Sexta-Feira Santa
A ENTREGA
Pai em tuas mãos entrego o meu espírito
Quando? Após a solene celebração litúrgica transmitida pelos meios de comunicação às 15h.
Como proceder? A família reúne-se na sala ou noutro lugar apropriado, tendo ao centro uma mesinha com uma vela acesa e um crucifixo.
Guia – Querida família, Igreja doméstica, quantas vezes passamos por momentos de dificuldade, por momentos em que parece impossível continuar? É esta a experiência que somos convidados a ter neste memorial. Os discípulos, os apóstolos, Maria, todos os próximos de Jesus se sentiram impotentes perante a cruz do Senhor. Que grande era aquela dor! Participamos nessa dor, pela nossa fé. Mas, diferentemente daqueles que viviam com Jesus, sabemos que a morte não vencerá. É isso que nos dá força para continuar. Sabemos que depois desta Sexta-Feira Santa, brilha a aurora do verdadeiro domingo, dia da vitória da vida sobre a morte. Unamo-nos a todos os que sofrem com a pesada cruz do Covid-19: infetados, famílias atingidas e isoladas, médicos, enfermeiros, trabalhadores essenciais e padres na linha de frente. Todos, incluindo nós, participamos na cruz de Jesus, na esperança de viver a sua vitória. Assim, unidos como família de Deus, queremos rezar.
Todos – Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen!
Leitor 1 – “Na Sexta-Feira Santa fazemos memória da paixão e da morte do Senhor; adoramos Cristo Crucificado, participamos nos seus sofrimentos com a penitência e com o jejum. Dirigindo «o olhar para aquele que trespassaram» (cf. Jo 19, 37), poderemos beber do seu coração dilacerado donde brota sangue e água como de uma nascente; daquele coração, donde brota o amor de Deus por todos os homens, recebemos o seu Espírito. Por isso, na Sexta-Feira Santa, acompanhemos também nós Jesus que sobe ao Calvário, deixemo-nos guiar por Ele até à cruz, recebamos a oferenda do seu corpo imolado.
Leitor 2 – Queridos amigos, procuramos compreender o estado de ânimo com que Jesus viveu o momento da prova extrema, para compreender o que orientava o seu agir. O critério que guiou cada opção de Jesus durante toda a sua vida foi a firme vontade de amar o Pai, de ser um com o Pai, e de Lhe ser fiel; esta decisão de corresponder ao seu amor levou-o a abraçar, em todas as circunstâncias, o projeto do Pai, a fazer Seu o desígnio de amor que Lhe foi confiado de recapitular em Si todas as coisas, para reconduzir tudo a Ele”. (BENTO XVI, Audiência geral, 20 de abril de 2011)
Todos – Meu bom Jesus, experimentamos a tua dor. Vivemos a tua cruz. Elevamos contigo a nossa voz, pois tudo é de Deus: Pai, em tuas mãos entregamos o nosso espírito.
Escuta da Palavra
Guia – O Senhor esteja connosco.
Todos – Ele está no meio de nós.
Guia – Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo segundo S. João.
Todos – Glória a vós, Senhor.
Depois de crucificarem Jesus, os soldados pegaram nas suas vestes e dividiram-nas em quatro partes, uma para cada soldado. A túnica era feita sem costura, uma peça só de cima a baixo. Eles combinaram: “Não vamos rasgar a túnica. Vamos tirar à sorte para ver de quem será”. Assim cumpriu-se a Escritura: “Repartiram entre si as minhas vestes e tiraram à sorte sobre a minha túnica”. Foi isso que os soldados fizeram. Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis aí tua mãe!” A partir daquela hora o discípulo recebeu-a em sua casa. Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede!”. Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa cana uma esponja embebida em vinagre e levaram-lha à boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
João 19, 23-30
Guia – Palavra da Salvação.
Todos – Glória a vós, Senhor!
(Momento de Silêncio)
Reflexão
Papa Francisco
Leitor 1 – “Domingo passado fizemos memória da entrada de Jesus em Jerusalém, entre as aclamações festivas dos discípulos e de grande multidão. Aquele povo colocava em Jesus muita esperança: muitos esperavam d’Ele milagres e grandes sinais, manifestações de poder e até mesmo a libertação dos inimigos ocupantes. Quem deles teria imaginado que, em vez disso, dali a pouco Jesus seria humilhado, condenado e morto na cruz? As esperanças terrenas daquele povo abalaram-se diante da cruz. Mas nós acreditamos que justamente no Crucificado a nossa esperança renasceu. As esperanças terrenas abalam-se diante da cruz, mas renascem esperanças novas, que duram para sempre. A que nasce da cruz é uma esperança diferente. É uma esperança diferente das que se abalam, das esperanças do mundo. Mas de que esperança se trata? Que esperança nasce da cruz?
