Realizado pelo cineasta Raúl de la Fuente, e filmado, integralmente, em Santo Domingo, na República Dominicana, o documentário “Canillitas”, apresentado pelas Misiones Salesianas, pretende dar a conhecer situação de indefensabilidade e os riscos sofridos pelos menores que trabalham nas ruas daquela cidade.
O documentário foi apresentado nos Salesianos de Lisboa, Manique e Estoril.
Através das histórias, narradas na primeira pessoa, de Moisés, Cristóbal, Edwin, Aquiles, Kioranny e Abril, em “Canillitas” são apresentados os problemas do quotidiano, as situações de desigualdades que enfrentam e tudo o que os menores fazem para ajudar as suas famílias, enquanto se expõem aos perigos de trabalhar nas ruas da capital das Caraíbas.
Realizado pelo cineasta espanhol Raúl de la Fuente (vencedor de três Prémios Goya), o documentário, que foi já exibido em várias cidades da Europa, passou também por Portugal, nos dias 11, 12 e 13 de outubro, e foi apresentado nos Salesianos de Lisboa, Manique e Estoril, aos alunos do Secundário, aos membros da Família Salesiana, bem como aos Benfeitores da Missão Don Bosco.
A acompanhar a exibição estiveram Karen Montás, educadora e diretora do programa “Canillitas con Don Bosco”, em Santo Domingo (República Dominicana); Moisés Liranzo; um menor trabalhador e beneficiário do programa “Canillitas con Don Bosco”; Juan Linares, missionário salesiano e fundador do programa “Muchachos y Muchachas con Don Bosco”; e Alberto López, porta-voz das Misiones Salesiansas e produtor do documentário.
Uma mudança com sentido
Graças à ação do programa “Canillitas con Don Bosco”, a vida de alguns dos jovens que trabalhavam nas ruas alterou-se por completo. Ir à escola tornou-se uma prioridade. Tal como afirmou Karen Montás, na apresentação aos alunos, que teve lugar nos Salesianos de Lisboa, “O trabalho salesiano muda, transforma”.
Já Moisés Liranzo, um dos protagonistas do documentário, quando questionado, por um aluno, sobre como reagiu a sua família a esta mudança na sua vida afirmou: “a minha família ficou muito feliz, em especial a minha mãe, porque deixei de trabalhar na rua e passei a ir à escola”.
O documentário pode ser visto no canal YouTube das Misiones Salesianas.
Testemunhos que tocam
Para Carmo, uma das alunas que teve oportunidade de ver o documentário, o mais interessante foi poder ficar a conhecer o “dia a dia das crianças”, o que fez com que sentisse uma “maior proximidade”. Na sua opinião, o facto de Moisés ter vindo a Portugal, dar o seu testemunho, foi muito importante pois ficaram a conhecer uma “realidade diferente”.
“É necessário receber estas mensagens, estes apelos e achei interessante a forma como foi apresentado e como tivemos a oportunidade de conhecer um pouco mais, através de um testemunho, este tipo de situação”, sublinhou a aluna.
Já para Madalena, o trabalho dos Salesianos na República Dominicana foi, verdadeiramente, “inspirador”.
Por sua vez, Inês referiu que o que mais a tocou foi “perceber como a minha vida é boa, comparativamente à de outras realidades tão mais difíceis”, para a aluna é muito triste que estas realidades nem sempre cheguem “aos olhos de todos”. Inês concluiu, “devo estar eternamente grata por tudo o que tenho”.
Afonso, gostou muito do documentário. O que mais o impressionou foi o facto de crianças como o Moisés, com o passado que tiveram e os momentos assustadores que experienciaram, graças ao apoio e à intervenção dos Salesianos, com o projeto “Canillitas con Don Bosco”, poderem agora “contar a sua história” e mostrar como estão a “dar a volta às suas vidas com a ajuda das grandes pessoas participantes no projeto”.
A visão de quem está envolvido no projeto
Karen Montás; Moisés Liranzo; Juan Linares; e Alberto López, que estiveram a acompanhar a exibição do documentário, em Portugal, sentiram-se, verdadeiramente, “acolhidos e em família”.
Na opinião de Alberto López, porta-voz das Misiones Salesiansas e produtor do documentário, em todos os locais que visitaram conseguiram sentir o “verdadeiro espírito salesiano”. “Nos diferentes colégios onde estivemos respirava-se alegria, respeito, amizade”, conclui.
Durante as apresentações do documentário, o que mais impressionou a comitiva foi, nas palavras de Alberto, “o silêncio e o respeito dos alunos”, bem como “todas as perguntas que foram feitas”. Para além disto, foi também bastante comovente ver que muitos alunos chegavam mesmo a “emocionar-se”.
Moisés, destacou o acolhimento e o cuidado de todos, que quiseram estar com ele, brincar com ele nos pátios e até convidá-lo para uma refeição fora dos muros dos colégios.