O Pe. João Vieira completou 90 anos no dia 15 de fevereiro e foi homenageado por toda a comunidade escolar. No sábado seguinte, dia 18, foi a vez de os Antigos Alunos Salesianos da Madeira lhe prestarem merecida homenagem.
A meia tarde, todos expressavam o seu contentamento por poderem ter estado, lado a lado com o Pe. Vieira, como todos o conhecem, primeiro ouvindo-o, após a homilia, relatar o seu percurso de vida, desde as peripécias de infância, à descoberta da vocação, passando pela entrada para o colégio salesiano de Mogofores e a sua ordenação sacerdotal, até à vinda para a Madeira. O Sr. Pe. Armando Monteiro, então Provincial, perguntou-lhe se queria vir para o Funchal, ao que respondeu, de imediato: “Estou pronto!”. De seguida, questionou o Provincial: “Por quanto tempo?”. A resposta foi que era uma situação provisória, para aí uns dois anos. A verdade é que já está à beira dos 60 anos nesta terra, que diz sua. Depois, foi tempo de parabéns, abraços e palavras sentidas de reconhecimento. Fez-se a foto de família, misturou-se conversa e um aperitivo, antes do almoço e do convívio, que se estendeu tarde adiante. Os antigos alunos salesianos, mentores desta homenagem, compareceram em muito bom número e puderam também privar, mais uma vez, com o sr. Pe. Rosa (atualmente nos Salesianos do Porto) e com o sr. Pe. Artur Pereira, Provincial Salesiano de Portugal. Nos quase 60 anos que passou na nossa ilha, granjeou admiração, respeito e fama. Só se falou do sr. Pe. Vieira, que se destacou como grande professor de matemática (os seus alunos tiravam sempre as melhores notas nos exames realizados na escola oficial), grande jogador e mestre de xadrez, e por acompanhar os jovens no pátio, sempre disponível para uma breve explicação de matemática ou para motivar, com uma palavra meiga e encorajadora. Um Homem tranquilo e sensível que, neste dia de homenagem, por uma ou duas vezes, nos pôs a lágrima no canto do olho. Alguns deixaram-nas cair, de emoções incontidas. Mas alegres, pela partilha de momentos em que um homem grande, sempre visível, mas discreto e em fuga permanente das luzes da ribalta, abriu o coração aos seus amigos, expôs-se aos holofotes e permitiu que o víssemos por dentro. Emocionado, de voz embargada, em certos momentos, agradeceu a Maria Auxiliadora tê-lo guiado pela vida.
Ao fim da tarde, no regresso a casa, após ouvir de todos referências à bela festa, só me vinha à mente a cantiga “Tanto mar”, de Chico Buarque, e lá vim cantarolando:
“Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guardo um cravo para mim”.