“Neste mundo líquido, é necessário voltar a falar do coração; indicar onde cada pessoa, de qualquer classe e condição, faz a própria síntese; onde os seres concretos encontram a fonte e a raiz de todas as suas outras potências, convicções, paixões e escolhas” (n. 9).
No decorrer dos séculos, em determinados momentos históricos, a humanidade adotou símbolos que são hoje sinais universalmente reconhecidos.
Se há símbolo que seja espelho fiel da humanidade frágil e necessitada, ferida e em caminho, forte e resiliente, solidária e próxima é certamente o coração. É nele que “qualquer pessoa faz a própria síntese”, diz o Papa na Carta Encíclica Dilexit nos sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus. E tanto é verdade que há poucos meses, milhares de espanhóis, centenas de voluntários portugueses, cidadãos de diversos países e até de outros continentes, diante de uma das maiores tragédias climáticas, acorreram a Valência, por imperativo do coração para socorrer o próximo implorante de socorro e de ajuda.
O coração, entendido biblicamente, como sede de liberdade e de decisões importantes da vida, é símbolo de integridade e de unidade, que evoca afetos, desejos e sonhos revelando que ele é lugar interior de encontro com Deus.
É preciso afirmar, diz o Papa, “que temos um coração e que o nosso coração coexiste com outros corações que o ajudam a ser um «tu». […] É o coração que origina a proximidade; é pelo coração que me encontro junto dos outros e os outros estão igualmente junto de mim. Só o coração pode acolher, dar refúgio” (n. 12).
A humanidade tem necessidade desta experiência de amor social, desta solidariedade entre gente que não se conhece, que não é conterrânea, mas que tem coração e que sabe abraçar os que estão em sofrimento.
Importa redimensionar estes sentimentos nobres de compaixão que nascem do Coração de Jesus: “Contemplando o Coração de Cristo, reconhecemos como nos seus sentimentos nobres e sadios, na sua ternura, no vibrar do seu afeto humano, se manifesta toda a verdade do seu amor divino e infinito” (n. 64).
Não deixemos de ouvir os apelos do nosso coração. A qualidade da escuta interior determina a qualidade da resposta.
Publicado no Boletim Salesiano n.º 607 de janeiro/fevereiro de 2025
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