Fecha os olhos e pensa numa enorme porta, tão alta que quase toca o céu. Esta porta, feita de madeira, marcada pelo tempo, transporta as impressões de inúmeras mãos que já a empurraram. Por um instante, hesitas atravessá-la, perguntando-te: “O que existe do outro lado?”
Esta não é uma porta qualquer. É um convite a um novo caminho, a uma peregrinação interior em que a esperança se torna âncora e guia. Abrir esta porta exige grandiosidade e, principalmente, coragem. Coragem para libertar o coração do passado, das feridas e das dúvidas que o amarram. O Jubileu é um tempo de reconciliação, um momento sagrado de perdão. Quem ousar atravessar esta porta descobre uma vida iluminada por possibilidades, onde cada passo dado é uma afirmação de fé no que ainda está por vir.
Todos carregamos portas invisíveis dentro de nós que trancam sonhos adiados, gestos de amor reprimidos, oportunidades de servir, que são deixadas para trás. Mas este Jubileu é um apelo a destrancar essas portas. Não importa se te sentes pequeno ou frágil. Acredita: três batidas – firmes, decididas – podem transformar o teu mundo.
Do outro lado da porta está a esperança, mas não uma esperança imóvel, passiva. É uma esperança inquieta, ardente, que te desafia a ser luz para os jovens, força para os débeis, refúgio para os migrantes, amparo para os idosos e pobres. Ao atravessá-la, não vais de mãos vazias, levas contigo os teus sonhos, a força para os realizar e a missão de inspirar outros a abrirem as suas próprias portas.
O Papa Francisco lembrou-nos que, ao abrir a Porta Santa, cada batida ressoa como um eco de esperança no mundo. Atravessar essa porta é dizer sim à Vida. É reconhecer que todos somos peregrinos neste mundo e que, juntos, podemos reconstruir o que foi quebrado, sarar feridas e abrir novos horizontes.
Podes perguntar o que há do outro lado, mas lembra-te: não é apenas um destino, é uma transformação. É o reconhecimento de que até os mais pequenos gestos de bondade podem mudar o mundo. E, acima de tudo, é a certeza de que não caminhamos sós. Como uma estrela no céu noturno, Nossa Senhora guia-nos, mostrando-nos que a fé é a bússola que nos orienta, e o amor, a força que nos impulsiona.
E tu, diante desta porta, que decisão tomarás? Ficarás parado na incerteza ou ousarás dar o primeiro passo? O Jubileu desafia-te a ir mais longe, a amar com mais intensidade, a acreditar com mais profundidade. Esta não é uma porta qualquer. É a tua porta. E agora, cabe-te a ti atravessá-la. O futuro pertence a quem tem a coragem de atravessar a porta que abre para a Esperança.
* Diretora Pedagógica dos Salesianos do Estoril
Ilustração: Sónia Borges
Publicado no Boletim Salesiano n.º 608 de março/abril de 2025
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