Pois bem… faz duas semanas que a minha vida, a nossa vida, mudou. Faço hoje o balanço destes 15 dias…
Continuo a trabalhar, em teletrabalho e presencialmente para fazer cumprir o programa alimentar (PRO)porções Inversas do Serviço SolSal, onde fazemos a recolha dos excedentes alimentares em vários supermercados, que são depois distribuídos pelas famílias… Fazemos, eu e o Pe. Salvador José, SDB. Dou graças a Deus pela sua disponibilidade e também pela da Comunidade Salesiana de Évora. E dou também graças a Deus pelas Famílias SolSal. Vocês tornam-me melhor, fazem-me SER MAIS!
Nos dias de teletrabalho conto com o meu café depois da hora do almoço. Sim, sim! Mantenho o hábito de beber o “cafezito”, que em tempo de Quaresma é mais chá, e que bênção é poder fazê-lo com duas amigas, Inês Catarino e Sílvia Fonseca Chambino… Atenção! O café, ou chá, é bebido a partir das nossas casas através de uma videochamada onde nos rimos, cumprimentamos as famílias e contamos as novidades! Dou graças a Deus por estas amizades.
Também nestes dias não param as chamadas, as conversas, o trabalho, as reuniões por Skype, as sinalizações, as dúvidas e as partilhas com toda a equipa da CPCJ Évora. Dou também graças a Deus por este grupo de trabalho, de amigos, e dos grupos de corrida. Estes “novos” amigos, mas tão intensos, que todos os dias enviam centenas de mensagens que, confesso, e eles sabem bem, não leio metade, mas sabe tão bem sabê-los lá.
Durante o dia, as mensagens e conversas com o meu filho, que está em Lisboa e que não vejo há quase dois meses, de quem morro de saudades e preocupação por estarmos longe a viver esta pandemia. Amo-te filho daqui até á lua e dou graças a Deus pela tua vida!
E não esquecer os telefonemas realizados ao fim do dia a todos os familiares, as mensagens trocadas, o coração apertado pelos irmãos, cunhados, sobrinhos em locais de grande evolução da doença em Lisboa, em Londres, em Espanha… E a quantidade de amigos que estão na linha da frente, na área da saúde e outros, que todos os dias dão o seu “corpo às balas”… Que orgulho sinto de vocês e dou graças a Deus pela vossa capacidade de servir! Não esquecer também aos amigos que dão o que têm, que doam os seus alojamentos locais de forma gratuita a médicos… Meu Deus como vocês me acrescentam com o vosso exemplo, dou graças a Deus por vos ter na minha vida.
E agora partilho um dos momentos altos do meu domingo, dia em que, fruto de um certo cansaço de tudo isto, me sentia desanimada…
Nesse dia, à tarde, recebo uma mensagem: “Atende o telefone”. Respondi: “Não posso…estou a assistir à missa dos escuteiros”. “OK, deixei pendurado um saco no teu carro. Vai lá.” Pausei a cerimónia e fui… parecia urgente… Ao chegar ao carro, eis que havia uma mensagem maravilhosa e uma fatia de bolo quentinho. As lágrimas correram-me pela cara abaixo e dei graças a Deus pela amizade e pela Andrea na minha vida…
Em tempo de COVID-19, de pandemia, se tiverem paciência, vejam quantas vezes eu disse “dou graças a Deus”…
Porque não podemos ter tempo para amar e ser amados mesmo sem esta pandemia? Porque nos corre a vida sem darmos por isso. Hoje digo DOU GRAÇAS A DEUS pela minha VIDA pela família e pelos amigos! Eu acredito que no final vai ficar tudo bem!