maravilhosos de formação. Continuo a colaborar na missão salesiana com uma forte ligação ao Movimento Juvenil Salesiano. Embora não seja consagrado, continuo a ter o coração salesiano, e, como dizia Juan Cagliero, “Frade ou não Frade, continuo com Dom Bosco”.

Enquanto salesiano, trabalhou nas “periferias” com os jovens pobres?

Nos meus anos de tirocínio, trabalhei com jovens muito pobres, principalmente no departamento de Chocó em 2013. Foi um ano de configuração missionária. Depois, em 2015, trabalhei com crianças e jovens de rua, com problemas de abandono e de toxicodependência, no Hogar San Juan Bosco em Arménia, na Colômbia. Quando terminei o meu processo como salesiano, pude, como leigo, ir para as missões salesianas no Camboja, onde, sem conhecer a língua khmer, pude ajudar os meninos pobres do internato da Don Bosco Technical School, na província de Kep. Foram dois anos maravilhosos de aprendizagem sobre a minha vocação, que é estar ao serviço dos que mais precisam.

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Centremo-nos na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. Já participou em alguma Jornada antes desta?

Participei na JMJ Panamá 2019 como voluntário central no call center. Foi a minha primeira JMJ e foi uma experiência maravilhosa de fé e de crescimento espiritual e humano para a minha vida.

O Papa Francisco afirmou que esta foi a Jornada mais bem organizada em que participou. O que sentiram os voluntários que há meses, e alguns há anos, dedicaram o seu tempo a esta enorme tarefa de trazer a Lisboa um milhão e meio de jovens?

Quando cheguei ao Comité Organizador Local, em fevereiro, encontrei muita gente a organizar tudo em prol de um bem comum, os jovens. Percebi que era um grande desafio poder contribuir com a minha parte para esta grande missão. Foram momentos de alegria, criatividade, fadiga, cansaço, amizade, partilha, e muito mais, e digo-o assim porque tanto os bons como os maus momentos foi o que tornou possível a JMJ a partir do nosso empenho como voluntários.

Dos vários encontros que o Papa Francisco teve durante estes dias, qual foi, na sua opinião, o mais emocionante?

A presença do Papa nas JMJ será sempre emocionante. No meu caso particular, tive a felicidade de ter participado no almoço do Papa Francisco com os jovens. Foram 45 minutos que me preencheram profundamente a alma, pude apresentar-me, apertar-lhe a mão, oferecer-lhe um presente, partilhar a minha experiência na JMJ e também partilhar muitos temas diferentes com os outros nove jovens que estavam nesse almoço. No final, recebi a bênção de Deus das mãos do Papa.

Há alguma coisa especial que gostaria de destacar da Missa de Envio?

O convite que o Papa fez a todos os jovens e aos presentes: “Brilhar, escutar e não ter medo”. Isso é muito real, pois muitas vezes o mundo ofusca-nos. É como o convite que Jesus faz aos seus discípulos para não terem medo. É essa a missão desta caminhada, de cada um de nós. Não ter medo, ir ao encontro dos outros, escutá-los, brilhar e viver a fé de uma igreja jovem e viva!

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Os jovens serão melhores pessoas e melhores cristãos ao regressarem aos seus países?

A JMJ é uma semente que cai e começa a germinar a partir do ambiente de cada jovem, e que os faz entender como melhorar a si mesmos para serem boas pessoas, bons cristãos, e eu gostaria de acrescentar, como diria Dom Bosco, para serem bons cidadãos, porque não se pode construir uma Igreja sem olhar para a sociedade, e não se pode construir uma sociedade sem olhar para dentro da Igreja; e cito uma frase que o Papa Francisco partilhou ao almoço: “Vocês, jovens, devem ser esperança. Sigam como o exemplo os avós, sejam esperança para uma sociedade mais justa e sonhem em construir uma Igreja aberta à sociedade”.

Fotografias: João Ramalho

Publicado no Boletim Salesiano n.º 600 de setembro/outubro/novembro/dezembro de 2023

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