Leitor 2 – Pode ajudar a entendê-lo aquilo que o próprio Jesus diz depois de entrar em Jerusalém: ‘Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto’ (Jo 12, 24). Pensemos num grão ou numa pequena semente, que cai na terra. Se permanece fechado em si mesmo, nada acontece; se, em vez disso, cai na terra, então dá vida a uma espiga, a um rebento, depois a uma planta e a planta dará fruto.
Leitor 3 – Jesus trouxe ao mundo uma esperança nova e fê-lo à maneira da semente: fez-se pequeno, pequeno como um grão de trigo; deixou a sua glória celeste para vir ao meio de nós: ‘caiu na terra’. Mas ainda não bastava. Para dar fruto, Jesus viveu o amor até o fim, deixando-se despedaçar pela morte como uma semente se deixa despedaçar sob a terra. Justamente ali, no ponto extremo do seu rebaixamento – que é também o ponto mais alto do amor – germinou a esperança. Se alguém de vós pergunta: ‘Como nasce a esperança?’. ‘Da cruz. Olha para a cruz, olha para Cristo Crucificado e dali virá para ti a esperança que nunca desaparece, que dura até a vida eterna’”. (Audiência Geral de 12 de abril de 2017)
(Momento de Silêncio)
Gesto Concreto
Guia – Jesus faz a sua entrega suprema na Cruz. Isso é um escândalo. Não bastava que Deus se tornasse homem, era necessário que esse Deus-homem morresse na cruz. Como é grande este mistério de amor. Em Cristo, na sua paixão e morte, tudo é consumado, tudo é redimido.
Todos – Jesus, morreste na cruz para nos salvar da morte eterna. Aceita a nossa adoração, aceita o nosso coração.
Guia – Queremos beijar, Senhor, a tua cruz, que nos liberta das nossas paixões. Beijamos, Senhor, a tua cruz, que destrói o pecado em nós. Beijamos o teu lado aberto, Senhor, que faz brotar em nós uma vida nova.
Todos – Queremos beijar a tua paixão, pois tu és o nosso Tudo. Queremos beijar-Te, Jesus, Senhor da nossa vida, esposo de nossa alma.
Em adoração silenciosa, todos se colocam de joelhos por instantes diante da imagem do Senhor crucificado. Após um momento de contemplação, retoma-se a posição anterior. Em seguida, todos rezam:
Todos – Ó meu Jesus, dai-me a vossa força quando a minha pobre natureza se revolta diante dos males que a ameaçam, para que possa aceitar com amor as penas e aflições desta vida de exílio. Uno-me com toda a alma aos vossos méritos, às vossas dores, à vossa expiação, às vossas lágrimas, para poder colaborar convosco na obra da redenção. Dai-me força para fugir do pecado, causa única da vossa agonia, do vosso suor de sangue e da vossa morte. Afastai de mim o que Vos desagrada, e imprimi no meu coração com o fogo do vosso santo amor todos os vossos sofrimentos. Abraçai-me tão intimamente, em abraço tão forte e tão doce, que nunca eu possa deixar-Vos sozinho no meio dos vossos cruéis sofrimentos. Só desejo um único alívio: repousar sobre o vosso coração. Só desejo uma coisa: partilhar da vossa Santa Agonia. Possa a minha alma inebriar-se com o vosso Sangue e alimentar-se com o pão da vossa dor! Amen. (S. Padre Pio de Pietrelcina)
Guia – Continuemos a nossa oração implorando a vinda do Reino de Deus: Pai nosso…
Oração
Guia – Ó Deus, pela paixão de nosso Senhor Jesus Cristo destruístes a morte que o primeiro pecado transmitiu a todos. Concedei que nos tornemos semelhantes ao vosso Filho e assim como trouxemos pela natureza a imagem do homem terreno, possamos trazer pela graça a imagem do homem novo. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos – Amen!
Bênção final
Guia – O Pai de misericórdia, que nos deu um exemplo de amor na paixão de seu Filho, nos conceda, pela nossa dedicação a Deus e ao próximo, a graça da sua bênção.
Todos – Amen!
Guia – Cristo, cuja morte nos libertou da morte eterna, nos conceda receber o dom da vida para sempre.
Todos – Amen!
Guia – Tendo seguido a lição de humildade dada por Cristo, participemos igualmente na sua ressurreição.
Todos – Amen!
Todos – Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen!
